Marisa Bueloni
Bendito seja o amor. Todo amor. O amor que salva e é solidário. O amor que promove a cura, que transpõe barreiras e preconceitos, e chega onde ninguém havia estado antes. O amor que une famílias, que une almas e corpos. O amor que exige bondade, entendimento, afeto, perdão.
Bendito seja Deus nos Seus anjos e nos Seus santos. Desde menina, ouço esta frase que soa tão majestosa. Vislumbro o Senhor sentado num trono de glória, resplandecendo o fulgor do Seu poder.
Bendita seja a água. A bênção de abrir a torneira e o milagre de tê-la em nossa casa. Fazer um café começa com a abençoada água fervendo no fogão. Um piso lavado e limpo se deve a esta preciosidade. E que banho se toma sem ela?
Bendita seja toda luz. A luz solar que incendeia nossa existência diária. A luz da lâmpada elétrica. A luz da Palavra que dissipa as trevas. A luz de quem sabe ser luz, sempre.
Bendita seja a paciência. Santa Tereza d´Avila dizia que a paciência tudo alcança e que tudo passa. Só Deus basta. Então, bendita seja a nossa cruz diária, uma vez que temos de carregá-la, pois ela nos leva ao prêmio eterno.
Bendito seja o pão de cada dia, o pão da nossa mesa. Eu amo o pão. Há momentos em que não posso olhar para o pão sem que lágrimas escapem dos meus olhos. Pão me faz chorar. Não sei por quê. Bendito seja o pão de cada mesa!
Bendita seja a nossa casa. O lar para o qual nos refugiamos, em busca de repouso, de aconchego e de paz! Bendita a nossa cama sagrada, nosso travesseiro cúmplice, as cobertas quentinhas para as noites de frio – as orações ditas na vigília do sono...
Bendita seja a experiência. Ah, que bela é. Conhecer o caminho das pedras e pular etapas de fogo porque se conhece a essência, o trajeto e o mecanismo de algumas coisas importantes e essenciais para a vida.
Benditas sejam as mães. Estas criaturas feitas de um material extraterreno. As mães, incansáveis guardiãs das noites orvalhadas de sono e zelo.
Bendita seja a alegria! Ela faz de nós os palhaços e bobos necessários a um mundo triste e agonizante. Ria, se você sente a alegria, se a vida é bela. Leve seu sorriso e seu entusiasmo aos que sofrem. Seja para eles a esperança que talvez perderam.
Bendita seja uma igreja, um templo de oração e exercício de espiritualidade, lugar de silêncio e meditação. Que bom poder adentrar num destes santuários, no meio da tarde, e parar um pouco o ritmo frenético em que mergulhamos nos últimos tempos. Que bom.
Benditos sejam o computador, a internet e a tecnologia assombrosa que nos põem em contato simultâneo com o mundo todo. Há algo de fantástico ao nosso redor, além das redes sociais, e que é preciso enxergar. Benditos sejam os que fazem uso de tudo como se não o fizessem. Sem perder a ternura.
Bendita seja a saúde. A respiração transparente, inaudível e preciosa. Os pulmões limpos e saudáveis, a sorver o aroma de todas as coisas criadas. Uma romã partida ao meio; a madeira fresca e olorosa; um sabonete de erva-doce. Dirigir nosso carro em segurança, caminhar, tomar um café, estender as mãos a quem precisa. Levar conforto e carinho. Amar e abraçar. Beijar. Ah, Deus Pai! Bendita seja a saúde.
Bendita seja a inteligência. Benditos os talentosos, os encantadores de almas e mentes, porque estão num patamar acima e orientam os sonhos. São os planadores das descobertas, as rotas condoreiras de todas as altitudes. Benditos os inteligentes.
Benditos o amor e a caridade. O que seria de nós sem a capacidade de amar, de transigir, de ser paciente e tolerante – e de perdoar? Benditos os generosos, os ricos em misericórdia, bondade e compaixão. Bendito os que amam porque entendem que, sem amor, não existe vida.