Olivaldo Júnior
Começaria o Carnaval sexta-feira, à noite, e só o daria por encerrado ao meio-dia da Quarta-Feira de Cinzas.
Não tinha como dar errado. Moço ainda, pintou sua cara, vestiu-se à caráter e se fez um Pierrô. Aquela lágrima triste pintada em relevo. "Não, não sei se devo...". Deve. Pinta sua cara, amigo, e que a Colombina o queira! Colombina? Onde estaria ela? Num baile qualquer (no que ele estaria), num filme bem velho, nas ruas antigas, no tempo remoto da delicadeza. Onde o Chico para nos cantar uma marchinha? Não sei. Só sei que o moço sairia logo em busca da flor, da única rosa que o quer bem: a dele. Haveria mesmo essa tal de tampa da panela de que os mais velhos falavam? Hoje há mais tampa que panela, né?
Bem, ele estava decidido. Vestiu-se todo para isso. Ei! A marchinha ao longe não me deixa mentir! Vai, "menino", vai para o seu sonho! Colombina está na esquina! Arlequim? Sai já de mim! Pega o seu lugar no bloco, desbloqueia a mente e tenha fé. "Quem é você / Adivinha se gosta de mim"... É o Chico, rapaz, vai lá! Que os mascarados sejam por você! Eu, daqui de cima, o vejo ir. Está bonito. Quisera eu ter seu porte alegre, seu compromisso com o próximo beijo, com a próxima lua em seus braços! Palhaço, não achei minha "mina", a Colombina, minha alma, e voo só. Boa sorte, amigo! A noite não é mais uma criança. É uma rua de esperança sob os pés de quem não dança: ama.