Tributo à Capela de São
Pedro...
Maria de Fátima Rodrigues
A realização do sonho de um grande empreendedor, que
sentia saudade de sua terra. O Comendador Pedro Morganti, quando mandou
construir na Usina Monte Alegre, em Piracicaba, uma capelinha no mesmo estilo
da Capela de São Frediano, em Lucca na Itália, não poderia imaginar que um dia
ela seria tão reverenciada.
A Capela de São Pedro ainda está lá, imponente, respeitada
e amada! É, e sempre será, o símbolo não apenas de um bairro, mas de toda uma
cidade.
A Capelinha de Monte Alegre, fotografada, copiada,
citada, musa de pincéis ansiosos para reproduzirem emoções, estética e estilo,
nas telas, paredes, e até em um simples papel... “com cinco ou seis retas é
fácil fazer” a Capela!
Contada em versos, em prosa, por poetas e escritores que
nela foram batizados, tiveram suas primeiras lições sobre a Criação, confessaram
seus segredos, coroaram a senhora das Graças, juraram fidelidade, disseram suas
secretas mágoas.
“... a Virgem
parece sorrir, sinto-a pertinho de mim,
solto a voz, parece que não vou alcançar...
Termino o canto, deslizo os dedinhos, coloco a coroa...
... a igreja fica vazia, mas um canto ao longe ecoa,
rainha, formosa e boa, é Monte Alegre quem vos coroa!” (MARILDA
DE LUCCAS SAMPRONHA) julho/2011- trecho
do poema “Coroação”.
“Lembro-me ainda menino,
Quando minha mãe colocou uma fita branca
em meu braço,
e me mandou para a Igrejinha,onde ainda hoje tenho
laços...” (VINÍCIUS CARLOS RODRIGUES) maio/1999
- trecho do poema “Mãe”.
Quantas melodias foram nela entoadas, principalmente por um
de seus mais diletos “tenores”, meu pai... Venésio Clemente Rodrigues: Ave
Maria de Gounod ou de Somma, os noivos podiam escolher!
Tatuada por um jovem artista plástico, o qual lhe deu
abrigo, espaço e tempo, para assim delinear, expressar e descobrir seu
verdadeiro talento: ALFREDO VOLPI.
Ela chama a atenção, tem luz própria.
O que muitas pessoas não sabem é quem se preocupou com
sua preservação como patrimônio histórico. Um jovem que, vindo trabalhar na
Usina, na empresa Monte Belo S/A - Açúcar e Álcool, de propriedade do Grupo
Ometto na época, mais ou menos entre 1976 e 1977, se apaixonou por ela, pela
sua arquitetura, e notando a exuberância de seus afrescos, teve uma surpresa:
eram de Alfredo Volpi.
Que fascinante descoberta para ele: Eduardo Pacheco
Giannetti, um grande amigo de trabalho, que já tinha essa preocupação maior com
o coletivo. Não era de muito falar, mas agir, e o fez.
Ávido por
preservar sua memória, foi em busca de sua mais remota história. Escalou montanhas de burocracias, procurou comprovar
sua originalidade com outros artistas plásticos ou críticos de arte, tendo como
álibi a marca registrada do artista: as figuras geométricas dos barrados de
suas obras. E, já muito distante dessa “terrinha” conseguiu seu objetivo: o Tombamento
deste ícone remanescente de um tempo que não volta, mas que será preservado
para sempre!
Ela, a Capela, está lá, sempre estará, mas só, completamente
só. Sua aura ainda resplandece. As vozes em preces emudeceram, mas ninguém dela
se esquece.
Seus moradores, os antigos ou os novos, querem acordar
aos domingos e ouvirem o ressoar dos sinos. Não querem relembrar apenas
passados, e sim ouvirem os sinos no presente! Querem cantar as Aves Marias
novamente!
Monte Alegre quer renascer! Seu passado glorioso pode ser
transmutado, e tem que ser reiniciado por ela, a Capelinha quem sabe!
E, gostaria de terminar esse tributo, citando um texto
que há pouco tempo vi e gostei do que li... na Revista Virtual MONTE ALEGRE em
sua primeira edição, escreveu seu diretor Bruno Fernandes Chamochumbi:
Justamente o neto do Sr. Eduardo Fernandes Filho, que
também fez sua parte nessa história, e que surpresa agradável, pois percebi o
empenho de seu neto, em desejar reconstruir esse pedacinho de paraíso:
“... nossas páginas falam de um Monte Alegre que cresce
sem precisar aumentar de tamanho, que se desenvolve sem agredir a vida, que
harmoniza tecnologia com meio ambiente, e história com futuro...”
Que assim seja feito.
AVE Capela de São Pedro... Ave