Léa
Paiva
Computadores?
Às
vezes, computam as dores
Realidade
Virtual?
Não
produz virtudes
Celulares?
Não
revitalizam as células
Televisão?
Nem sempre faz bem à visão
Tecnologia?
Nem
tudo ela propicia
Este
mundo de magia, cores, luzes, dígitos
Sons,
robôs
Não
digo que não me encanta, não me contagia
Mas
é feito de máquinas frias
E
a internet, então?
Rastrear
o mundo, navegar em busca de informações,
Conhecimentos
profundos (que não me preenchem profundamente)
Internet
muitas vezes não enternece
E,
nessa parafernália toda, tem mais a ver com inferno, fornalha, do que outra
coisa
Esquenta
a cabeça e não derrete o chifre
Pelo
contrário: criam-se mais chifres
Por
que o fascínio que o homem atual tem pela tecnologia avançada
É
tanto, que ele só avança mesmo em imagem de vídeo cassete
Isto
pra mim é uma cacetada
Eu
quero que essa evolução toda se exploda, imploda, se...
Porque
o que eu quero mesmo está no abraço nu de gente
No
cheiro de pele, no hálito quente
No
corpo suado, no beijo molhado
Na
voz, no sussurro bem perto do ouvido..
Sentindo
arrepios, de tanta emoção
Ouvindo
palavras, perdendo o sentido
No
fogo da carne da minha paixão
Gosto
da lágrima cálida, do gemido fremente
Do
riso do gozo da expressão do amor
Do
perfume que exala do meu corpo
Quando
toca outro corpo sentindo calor.
Quero
cantar, amar, sorrir
Sem
controle remoto, tecla ou botão
Quero
navegar, planar, voar, sumir
Na
internet da alma, do meu coração
O
meu computamor não tem impressora, tinta, papel,
Nem
cor
É
sentimento puro
Sem
tirar, nem pôr.