Maria Cecilia Graner Fessel
Pelas mãos de um serafim de seis asas
Tento alcançar seus ares rarefeitos
Mas a leveza celestial me atrasa
É incompatível com meu cérebro imperfeito.
Tenho medo de afogar-me, tenho medo
Da celestial leveza desta atmosfera
Que me arrasta, me seduz, me asfixia,
Prometendo desvendar-me o seu segredo.
Assusta-me também deixar as águas rasas
E mergulhar nessa amplidão de amor,
Mas tanto anseio partilhar desse fervor
Que mal percebo meus pulmões em brasa!
Não posso alongar mais tão doce espera
Arrisco-me a virar casca vazia
Ou alma insatisfeita, a vaguear vadia
A me perder em múltiplas quimeras.
Ah, minh’alma, empreende logo a espiritual
jornada
Abandona o fardo desta fria mente
Que te prende, te segura e te desmente:
Vai
buscar a tua imagem projetada
Aconchega-te no colo doce e terno
E usufrui do imenso amor do Pai Eterno!