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Tive o privilégio de assistir, no mesmo dia, a duas excelentes palestras da mestra indiana Meera Nagananda, diretora da Brahma Kumaris na Ásia.
A primeira foi à tarde, voltada apenas para seleto grupo feminino. Cerca de trinta e cinco mulheres reuniram-se num local agradabilíssimo, uma varanda florida com passarinhos esvoaçando e cantando entre as árvores, acompanhados pelo som do despencar da água numa pequena cachoeira que orquestrou um suave fundo musical para o coro deles.
Acostumados que estamos a frequentar eventos onde sons estridentes nos impedem de conversar e ferem nossos ouvidos, ouvir a voz pausada e harmoniosa da palestrante foi uma bênção.
Conversou calmamente, sempre sorrindo, e a plateia atenta sorvia cada palavra traduzida pela intérprete. Palavras sábias, cheias de sabedoria, que chegavam às ouvintes como presentes preciosos e eternos.
E como se não bastassem as lições que nos foram dadas gratuitamente, ainda recebemos, cada uma, na saída, um mimo pelas suas mãos. Após leve meditação seguida de um delicioso lanche vegetariano regado a sucos naturais, servido gentilmente pela anfitriã Vera Pizzinato, saímos todas com a alma lavada.
Na reunião vespertina, a mestra abordou a arte de desenvolver valores no dia a dia. À noite, nova palestra, novas lições e o mesmo carinho, desta vez aberta ao público que compareceu em massa lotando o anfiteatro da Câmara de Vereadores. Estendeu o assunto, mas a tônica era a mesma, ensinamentos de como lapidar o espírito, mudar e progredir. Muito diferente desses palestrantes que dão receitas para se enriquecer, para o conforto do corpo e de como vencer na vida sem esforço.
Ela ignorou a palavra violência. Falou de amor, de paz, de compaixão, de contentamento, sentimentos que devemos cultivar diariamente para melhorar a aura do mundo que anda muito carregada. Falou da eternidade da alma e da finitude do corpo.
Nas rodas sociais só se fala em dinheiro, depressão, regimes, plásticas, botox, silicone, um culto ao corpo sem precedentes. Parece que só a aparência e o dinheiro têm importância, o que acaba gerando o estresse e a depressão, doenças do mundo moderno.
A mídia invade nossas casas com notícias repulsivas, assassinatos, bestialidades, pedofilia, mortes violentas, e parece que quanto mais chocante o fato, mais os jornais, revistas e programas televisivos dão ênfase e ficam martelando detalhadamente, o dia todo, aquelas matérias indigestas que fazem mal à nossa saúde. É isso que dá audiência e vende jornais. E vai-se criando egrégoras negativas e ruins, nuvenzinhas negras que pairam sobre nossas cabeças empestiando nossas vidas.
Meera falou que a palavra crise tem outro significado. Nela, não devemos ficar nos lamentando, mas é o momento de crescer, de mudar, de melhorar e tomar novos rumos. Ela nos entregou de bandeja a “varinha mágica” que pode mudar nossa vida, acessando a essência interior, nosso verdadeiro “eu”.
Quem esteve numa ou nas duas palestras, teve a oportunidade de repensar sua vida e saiu mais rico do que quando chegou. Uma riqueza diferente da que estamos acostumados a lutar para obter. E saindo da aura grosseira que envolve o planeta, fomos arrebatados para regiões mais elevadas, sutis e puras.
E as palavras-presentes, como sementes plantadas nos corações, certamente germinarão e colheremos preciosos frutos que adoçarão nossa vida.