Esther Vacchi
Passos
Na
década de 70, quando eu ainda morava em São Paulo, iniciando minha família, morava
ao lado da minha saudosa sogra, Dona Maria. Sempre nos reuníamos e
conversávamos a perder de vista.
No
quintal da casa dela ao lado direito da porta da cozinha, havia um vaso de
cimento redondo com uma flor, e junto dela, no mesmo vaso, uma muda de
jabuticaba, que ali germinou e permaneceu estagnada.
A
muda ficou neste vaso por mais de dez anos, sem poder desenvolver-se por falta
de espaço, clima frio e falta de perspectivas. Nesse meio tempo, nos mudamos
para Piracicaba. Um dia, entre conversas, sugeri a Dona Maria que iria levar a muda
para plantar no meu quintal.
Com
cuidado, a bordo da nossa brasília amarela, levamos a planta ainda no vaso e
plantamos entre um abacateiro e um pé de acerola. Molhamos, adubamos e a jabuticabeira logo se
acostumou com o clima quente e seu novo habitat.
Nasceram
novas folhas, novos galhos e hoje ela está enorme, entrelaçada com as pontas do
galho do pé de acerola e todos os anos dá muitos frutos. Todos saboreiam,
inclusive os pássaros, e ficamos admirados com os frutos dessa árvore que se
mudou.
Nossa
vida é assim, às vezes plantamos e não colhemos, outras colhemos ainda em vida e
com alegria, outras precisamos, como algumas árvores, ser arrancadas e replantadas,
para assim darmos frutos, os Frutos da Mudança.
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