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Cora Coralina – 25 de
maio de 2013
Cora Coralina, pseudônimo de Ana
Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi uma poetisa e contista brasileira. Considerada uma das principais escritoras brasileiras, ela teve seu
primeiro livro publicado em junho de 1965 (Poemas
dos Becos de Goiás e Estórias Mais),1 quando já tinha quase 76 anos
de idade.2 3
Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido
longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior
brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.
Biografia
Filha de Francisco Paula Lins Guimarães Peixoto, desembargador nomeado
por D. Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, Ana nasceu e foi criada
às margens do rio Vermelho, em casa comprada por sua família no século XIX,
quando seu avô ainda era uma criança. Estima-se que essa casa foi construída em
meados do século XVIII, tendo sido uma das primeiras edificações da antiga Vila
Boa de Goiás. Começou a escrever os seus primeiros textos aos 14 anos de idade,
publicando-os nos jornais da cidade de Goiás, e nos jornais de outras cidades,
como constitui exemplo o semanário "Folha do Sul" da cidade goiana de
Bela Vista - desde a sua fundação a 20 de janeiro de 1905 -, e nos periódicos de outros rincões, assim a revista A Informação
Goiana do Rio de Janeiro, que começou a ser editada a 15 de julho de 1917,
apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou somente as primeiras quatro
séries, com a Mestra Silvina. Melhor, Mestre-Escola Silvina Ermelinda Xavier de
Brito (1835 - 1920). Conforme Assis Brasil, na sua antologia "A Poesia
Goiana no Século XX", Rio de Janeiro: IMAGO Editora, 1997, página 66,
"a mais recuada indicação que se tem de sua vida literária data de 1907,
através do semanário 'A Rosa', dirigido por ela própria e mais Leodegária de
Jesus, Rosa Godinho e Alice Santana." Todavia, constam trabalhos seus nos
periódicos goianos antes dessa data. É o caso da crônica "A Tua
Volta", dedicada 'Ao Luiz do Couto, o querido poeta gentil das mulheres
goianas', estampada no referido semanário "Folha do Sul", da cidade
de Bela Vista, ano 2, n. 64, p. 1, 10 de maio de 1906.
Ao tempo em que publica essa crônica, ou um pouco antes, Cora Coralina
começa a frequentar as tertúlias do "Clube Literário Goiano", situado
em um dos salões do sobrado de dona Virgínia da Luz Vieira. Que lhe inspira o
poema evocativo "Velho Sobrado". Quando começa então a redigir para o
jornal literário "A Rosa" (1907). Publicou, nessa fase, em 1910, o conto Tragédia na Roça.
Casou em 1910 com o advogado Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas,
com quem se mudou, no ano seguinte (quando ele, Cantídio, exercia a Chefatura
de Polícia, cargo equivalente ao de Secretário da Segurança, do governo do
presidente Urbano Coelho de Gouvêa - 1909 - 1912), para o interior de São
Paulo, onde viveu durante 45 anos, inicialmente nos municípios de Avaré e Jaboticabal onde nascem
seus seis filhos: Paraguaçu, Enéias, Cantídio, Jacintha, Ísis e Vicência. E
depois em São Paulo (1924). Ao chegar à capital, teve
de permanecer algumas semanas trancada num hotel em frente à Estação da Luz, uma vez
que os revolucionários de 1924 haviam parado a cidade.
Em 1930, presenciou a chegada de Getúlio Vargas à esquina
da rua Direita com a Praça do Patriarca. Um de seus filhos participou da Revolução
Constitucionalista de 1932.
Com a morte do marido, passou a vender livros. Posteriormente, mudou-se
para Penápolis, no interior do estado, onde
passou a produzir e vender linguiça caseira e banha de porco. Mudou-se em seguida para Andradina, até que, em 1956, retornou para Goiás.
Ao completar 50 anos de idade, a poetisa relata ter passado por uma
profunda transformação interior, a qual definiria mais tarde como "a perda
do medo". Nessa fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o
pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás. Durante esses anos, Cora
não deixou de escrever poemas relacionados com a sua história pessoal, com a
cidade em que nascera e com ambiente em que fora criada. Ela chegou ainda a
gravar um LP declamando algumas de suas poesias. Lançado pela gravadora
Paulinas Comep, o disco ainda pode ser encontrado hoje em formato CD. Cora
Coralina faleceu em Goiânia. A sua casa na Cidade de
Goiás foi transformada num museu em homenagem à sua história de vida e produção
literária.
Primeiros passos literários
Os elementos folclóricos que faziam
parte do cotidiano de Ana serviram de inspiração para que aquela frágil mulher
se tornasse a dona de uma voz inigualável e sua poesia atingisse um nível de qualidade literária jamais alcançado até aí por
nenhum outro poeta do Centro-Oeste brasileiro.
Senhora de poderosas palavras, Ana escrevia com simplicidade e seu
desconhecimento acerca das regras da gramática contribuiu para que sua
produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em
entender o mundo no qual estava inserida, e ainda compreender o real papel que
deveria representar, Ana parte em busca de respostas no seu cotidiano, vivendo
cada minuto na complexa atmosfera da Cidade de Goiás, que
permitiu a ela a descoberta de como a simplicidade pode ser o melhor caminho
para atingir a mais alta riqueza de espírito.
Divulgação nacional
Foi ao ter a segunda edição (1978) de Poemas dos becos de Goiás e
estórias mais, composta e impressa pelas Oficinas Gráficas da Universidade
Federal de Goiás, com capa (retratando um dos becos da cidade de Goiás) e
ilustrações elaboradas pela consagrada artista Maria Guilhermina, orelha de
J.B. Martins Ramos, e prefácio de Oswaldino Marques, saudada por Carlos Drummond de
Andrade no Jornal do Brasil, a 27 de dezembro de 1980, que Aninha, já conhecida
como Cora Coralina, ganhou a atenção e passou a ser admirada por todo o Brasil. "Não estou fazendo comercial de editora, em época de festas. A
obra foi publicada pela Universidade Federal de Goiás. Se há livros
comovedores, este é um deles." Manifesta-se, ao ensejo, o vate Drummond.
A primeira edição de Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais,
seu primeiro livro, foi publicado pela Editora José Olympio em 1965, quando a poetisa já
contabilizava 75 anos. Reúne os poemas que consagraram o estilo da autora e a transformaram
em uma das maiores poetisas de Língua Portuguesa do século XX. Já a segunda edição,
repetindo, saiu em 1978 pela imprensa da UFG. E a terceira, em 1980. Desta vez,
pela recém implantada editora da UFG, dentro da Coleção Documentos Goianos.
Onze anos depois da primeira
edição de Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais, compôs, em 1976, Meu
Livro de Cordel. Finalmente, em 1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha (Ed.
Global).
Cora Coralina recebeu o título
de Doutor Honoris Causa da UFG (1983). E, logo depois, no mesmo ano, foi eleita
intelectual do ano e contemplada com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores. Dois anos mais tarde, veio a
falecer. A 31 de janeiro de 1999, a sua principal obra, Poemas dos Becos de
Goiás e Estórias Mais, foi aclamada através de um seleto júri organizado
pelo jornal O Popular, de Goiânia, uma das 20 obras mais importantes do século
XX. Enfim, Cora torna-se autora canônica.
Livros e
outras obras
·
Meninos Verdes (livro)|Meninos
Verdes (infantil)
·
Meu Livro de Cordel
·
O Tesouro da Casa Velha
·
A Moeda de Ouro que o Pato
Engoliu (infantil)
·
Vintém de Cobre
·
As Cocadas (infantil)
·
Cora coragem Cora poesia
(Biografia de Cora Coralina escrita por sua filha Vivência Brêtas Tahan)
·
Villa Boa de Goyaz
·
O prato azul-pombinho
(infantil)
Cora Coralina
“O que vale na vida não é o ponto
de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que
colher”.