Ludovico da Silva
Absorto e parecendo sonhar,
me chamou a atenção uma voz macia e doce que me despertou para a realidade à
minha volta.
Estava sozinho naquele
abandonado espaço vazio e onde meus olhos alcançassem nada me detinha, como na
alegre paisagem que ficou, mas vislumbrava uma profunda e infinita tristeza.
Seria um fantasma a
provocar um sentimento no fundo de minha alma?
Vi fios grossos e escuros
escorrendo pelos vãos das pedras, exalando odor que manchava os ares. Observei
as margens e o leito mutilados.
Custou-me acreditar. Mas
esse não é o rio do meu passado.
Lino
Vitti (Príncipe dos Poetas de Piracicaba)
Pára.
Contempla o salto. Oh! Que deslumbramento!
Final
feliz de um sonho, aliado a uma esperança.
Findava
a viagem, sim. Que histórico momento!
Capitão
Povoador! Piracicaba, criança!
Seu
olhar percorreu as colinas. O vento
Sussurrou-lhe
: “é aqui, Sem mais tardança,
Funda nova cidade;
olha o céu que portento!
Olha
o salto, olha tudo, que abastança!...”
Histórico
momento. A Noiva da Colina,
Foi
ao salto buscar seu véu tão lindo,
Beijou
o Capitão como feliz menina.
Cresceu...
Meus parabéns. Teu povo vai seguindo
Tudo
quanto de bom Deus lhe destina...
Ela
faz anos hoje, e , certo, está
sorrindo...
Silvia de
Oliveira
De repente
um orgulho
danado
de ser de Pira
de ser caipira!
Em direção ao
rio
todo olhar se
fia-
pura mescla
de peixe-espuma
e porto-poesia
Quando longe
a saudade pia...
há o som da
viola,
do vento na
plantação...
Em teu peito,
minha terra,
povoa dor e
alegria,
avanço e
retrocesso,
desde sempre és
a lira.
Orgulho danado
de ser tua
filha!
TÍMIDA CAPELA DE
MONTE ALEGRE
Marilda
de Luccas Sampronha
Tímida,
tu moras bem no alto,
onde
ainda não chegou o asfalto,
porta
e janelas pequenas, um projeto divinal.
És
tu uma capela perfeita, não conheço outra igual.
Cá
embaixo, o jardim tristonho,
parece
acordar de um sonho,
não
há casais, crianças, nem velhinhos conversando...
Uns
bancos descorados, um lago e flores secando!
Duas
estátuas de bronze, simbolizavam o poder!
Para
onde as levaram, não se sabe...
Restaram
lugares vazios, onde só a saudade cabe,
pobre
jardim sem vida, por que vieste a
morrer?
Sob
o céu límpido e sereno,
tu,
capelinha fechada, pareces estar preocupada.
O
sino está esquecido, o coral emudecido, já não há ninguém a rezar,
os
bancos estão vazios, nem há velas em seu altar.
Vem
capelinha querida, desce e vem até mim!
Empresta
as asas dos anjos, vem pousar no jardim.
Faremos
uma caminhada, uma pequena procissão...
Atrás
de nós, virá o jardim deixando marcas de saudade pelo chão....
Esio Antonio Pezzato
O cocar na cabeça e
nas mãos rija lança,
E um Paiaguá caminha esta tão fértil Terra.
O Salto regurgita em hinos de esperança,
No mato uma araponga estridulante berra.
Quebra-se a calmaria e tem final a dança.
Desconhecido olhar frente à paisagem erra.
Um destemido passo a mata adentro avança,
A tribo toda se une e arma-se para a guerra.
Sobre a calma do Rio as pirogas audazes
Chegam rapidamente à barranca portuária
Conduzindo em seu bojo homens fortes, capazes.
- "À margem, à direita!" A voz é poderosa.
E com forte comando e paixão visionária,
Neste chão planta os pés o Povoador Barbosa!
E um Paiaguá caminha esta tão fértil Terra.
O Salto regurgita em hinos de esperança,
No mato uma araponga estridulante berra.
Quebra-se a calmaria e tem final a dança.
Desconhecido olhar frente à paisagem erra.
Um destemido passo a mata adentro avança,
A tribo toda se une e arma-se para a guerra.
Sobre a calma do Rio as pirogas audazes
Chegam rapidamente à barranca portuária
Conduzindo em seu bojo homens fortes, capazes.
- "À margem, à direita!" A voz é poderosa.
E com forte comando e paixão visionária,
Neste chão planta os pés o Povoador Barbosa!
Esther
Vacchi Passos
Eu
quero
Nosso
rio mais limpo
Sem
cheiro de poluição
Aves
em pedras sem limbo
Chegando
a ser atração
Eu
quero
Na
piracema ver os peixes
Saltar
em água límpida
E
as borboletas multicores
Em
volta de flores lindas
Eu
quero
Carícias
de sua brisa
Envolvendo-me
em frescor
O
véu branco da noiva deslizando
Unindo-se
nas águas sem odor
Eu
quero
Junto
ao rio céu azulado
Sem
poluição de queimada
Deixando
o poeta inspirado
Fazendo
versos para a sua amada.
Julio
César S. Rosa
Sempre
pirado por Piracicaba
Aqui
moro, aqui sempre vivi
Sou
muito apaixonado por ti
Enamoro
porque te adoro
Só
aqui me acabo
Do
nordeste é o arauto
Que
canta qual um canário,
Mas
no interior de São Paulo,
Onde
o homem é agrário,
E
o rio tem um belo salto,
Canta
um trovador bem alto
Tendo
um porto por cenário.
O
bebê aqui usa “tarco”
Pro
passeio na “carçada”
Se
tiver buraco eu “sarto”
Que
eu não quero “trupicada”.
No
rio passeio de barco,
Se
não posso ir eu “farto”,
Mas
amo Piracicaba.
Nossa
cana já floresce
Pelos
campos de montão,
Mas
se a queimada aborrece
Com
fuligem pelo chão,
A
gente dela se esquece
Porque
a economia aquece
E
dá emprego ao peão.
Ataviada
com véu,
Da
Colina ela é a nubente,
Chamando
o povo fiel,
Em
seu cantar inocente,
Pra
colocar no papel,
Seja
em trova ou em cordel,
De
aniversário um presente.
Sonia
Amaral
Com
suas antigas moradias
A
Rua do Porto
Vem
mostrar o encanto
Que
a todos irradia.
A
bela chaminé
Da
saudosa olaria
Traz
muita lembrança
E
também muita alegria.
Os
modestos restaurantes
Fazem
seus pratos com capricho
Acolhem
o povo com amor
Demonstrando
simpatia.
Clóvis
Rolim da Silveira
Terra
de Piracicaba
onde
nada dá
só
cana de açúcar
Terra
de Piracicaba
terra
de algodão
algodão
doce
terra
de cultivar
Terra
de Piracicaba
terra
vermelha
do
cobre do rio
de
avermelhar
Terra
doce
do
açúcar cristal
das sacarias
doce
de amargar
Daniela Daragoni Alves
Carrego
comigo o sotaque
Do
lugar que nasci e me viu crescer
O
mesmo sotaque das pessoas que mais admiro
Pessoas
que me deram a vida e lições que jamais vou esquecer
Carrego
comigo esse sotaque caipira
Marca
de um povo simples e batalhador
Sotaque
de um lugar que leva o mesmo nome de um rio
Que
tem à sua margem a casa do povoador
Cidade de gente humilde e feliz
de
lugares inesquecíveis, como a Rua do Porto, o Engenho Central
Terra
de uma tranquilidade ímpar
Que
nunca vi igual
Carrego
comigo esse sotaque que muitas vezes é confundido
Com
falta de instrução e até de inteligência
Um
caipira muitas vezes é julgado injustamente
Por
pessoas que o consideram uma pessoa boba, fácil de enganar e cheia de
inocência.
Carrego
comigo esse sotaque simples
Fui
muitas vezes motivo de piada
Por
pessoas que se acham “inteligentes” o bastante para rir do meu povo
Mas
que escolheram a minha linda cidade para construir suas casas
E
se para ser respeitada por essas pessoas
Eu
tiver que negar as minhas raízes e o lugar que me viu nascer,
Continuarei
sendo o que sou, caipira de Piracicaba
Por
toda a vida...até morrer!
Hugo
Pedro Carradore
Bendita,
oh! Terra Minha, de filhos ilustres e tradições gloriosas,
Piracicaba,
hino de amor, emoção e promessas ditosas...
Amo-te
pelo esplendor de tua beleza,
pelo
teu rio que serpenteia e cai em cachoeira de espuma branca,
onde
o arco-íris nasce num véu de tanta pureza.
Amo-te
pelo riso de tuas crianças, pelo encanto de tuas avenidas,
Pelas
tuas paisagens e pelos teus amores.
Amo-te,
pelas gotas de orvalho, lágrimas das noites piracicabanas,
Caídas
nas pétalas das tuas flores.
Amo-te,
pelo sangue de teus filhos derramado, mortos na luta de 32,
heróis
venerados do berço pátrio.
Amo-te,
quando levanto os olhos para o céu,
e
vejo lá no alto do Bom Jesus, de braços abertos,
o
Cristo abençoando teus filhos que
penetram o sagrado átrio.
Amo-te,
pelo verde magnífico dos teus canaviais,
pela
tua indústria, que é uma sinfonia de progresso.
Amo-te
nos versos dos teus poetas
E
na saudade de teu filho egresso.
Recebe,
oh! Cidade terna, esta singela oração!
Mãe
e noiva, que as palavras cheguem a ti, como a serenata de um violão,
nas
madrugas brindadas pelo beijo das estrelas.
Noiva
eterna namorada, pelo teu resplandecente véu,
Que
eu expire em paz, sob o teu sagrado chão, tendo como mortalha o teu céu.
Ivana
Maria França de Negri
Piracicaba
dos ipês róseos e amarelos
Da
Esalq e do Engenho, tão belos
Das
cascatas formosas
E
das pamonhas famosas
Terra
da boa gente
E
da pinga ardente
Do
engraçado linguajar caipira
Carinhosamente
chamada de “Pira”!
Francisco
de Assis Ferraz de Mello
Quanto
crime ante Deus, de pensar me comovo:
Agoniza
este rio que alimentou meu povo.
Quem
pode imaginá-lo, um dia, colossal,
Bufando
na floresta de um sol tropical?
Quem
pode imaginar que, um dia, em suas margens,
Dos
mansos animais até as onças selvagens
Foram
beber sua água, enquanto a passarada
Ensaiava
uma orquestra ou partia em revoada?
No
salto ele rolava altivo, encapelado, sobre o basalto negro, alteando um forte
brado
Que
acordava o sertão de séculos atrás.
Abaixo,
no remanso ou, então, nas corredeiras,
Passavam
as canoas em bandos, ligeiras,
Levando
para a guerra os índios paiaguás.
Carmen M.S.F. Pilotto
As águas recortam odores e
paisagens
de uma cidade que incorporei em
minha alma
no lusco-fusco da ponte pênsil
nas ribanceiras apinhadas de
pescadores
na chaminé do Engenho que rasga a
Urbanidade
Na pracinha os velhinhos com os
carrinhos de passeio
transportam guris, empresários do
futuro
e as pombas arrulham histórias
das dinastias
entremeadas com o metalúrgico que
ali caminha.
Mas é nos bares que a cidade se
revela
nas caninhas sorvidas em meio às
angústias
nos chopes compartilhados com
amigos
nos petiscos que marcam sabores e
veleidades.
Somos partículas do ambiente em
que vivemos
força viva do planeta que
coabitamos.
Nosso espírito está tatuado no
espaço
virtualmente presente nos fluídos
cósmicos.
Aracy Duarte Ferrari
Íntimo ardente
Noite enluarada
Avenidas luzentes
Árvores resplandecentes...
Os pássaros chilreando
Recompõem a melodia.
A prosa, a poesia
Atingem o seu clímax.
O rio circunda
A cidade e o coração.
As águas correm...
Rutilantes ao reflexo da lua.
Ondas abundantes
Observadores atentos
Inspirados na quietude
Reflexões distantes.
Uma estrela cadente
Risca, de repente
O firmamento
Para meu sobressalto.
Francisco de A. Ganeo de Mello
(Buda)
Sou de Piracicaba
A “Atenas Paulista”!
Antes de prosseguir,
deixem-me explicar:
ter nascido em Piracicaba
me é motivo de grande orgulho
e é por isso que coloquei
aquele ponto de exclamação...
Minha terra tem história
e seu folclore é muito rico.
Temos pintores famosos,
temos músicos e cientistas.
Temos praças bonitas,
Monumentos, casarões,
preciosas relíquias que contam
um pouco do nosso passado.
Muita gente célebre
já passou por minha terra.
Tivemos um Thales de Andrade
um Miguel Dutra e um Mello
Moraes...
Diz a lenda
que até um rio
já passou por minha terra!
(Minha terra teve um bosque
Onde cantou um sabiá!)...
Leda Coletti
Lugar onde o peixe pára
deu nome à Piracicaba
terra de beleza rara
cuja fama nunca acaba.
Cana, salto, Agronomia,
orgulhos desse torrão,
riquezas em sintonia
pra oferecer ao povão.
Eterna noiva, seu véu
tão branco, cheio de bruma,
esparrama-se no céu
e no rio cheio de espuma.
Esta cidade bendita
com pôr do sol na colina,
é pra nós sempre bonita
seu doce encanto fascina.
Suas colinas, canaviais,
tremulam verde-esperança,
sussurrando nos seus ais
votos de paz e bonança.
A
CATEDRAL DE PIRACICABA
Cássio Camilo Almeida de Negri
Por muitos anos, suas torres
reinaram imponentes na praça central da cidade.
A simetria perfeita, encimada pelos
pontiagudos telhados hexaedricos, com as cruzes nos píncaros, como a conectar a
terra ao céu.
O relógio magnífico que eu, desde
criança, quando aprendi os algarismos romanos, nunca entendia o porque de seu
“quatro” ser quatro traços ao invés do “IV” ensinado na escola.
Hoje, coitada, foi esmagada por um
“pisão” do prédio ao lado. Um edifício só de garagens.
Piracicaba, quem deixou fazerem isso
com você?