As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sábado, 29 de abril de 2017

O RIO QUE EU AMO


Tiago Cerqueira Lazier


O rio não é de Piracicaba, a Piracicaba que eu amo é do rio;
Que seria de mim sem o rio para amá-lo com meus passos e giros?
Nos milhares conto os quilômetros​ pelos quais ele me acompanhou;
Fluo com o rio e ele me banha, me refresca, me descarrega;

Fluindo nas águas que interrompem as ruas da cidade;
Fluindo na cidade das pessoas, das árvores, das casas;
Fluindo no ar livre de céu variado, das brisas de calor e frescor;
Sou feliz, sou eterno e imortal, enquanto fluir o rio com o espírito que roubou de mim.

Quem conseguirá me ouvir no rio, ouvir o barulho dos remos das canoas?
Quem conseguirá ouvir o riso de crianças morenas com cabelo tijelinha?
Quem conseguirá ouvir o sangue derramado pela paixão, pelo desentendimento, pela ganância?
Quem conseguirá ouvir amigos conversando, ouvir o choro e o consolo?

Quem conseguirá fluir com rio? Quem conseguirá amá-lo e por ele ser amado?



quinta-feira, 20 de abril de 2017

NATURALMENTE BANDIDOS


(imagem Google)


                                                                       Pedro Israel Novaes de Almeida

                   Não convém divulgar às crianças, mas existem pessoas de má índole.
            Discordo da simplificação grotesca, segundo a qual o homem é mero produto do meio. Conheço pessoas, muitas, que nasceram e cresceram em ambiente hostil, vivenciando violências e desrespeitos os mais diversos, e no entanto são incapazes de qualquer maldade.
            Conheço pobres e miseráveis incapazes do mínimo roubo ou desonestidade, e conheço injustiçados que não nutrem qualquer desejo de vingança.
            Nada sei da formação da personalidade, e tampouco conheço os meandros da psicologia, mas filio-me aos meramente intuitivos, nada científicos, que juram que os homens não nascem vazios, como uma caixinha onde vamos depositando valores morais.
            Nada sei de ocultismos e teorias de ancestralidade, mas sinto que a bagagem básica das pessoas já existe na vida fetal. Podemos, tão somente, inibir parte da selvageria e crueldade natas.
            É comum irmãos, nascidos e criados no mesmo ambiente, portarem-se de maneira diametralmente opostas, e é comum filhos de pais que não prestam serem ótimas pessoas.
            Em momento de radical realismo, apimentado por visão pessimista da humanidade, não titubeamos em afirmar que a maioria das pessoas que figuram como boas são, em verdade, feras domesticadas, ou temerosas de praticar os atos que natural e maldosamente desejam.
            Nenhuma ideologia ou lavagem cerebral é capaz, por si só, de induzir uma pessoa a praticar o terrorismo, matando transeuntes que sequer conhece, explodindo crianças e envenenando multidões.
            Acredito que existe um permanente embate entre a selvageria e a civilidade, e passamos pela vida tateando a tênue linha que divide as tendências humanas.   Milionários criminosos, autoridades corruptas e déspotas em geral são, antes de qualquer classificação, pessoas más, capazes dos mais hediondos atos.
            As crises, como a que atravessamos, desvendam a maldade que causa tanta miséria e sofrimento, e a maquiagem que reveste pessoas tidas como celebridades, frequentadoras assíduas de rodas formalmente educadas e suntuosas.
            A maldade frequenta castelos e favelas, mansões e barracos, esquinas e avenidas.  Acostumada às maldades, a humanidade esquece de prestigiar e propalar os bons exemplos, confinando as dignidades ao rol de insignificâncias.

            É tempo, faz tempo, de premiar os justos, erigindo templos à virtude, e agindo como aquele que, sendo bom, justo e pacífico, não hesitou em açoitar os vendilhões do templo.  Ser bom não é ser manso.

terça-feira, 18 de abril de 2017

CONFLITOS


Raquel Delvaje

Metade da minha alma quer a lucidez
A outra metade quer a loucura.
Metade quer o sorriso cotidiano
A outra metade quer a solidão.
Metade quer a paz dos que sonham no travesseiro
A outra metade quer a devassidão das ruas geladas.
Metade é alva como  a neve
A outra metade tem o vermelho que corrompe.
Uma metade minha  é obscura
A outra  metade é verve.
Sou assim, guiada por um anjo do céu
E puxada por um anjo caído.

domingo, 16 de abril de 2017

TROVAS DE PÁSCOA



Olivaldo Júnior

Hoje a vida é plena graça:
do Jesus que 'tá na Igreja,
do Jesus que 'tá na praça,
nasce a Páscoa benfazeja...

Na dureza do combate,
cada embate vira um drama;
só quem ama chocolate
se "derrete" por quem ama...

Cristo vivo, além da campa,
tampa o túmulo de espinhos;
logo, logo, a gente acampa,
renovada, em Seus caminhos...

Cada sonho do Coelhinho
faz do ovo uma esperança;
e eu queria, meu anjinho,
ter de novo um eu criança!...

Pelo tempo que se escolhe,
pela Páscoa que se vive,
todo o medo a gente tolhe
quando Cristo redivive!

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Glosando trovas



sábado, 8 de abril de 2017

SEM SENTIDO


Shirley Brunelli Crestana

Um pingo aqui
um pingo acolá
e eu
com medo de chuva forte
 subo e limpo    
no telhado 
a calha    
coalhada de folhas          
molhadas...
Que importância tem
se as dimensões se interpenetram
se a casa está limpa
se a pele foi hidratada
enquanto trago a alma seca
e ninguém me liga por nada?...