As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

domingo, 1 de dezembro de 2024

Acão Evangelizadora

 


(Matriz Santa Cecilia-Presidente Alves)

Aracy Duarte Ferrari

Mulheres fortes, carismáticas

Plantam na matriz de Presidente Alves

Sensíveis e profundas sementes
Com tempo de espera soberanos
Depois produziram...

Plantas que resistirão anos.

Exemplos relevantes
Afugentam, percalços e cansaços
Atraem louvores vibrantes

Não há desânimos nem espinhos
Assemelham-se a modelos de aço

Trilha do verdejante caminho.

Clamam...

Comunidade, aconchegue-se ao plantio
A Padroeira Santa Cecilia vos abençoará

As sementes reproduzirão dez por mil
Para tua descendência, este bálsamo cairá

Participação novas mulheres, novas irmãs

Evangelização crescente a cada manhã.

CRIANÇAS





Daniela Pachiani de Mello

 Crianças deixam o coração mais forte, a casa mais barulhenta, a mãe mais sonolenta. A poupança menor, a noite maior. As roupas mais batidas, a tristeza mais contida, a família mais agradecida.

O carro mais sujo, a sala mais bagunçada, a vida tão abençoada. A gratidão mais clara de ver, a oração mais fácil de crer, o caminho mais bonito a percorrer. O futuro melhor para sonhar, e a alma... a alma muito maior para amar.

Crianças dão preocupação constante e são totalmente dependentes...

Mas a casa ganha vida com risadinhas!
O quarto está sempre com brinquedos espalhados indicando que houve diversão por ali.
Televisão ligada e desenhos animados “animando a tarde lenta “.
O que é um lar sem crianças?
Sejam sobrinhos, netos, filhos, seus amiguinhos de escola e tals?

E o tempo vai passando e quando vemos a casa já não tem mais as risadinhas ecoando, nem o baleiro mexido, marquinhas de dedo nas portas, e nem choradeira depois das traquinagens...
Eles cresceram...

O jeito dos móveis, o som da casa, os acessórios, tudo muda também, acompanhando os ciclos.
Em algumas casas, casos isolados, já tem ausência de corpo físico de vovó, de vovô, então vem a sensação de nostalgia, de saudade.
Os álbuns ficaram mais lotados e os cômodos mais vazios.
São os ciclos se cumprindo!!!

Mas prometa que de vez em quando vai molhar os pés na piscina, sair correndo depois de jogar bola de neve no amigo, gargalhar até doer o abdômen, assistir um filme da Pixar ou da Disney e se debulhar em lágrimas...

Porque nunca podemos deixar esse universo que nos transformou se acabar: sermos sempre crianças em momentos tão caros e inesquecíveis nos enriquece e nos fortalece para o  outros momentos e ciclos!

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Texto de Ignácio de Loyola Brandão em sua coluna no Estadão


 Mulheres e livros
Ignácio de Loyola Brandão

Para Marcelo Rubens Paiva, resistente, resiliente

 

Mesmo que ainda não seja o ideal, há algo de novo no mundo dos livros. Fiquei emocionado quando, terça-feira passada, vi quinhentas pessoas lutando por um espaço no SESC Pinheiros para assistir  Itamar Vieira  Junior conversar com Walter Hugo Mãe.  Brilhantes e bem humorados. Eu regressava  de  três cidades nas semanas anteriores em feiras organizadas por mulheres à frente de academias locais. Como Rosana Celidonio, em Pindamonhangaba e  Ivana Maria em Piracicaba, à frente de um grupo que se reuniu há décadas em uma oficina literária e está junto até hoje. Finalmente, Araraquara chegou a sua terceira Fli-Sol, graças a tenacidade de Bernadete Passos, que levou forte time de autoras, da portuguesa Ana Filomena Amaral a Djamila Ribeiro,  da Academia Paulista de Letras, fundamental  na luta contra o machismo e  o preconceito contra negros. Ela veio de Nova York, onde leciona atualmente. E ouvimos a  especialista em envelhecer, Lilian Lianga, chinesa de 50 anos, que conhece todas as zonas azuis do mundo, onde as pesssoas chegam aos 120 anos.. Sem esquecer o encontro com a trans Amara Moira que  teve uma recepção entusiasmada. Assombrosa pela cultura e humor.   Mais tarde,  ao meu lado no jantar,  Amara passou horas a explicar a um professor de  línguas os estranhos termos do romance “Ulisses”, de James Joyce. Tudo tão claro que decidi, de novo, tentar a leitura

Corri, comprei “Neca”, romance de Amara, e penetrei em uma linguagem “moireana”. Joyce perde. Sabem o que é  “ocó”, “nenar”, “equê”,  “ruela”, “tombar a necka”,”cli”. E dai em diante?

         E de repente, percebi onde começaram essas  feiras a fomentar a leitura. Com uma gaucha destemida,  que por quarenta anos,  mulher que  nós ,escritores de todo o Brasil  amamos Tania Rösing, ex- professora da Universidade de Passo Fundo, criadora das Jornadas de Literatura, que ao serem encerradas  há pouco  abrigavam a cada ano sete a oito mil pessoas na plateia, vindas do país inteiro. Não por acaso a cidade gaúcha registra o maior índice de leitura do Brasil. Mas o sucesso das Jornadas  provocou o ciúmes de um reitor que deu um basta. A jornada terminou, depois de centenas de milhares de escritores terem passado por ela.

         A batalha de Tania não foi em vão. Sua ideia se multiplicou em feiras e festas que explodiram pelo país, junto ao sucesso da Flip e da Feira que Paulo Werneck realiza no Pacaembu, cada ano maior.  Benditas Tanias, Flips, Wernecks,  Ivanas,  Rosanas, Bernardetes, Giseles (Fli Poços),  Dulces, Adrianas e  imenso cartel  feminino em Ribeirão Preto há mais de duas décadas.



quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Qual o seu nome?


                                                              Ignácio de Loyola Brandão

Chego em Piracicaba com medo.  Estarei frente a frente, ou de lado, ou seja lá como for, inquieto com uma pergunta fatal: você se lembra de mim? 

Natural, todos queremos ser reconhecidos por quem amamos, a quem admiramos. Porém, o tempo é implacável, corrói  olhos e memória.

Quase três décadas se passaram desde a última vez que aqui estive fazendo uma das mais prazerosas oficinas que já fiz.  Um grupo mais coeso, interessado, trabalhador, criativo. Nestes 40 anos mudei cinco vezes o grau dos meus óculos. Difícil, tenho um para perto, um para o computador, um para longe.  Só não consegui um que me identifique rápido uma pessoa. Já estou providenciado um que identifique  prontamente meus parentes, pessoas próximas, queridas, alguma ex distante, porque aqui a coisa  complica. 

Sei da dificuldade em me reconhecer. Perdi cabelos, eles eram negros e cacheados, hoje são brancos e ralos. Entre a última vez que aqui estive a memória  foi perdendo o brilho sutilmente.  E a audição? Exagero, fiquem calmos, não me  deteriorei. Meu Deus, mais de 30 anos se passaram e vou reconhecer todos? O rosto pode ser que sim.

Mas, o nome? O nome é uma armadilha. Nem imaginam o tanto de nomes que tive pela frente nestas  três décadas. Olho o rosto, sei que conheço, mas o nome flutua, evapora. Sei que a pessoa fica decepcionada.  Cada um de nós se imagina inesquecível. Há pouco, em Araraquara, onde nasci e cresci. uma jovem se aproximou, sorriu, me entregou o livro.

- E seu nome, por favor?

- Sou Olga Cecilia.

- Bonito nome...

- É ? Sou filha da Quita.

- Quita?

- Era o apelido dela. Irmã da Maria do Rosário.

- Veja só, minha mãe também se chamava Maria do Rosario.

- Sua mãe e a minha eram irmãs, filhas do Vital Gonçalves Lopes, seu avô e também meu.

- Olha! Teu pai era o Benedito Vacari que tinha maquina beneficiar arroz em Simonsen?

-Sim, sou sua prima irmã.

Lançamentos de livros são alegria, e ansiedade. Chego com um medo. Não reconhecer os que se recusam a preencher a ficha com o nome, alegando: ele me conhece. Meses atrás, na Feira de Livros de Ribeirão Preto ganhei a glória de ter memória “infalível”. Uma senhora de 80  anos, aproximou-se da mesa, olhei e disse: “Margarida Troncon”. Ela confirmou, recebi aplausos .  Como esquecer a mulher que lá atrás, quando tínhamos oito anos, em Araraquara, aceitou namorar comigo? Durou semanas, como era costume, peguei na mão dela. Ao longo da vida, casada,  hoje viúva, passados 80 anos, com filhos, ela nunca deixou de comparecer a lançamento meu.

Aprendi com Juscelino Kubitscheck, o presidente. Ele entrava, abraçava  todos, dizendo, querido fulano de tal! Sorriam ambos. Numa entrevista em 1957 eu tinha 21 anos, indaguei  eficiência da memória, ele riu e disse:   “Não conte e ninguém. Ao abraçar alguém, digo, ao ouvido da pessoa: diga logo seu nome que será bom para os dois.”

Funcionava. Assim, amados amigos que promovem esta festa pelo livro.

Quando chegarem, digam: Sou tal. Eu estarei com uma cartela com meu nome.  Num momento como este de pura emoção nem imaginam  a alegria e o sufoco.

*Crônica escrita e enviada a mim, Ivana,  especialmente para o pessoal do GOLP (Grupo Oficina Literária de Piracicaba)


Fotos por Will Bardine, Ivana Negri e outros