O
RIO
Ludovico da Silva
Absorto e parecendo sonhar,
me chamou a atenção uma voz macia e doce que me despertou para a realidade à
minha volta.
Estava sozinho naquele
abandonado espaço vazio e onde meus olhos alcançassem nada me detinha, como na
alegre paisagem que ficou, mas vislumbrava uma profunda e infinita tristeza.
Seria um fantasma a provocar
um sentimento no fundo de minha alma?
Vi fios grossos e escuros
escorrendo pelos vãos das pedras, exalando odor que manchava os ares. Observei
as margens e o leito mutilados.
Custou-me acreditar. Mas
esse não é o rio do meu passado.
Instituto de
Educação Sud Mennucci
Cássio Camilo Almeida de Negri
Houve um tempo em que a escola Sud
Mennucci era a melhor de Piracicaba.
Para cursá-la, havia até uma prova
chamada de exame de admissão, uma espécie de vestibular para entrar no ginásio
após o quarto ano de estudos primários. O curso do ginásio ia até o científico,
clássico ou normal. Durariam sete anos se o
aluno não fosse reprovado. O estudo
era rigoroso e disciplinado.
Os professores eram bem formados,
exigentes, e não titubeavam em dar nota baixa ou reprovar quem não soubesse a
matéria.
Professores como Arquimedes Dutra,
Benedito de Andrade, Salles, Evaristo, Mellita Brasil, Rossini Dutra, Zelinda,
Costinha, Argino, Demosthenes, Godoy e tantos outros, aos quais devo muito e
agradeço.
As chamadas orais nos faziam ficar
ansiosos e torcendo para que nosso número não fosse sorteado.
Deixaram saudades as feiras científicas
do professor Demosthenes. Tempo em que tínhamos mais deveres e menos direitos,
e hoje agradeço por ter tido tantos deveres.
Quantas saudades! Não sei se do Sud Mennucci ou de minha juventude...
O
Rio onde o peixe para...
Lídia Sendin
Se o peixe para é porque quer ver
a beleza do rio, eternamente renovada pelas borbulhas
deslizando para o mar. O rio entorta no caminho do sol. Parece ser o seu fim,
mas antes de sumir deixa ver suas beiras sinuosas e árvores encarapitadas,
arredondadas, volumosas. Tudo fica laranja no fim da tarde.
O por do sol emoldura o concreto
pintando de ouro o céu de anil, em suas margens as árvores despejam suas flores
tecendo tapetes de vários tons, mostrando que o equilíbrio ainda é possível.
As ralas e transparentes nuvens
do poente deslizam no horizonte. É o lugar onde o rio de ouro do céu encontra
as águas amarelas do rio dourado.
O sol não arde mais, suas réstias de luz que
aqueceram a tarde mergulharam na Curva do Rio e suas águas guardarão esse
tesouro.
UM MOMENTO HISTÓRICO
Lino
Vitti - Príncipe dos Poetas de Piracicaba
Pára.
Contempla o salto. Oh! Que deslumbramento!
Final
feliz de um sonho, aliado a uma esperança.
Findava
a viagem, sim. Que histórico momento!
Capitão
Povoador! Piracicaba, criança!
Seu
olhar percorreu as colinas. O vento
Sussurrou-lhe
: “é aqui, Sem mais tardança,
Funda nova cidade;
olha o céu que portento!
Olha
o salto, olha tudo, que abastança!...”
Histórico
momento. A Noiva da Colina,
Foi
ao salto buscar seu véu tão lindo,
Beijou
o Capitão como feliz menina.
Cresceu...
Meus parabéns. Teu povo vai seguindo
Tudo
quanto de bom Deus lhe destina...
Ela
faz anos hoje, e , certo, está
sorrindo...
Andre Bueno Oliveira
Noiva: neste teu aniversário,
O teu “Salto” me lembra o Calvário
Irrigado por uma ribeira...
Venho hoje em teu dia de festa,
Acalmar meu rancor que protesta,
Dar-te um beijo na face e na testa,
Agradar-te da melhor maneira!
Com todo meu carinho, te abraço,
Orgulhoso por ter um espaço
Lá no fundo do teu coração.
Isso mesmo! Apesar de nascido
Num recanto no mapa perdido,
LIRACICABA
Silvia de
Oliveira
De repente
um orgulho
danado
de ser de Pira
de ser caipira!
Em direção ao
rio
todo olhar se
fia-
pura mescla
de peixe-espuma
e porto-poesia
Quando longe
a saudade pia...
há o som da
viola,
do vento na plantação...
Em teu peito,
minha terra,
povoa dor e
alegria,
avanço e
retrocesso,
desde sempre és
a lira.
Orgulho danado
de ser tua
filha!
TIMIDA CAPELA DE MONTE ALEGRE
Marilda
de Luccas Sampronha
Tímida,
tu moras bem no alto,
onde
ainda não chegou o asfalto,
porta
e janelas pequenas, um projeto divinal.
És
tu uma capela perfeita, não conheço outra igual.
Cá
embaixo, o jardim tristonho,
parece
acordar de um sonho,
não
há casais, crianças, nem velhinhos conversando...
Uns
bancos descorados, um lago e flores secando!
Duas
estátuas de bronze, simbolizavam o poder!
Para
onde as levaram, não se sabe...
Restaram
lugares vazios, onde só a saudade cabe,
pobre
jardim sem vida, por que vieste a
morrer?
Sob
o céu límpido e sereno,
tu,
capelinha fechada, pareces estar preocupada.
O
sino está esquecido, o coral emudecido, já não há ninguém a rezar,
os
bancos estão vazios, nem há velas em seu altar.
Vem
capelinha querida, desce e vem até mim!
Empresta
as asas dos anjos, vem pousar no jardim.
Faremos
uma caminhada, uma pequena procissão...
Atrás
de nós, virá o jardim deixando marcas de saudade pelo chão....
1767
Esio Antonio Pezzato
E um Paiaguá caminha esta tão fértil Terra.
O Salto regurgita em hinos de esperança,
No mato uma araponga estridulante berra.
Quebra-se a calmaria e tem final a dança.
Desconhecido olhar frente à paisagem erra.
Um destemido passo a mata adentro avança,
A tribo toda se une e arma-se para a guerra.
Sobre a calma do Rio as pirogas audazes
Chegam rapidamente à barranca portuária
Conduzindo em seu bojo homens fortes, capazes.
- "À margem, à direita!" A voz é poderosa.
E com forte comando e paixão visionária,
Neste chão planta os pés o Povoador Barbosa!
RIO DE PIRACICABA
Esther
Vacchi Passos
Nosso
rio mais limpo
Sem
cheiro de poluição
Aves
em pedras sem limbo
Chegando
a ser atração
Eu
quero
Na
piracema ver os peixes
Saltar
em água límpida
E
as borboletas multicores
Em
volta de flores lindas
Eu
quero
Carícias
de sua brisa
Envolvendo-me
em frescor
O
véu branco da noiva deslizando
Unindo-se
nas águas sem odor
Eu
quero
Junto
ao rio céu azulado
Sem
poluição de queimada
Deixando
o poeta inspirado
Fazendo
versos para a sua amada.
PIRADO POR PIRA
Julio
César S. Rosa
Sempre
pirado por Piracicaba
Aqui
moro, aqui sempre vivi
Sou
muito apaixonado por ti
Enamoro
porque te adoro
Só
aqui me acabo
RUA DO PORTO
Sonia
Amaral
Com
suas antigas moradias
A
Rua do Porto
Vem
mostrar o encanto
Que
a todos irradia.
A
bela chaminé
Da
saudosa olaria
Traz
muita lembrança
E
também muita alegria.
Os
modestos restaurantes
Fazem
seus pratos com capricho
Acolhem
o povo com amor
Demonstrando
simpatia.
SEU
NOME: RUA BOA MORTE
Leda
Coletti
Já teve bonde ziguezagueando
nos paralelepípedos,
que chegavam até
à estação do trem, lá na Paulista,
cenário de
partida dos soldados
da Revolução
Constitucionalista.
Rua que acolhe e
educa estudantes
nos Colégios
Piracicabano e Assunção,
que tem na área
central
Santo Antonio na
Catedral,
protetor dos
namorados,
em 13 de junho
comemorado.
Do alto dos seus
prédios, vê-se à tardinha
reflexos
dourados do sol no rio Piracicaba,
se despedindo
atrás das colinas.
À noite, a lua
cheia esplendorosa,
rodeada de
estrelas meninas,
com seu brilho,
a faz mais formosa.
E, Nossa Senhora
da Boa Morte
com seu manto
azul celeste
abençoa a cidade
e lhe dá muita sorte!
DESABAFO DE UMA CAIPIRA
Daniela
Daragoni Alves
Carrego
comigo o sotaque
Do
lugar que nasci e me viu crescer
O
mesmo sotaque das pessoas que mais admiro
Pessoas
que me deram a vida e lições que jamais vou esquecer
Carrego
comigo esse sotaque caipira
Marca
de um povo simples e batalhador
Sotaque
de um lugar que leva o mesmo nome de um rio
Que
tem à sua margem a casa do povoador
Cidade de gente humilde e feliz
de
lugares inesquecíveis, como a Rua do Porto, o Engenho Central
Terra
de uma tranquilidade ímpar
Que
nunca vi igual
Carrego
comigo esse sotaque que muitas vezes é confundido
Com
falta de instrução e até de inteligência
Um
caipira muitas vezes é julgado injustamente
Por
pessoas que o consideram uma pessoa boba, fácil de enganar e cheia de
inocência.
Carrego
comigo esse sotaque simples
Fui
muitas vezes motivo de piada
Por
pessoas que se acham “inteligentes” o bastante para rir do meu povo
Mas
que escolheram a minha linda cidade para construir suas casas
E
se para ser respeitada por essas pessoas
Eu
tiver que negar as minhas raízes e o lugar que me viu nascer,
Continuarei
sendo o que sou, caipira de Piracicaba
Por
toda a vida...até morrer!
ORAÇÃO A PIRACICABA
Hugo
Pedro Carradore
Bendita,
oh! Terra Minha, de filhos ilustres e tradições gloriosas,
Piracicaba,
hino de amor, emoção e promessas ditosas...
Amo-te
pelo esplendor de tua beleza,
pelo
teu rio que serpenteia e cai em cachoeira de espuma branca,
onde
o arco-íris nasce num véu de tanta pureza.
Amo-te
pelo riso de tuas crianças, pelo encanto de tuas avenidas,
Pelas
tuas paisagens e pelos teus amores.
Amo-te,
pelas gotas de orvalho, lágrimas das noites piracicabanas,
Caídas
nas pétalas das tuas flores.
Amo-te,
pelo sangue de teus filhos derramado, mortos na luta de 32,
heróis
venerados do berço pátrio.
Amo-te,
quando levanto os olhos para o céu,
e
vejo lá no alto do Bom Jesus, de braços abertos,
o
Cristo abençoando teus filhos que
penetram o sagrado átrio.
Amo-te,
pelo verde magnífico dos teus canaviais,
pela
tua indústria, que é uma sinfonia de progresso.
Amo-te
nos versos dos teus poetas
E
na saudade de teu filho egresso.
Recebe,
oh! Cidade terna, esta singela oração!
Mãe
e noiva, que as palavras cheguem a ti, como a serenata de um violão,
nas
madrugas brindadas pelo beijo das estrelas.
Noiva
eterna namorada, pelo teu resplandecente véu,
Que
eu expire em paz, sob o teu sagrado chão, tendo como mortalha o teu céu.
Amém.
ENCANTOS
DA MINHA TERRA
Ivana
Maria França de Negri
Da
Esalq e do Engenho, tão belos
Das
cascatas formosas
E
das pamonhas famosas
Terra
da boa gente
E
da pinga ardente
Do
engraçado linguajar caipira
Carinhosamente
chamada de “Pira”!
O PIRACICABA DOS PAIAGUÁS
Francisco
de Assis Ferraz de Mello
Quanto
crime ante Deus, de pensar me comovo:
Agoniza
este rio que alimentou meu povo.
Quem
pode imaginá-lo, um dia, colossal,
Bufando
na floresta de um sol tropical?
Quem
pode imaginar que, um dia, em suas margens,
Dos
mansos animais até as onças selvagens
Foram
beber sua água, enquanto a passarada
Ensaiava
uma orquestra ou partia em revoada?
No
salto ele rolava altivo, encapelado, sobre o basalto negro, alteando um forte
brado
Que
acordava o sertão de séculos atrás.
Abaixo,
no remanso ou, então, nas corredeiras,
Passavam
as canoas em bandos, ligeiras,
Levando
para a guerra os índios paiaguás.
PIRACICABA, O ESPÍRITO DO LUGAR
Carmen M.S.F. Pilotto
As
águas recortam odores e paisagens
de
uma cidade que incorporei em minha alma
no
lusco-fusco da ponte pênsil
nas
ribanceiras apinhadas de pescadores
na
chaminé do Engenho que rasga a Urbanidade
Na
pracinha os velhinhos com os carrinhos de passeio
transportam
guris, empresários do futuro
e
as pombas arrulham histórias das dinastias
entremeadas
com o metalúrgico que ali caminha.
Mas
é nos bares que a cidade se revela
nas
caninhas sorvidas em meio às angústias
nos
chopes compartilhados com amigos
nos
petiscos que marcam sabores e veleidades.
Somos
partículas do ambiente em que vivemos
força
viva do planeta que coabitamos.
Nosso
espírito está tatuado no espaço
virtualmente
presente nos fluídos cósmicos.
RUA DO PORTO
Aracy
Duarte Ferrari
Íntimo
ardente
Noite
enluarada
Avenidas
luzentes
Árvores
resplandecentes...
Os
pássaros chilreando
Recompõem
a melodia.
A
prosa, a poesia
Atingem
o seu clímax.
O
rio circunda
A
cidade e o coração.
As
águas correm...
Rutilantes
ao reflexo da lua.
Ondas
abundantes
Observadores
atentos
Inspirados
na quietude
Reflexões
distantes.
Uma
estrela cadente
Risca,
de repente
O
firmamento
Para
meu sobressalto.
Cidade
linda!
Sônia Amaral
Como
é maravilhoso falar de Piracicaba.
Cidade
que acolhe a todos que aqui chegam.
Piracicaba
que cresce dia a dia
Expandindo
os bairros em todos os pontos:
Norte,
Sul, Leste e Oeste.
Onde
o rio que corta a cidade
Mesmo
com pouca água
É
o ponto querido por todos.
Rua
do Porto continua exuberante.
Amo
Piracicaba!
Parabéns
,por mais um aniversário