As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Lançamento do livro "Cirandando e Evocando Lembranças" de Leda Coletti

A escritora e poetisa Leda Coletti autografou seu livro "Cirandando e Evocando Lembranças" para amigos e familiares na Biblioteca Municipal de Piracicaba, servindo em seguida delicioso coquetel. As dependências da Biblioteca ficaram pequenas para abrigar tanta gente!

















 


A autora é membro integrante das entidades literárias piracicabanas: APL (Academia Piracicabana de Letras), CLIP (Centro Literário de Piracicaba) e GOLP (Grupo Oficina Literária de Piracicaba).

A autora já escreveu 12 (doze) obras literárias, entre livros e livretes, focalizando crônicas, poesias e trovas; participou em mais de 50 (cinquenta) coletâneas literárias de autores nacionais e locais, sendo premiada em mais de 50 (cinquenta concursos literários), dos quais 10 (dez) piracicabanos. Foi a precursora da comemoração anual do Dia da Poesia em Piracicaba. Recebeu a Medalha Literária Professora Branca Motta de Toledo Sachs, pela Secretaria Municipal da Ação Cultural de Piracicaba, no ano de 2015.
Colaborou no período de 1992 até janeiro de 2010, na Página Literária Letras & Rimas, no Jornal de Piracicaba, inicialmente sob a coordenação de Maria Cecília Bonachella. De 2010 até os dias atuais escreve na Página “Prosa & Verso”, no Jornal “A Tribuna”, coordenada pelos escritores Ivana de Negri e Carmen Pilotto 

O livro é uma obra literária que focaliza locais, situações e vivências de pessoas em diferentes países visitados pela escritora. Destaca paisagens urbanas e campesinas brasileiras. A parte final do livro retrata mais o cotidiano vivido em tempos passados, quando tinha vida itinerante entre o campo e a cidade. Aproveita homenagear seus familiares e amigos buscando partilhar com os leitores, momentos de descontração e leveza.



 


quinta-feira, 4 de agosto de 2022

A Safira Azul



Ivana Maria França de Negri

 

Bem antes da Pandemia, que engessou tantos projetos e sonhos, meu filho queria me levar para a Itália, a fim de conhecer a pequena cidade de Sala Consilina, em Salerno, onde nasceu minha avó materna, Giusephina Romano Giordano.

O sonho foi se tornando real quando as passagens foram compradas. Íamos no mês de julho por ser férias das netas, que iriam também.

Mas o improvável aconteceu, e aquele vírus que parecia estar tão longe, lá na China, se espalhou velozmente pelo planeta. Tudo parou, e a viagem teve de ser adiada.

Após os dois anos fatídicos, e as coisas quase dentro da normalidade, pudemos fazer a tão sonhada viagem, eu, meu marido, dois filhos e as três netas mais velhas.

Carro alugado, fomos percorrendo a Itália de norte a sul, usufruindo de paisagens mágicas da Campânia, Toscana, Lombardia, Lácio, Emília-Romanha e Vêneto , que pareciam quadros, de tirar o fôlego pela beleza.

Ao chegarmos à cidadezinha, da qual tanto ouvia minha mãe falar, a emoção foi imensa. Pisar nos lugares onde certamente minha avó caminhou em sua adolescência ,foi uma experiência única. Eu ficava imaginando-a jovem, com a idade das minhas netas, uma bela moça de olhos azuis, com xale nos ombros indo à igrejinha onde assistimos uma missa logo que chegamos, pois era um domingo.

Sala Consilina fica ao pé das montanhas. No inverno neva e deve ser muito gelada.

            Minha avó veio com  a família para o Brasil aos dezoito anos, e conheceu o futuro marido na viagem de navio e acabaram se casando no Brasil. Tiveram treze filhos, dos quais dez vingaram. Sempre falou um português misturado com dialeto italiano da sua terra natal. Nunca mais voltou e a Itália para ela, se tornou apenas saudade...

Minha avó contava aos filhos que a casa de três andares onde morava tinha escadarias de mármore e anjos dourados pintados nas paredes dos quartos. A família plantava uvas e tomates. Apenas um dos irmãos voltou para a Itália e ela ficou sabendo através dele, que durante a guerra, parte do imóvel foi destruído e a casa acabou ficando para um padre. Só isso soube, e mais nada. Naquela época as comunicações eram difíceis.

Eu tinha um anel de safira azul que foi dela, que o deu de presente à minha mãe, que por conseguinte o deu para mim. Não usava porque era um pouco largo, e foi ficando esquecido numa caixinha por décadas, mas não sei porque, tive a ideia de o colocar no dedo e serviu certinho. Pensei comigo: ele vai viajar para o lugar de onde veio.

Pela manhã, saímos do hotel, cujas janelas se abriam para a visão de um lindo castelo antigo. Íamos visitar o Santuário di San Michele Arcangelo, padroeiro da cidade, que fica no Monte Balzata. O anel estava no meu dedo, com a pedrinha azul, cor dos olhos da minha nona. Mas a igreja estava fechada, e ficamos tristes... Do nada, apareceu um senhor que a abriu e pudemos entrar. Ele explicou que a imagem do padroeiro pintada no altar, teve uma imensa rachadura causada por conta de um terremoto que aconteceu em 1857. Tentaram fechar várias vezes, mas a rachadura sempre voltava, então, deixaram ficar. Quando uma pessoa almeja uma graça, coloca a mão espalmada na fenda e a recebe.

Ao colocar minha mão sobre a rachadura para fazer meus pedidos e agradecer por tudo, a safira azul não estava mais no anel...Caiu em algum lugar. Como saber onde?

Voltei para o Brasil com o anel sem a safira. Creio que a pedra quis ficar no lugar de onde veio.  Mistérios que a gente não consegue decifrar...

 







Hotel La Congiura Del Baroni









segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Café da Tarde

 

                                

Maria Madalena Tricanico de Carvalho Silveira


“Não existe sábado sem sol, domingo sem missa e segunda sem preguiça”.

Mas era domingo. Um ensolarada tarde de domingo. Marina conversava com sua mãe sobre a rotina de sua vida e a mãe, por sua vez, lembra de fato que tinham acontecido e que se repetiam, embora com outros focos e outras cores.

Marina lecionava em uma escola de periferia no  período  da manhã, e à tarde algumas aulas em uma escola particular. Sentia-se realizada em seu trabalho e o assunto era quase sempre sobre os alunos.

Na hora do tradicional café da tarde, sempre chegavam mais pessoas da família e também alguns amigos. Diante de tantas guloseimas Marina deu um longo suspiro e desabafou:

- Ai que saudades dos “crustolis”  da minha nona Lucia.

Algumas primas até argumentaram: “Agora tem nas padarias”.

Marina percebeu que não tinham entendido, sua saudade não estava na boca, mas no coração. Poderia até escutar o “croque” do “crustolis”....

A segunda-feira amanheceu preguiçosa, não para Marina com seus alunos, e a manhã transcorreu normalmente.

No período da tarde tinha apenas duas aulas em uma escola particular e ao final da segunda aula os alunos iam saindo e ela cumprimentando. Percebeu que tinha um aluno esperando para falar alguma coisa em particular. Chegou bem perto de Marina e todo envergonhado entregou um saquinho de papel um pouco engordurado e disse:

-Minha mãe fez isto para o café da tarde e quis que eu trouxesse um pouco para a professora...

Marina agradeceu e quando abriu o saquinho engordurado lá estavam os “crustolis”, bem sequinhos, barulhentos e passados no açúcar e canela.

Deu um longo abraço no aluno, perguntou o nome de sua mãe, e ele respondeu rápido: Lucia!

Marina abriu sua bolsa e tirou um livro que tinha acabado de comprar, fez uma dedicatória e entregou a ele que leu o título em voz alta todo sorridente:

-Peça e Será Atendido! Minha mãe vai amar!