As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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MEMBROS DO GOLP

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FOTO DE ALGUNS MEMBROS DO GOLP

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sexta-feira, 29 de junho de 2012

A CADA DIA O SEU CUIDADO



Maria Cecília Graner Fessel

                                                        Sempre hei de buscar em cada dia,
O seu sentido próprio, sua fala,
A mensagem escondida, a voz que cala,
E quem vai ao meu lado nesta romaria.

No âmago das coisas hei de cavocar
Para saber de que sementes se fizeram
Os gestos doces, as palavras ásperas,
As mãos a acolher, os braços a cruzar.

É bom que a gente busque algum momento,
Um canto na penumbra, algum silêncio,
E conseguir atravessar a ponte pênsil
Entre o cérebro e o coração.

É preciso escorar-se nas certezas
Descartar pedras e carunchos do feijão
E deixar que escoem nas diárias correntezas
Os resíduos que vazaram pelas mãos...

quinta-feira, 28 de junho de 2012

quarta-feira, 27 de junho de 2012

JÓIA DO NILO





Rosani Abul Adal

Olhar triste cabisbaixo,
rabo entre as pernas.
A fome e o medo,
os seus companheiros.
As marcas do abandono
na costela quebrada.
Passos trêmulos se aproximou.
Saciou a sede e a fome,
sem forças para caminhar,
deitou-se ao meu lado.
Trocamos afagos e carinhos,
uma lágrima deslizou até o focinho
- não resisti e ele me adotou.
Bijou, a minha jóia do Nilo,
acompanha meus passos,
conhece meus segredos
e me acolhe nas noites de solidão.
Na calada da noite conversamos
através de mantras caninos,
Bijou suspira aliviado.
Dormimos e sonhamos sem medo.

QUE SE MUDE A ALMA ENQUANTO VENTA...



Raquel Delvaje

Ao passo em que me tenho esse semblante
 (Que outrora se formou por entre o ventre)
Que se mude o semblante, conforme a alma.
 E que se mude a alma enquanto vente.

E se o vento ventar em meu espírito
Que venha transformar meu pensamento
Bem antes que se faça em mim um mito
(Bem antes que se passe em mim o tempo)

( Bem antes que meu sonho se torne pouco)
Bem antes que transforme em mim um ópio
E faz de um sonho doce um sonho louco
E bem antes que a paz transforme em ódio.

Bem antes que meus olhos tristes cerrem
Aflitos na agonia de um vazio,
Em que nada se fez pra transformar
E ancorou como um náufrago navio.

“Evoluir somente é o que me basta”
Digo à minha alma que está tão sedenta...
Que se mude o semblante, conforme a alma.
 E que se mude a alma enquanto venta.

Ao passo em que me tenho esse semblante
 (Que outrora se formou por entre o ventre)
Que se mude o semblante, conforme a alma.
 E que se mude a alma enquanto venta.

E se o vento ventar em meu espírito
Que venha transformar meu pensamento,
Bem antes que se faça em mim um rito
(Bem antes que se passe em mim o tempo)

( Bem antes que meu sonho se torne letargo)
Bem antes que transforme em mim um ópio
E faz de um suco doce um suco amargo.
E bem antes que a paz transforme em ódio.

Bem antes que meus olhos vêm cerrar
Aflitos na agonia de um vazio,
Em que nada se fez pra transformar
E ancorou como um náufrago navio.

“ Evoluir somente é o que me move”
Digo ao meu coração que está sedento
Que se mude o destino enquanto pode
E que se mude enquanto bate o vento.



segunda-feira, 25 de junho de 2012

FALANDO DAS OFICINAS LITERÁRIAS



Leda Coletti

Comecei a frequentar o GOLP (Grupo Oficina Literária de Piracicaba) em 1996. Inicialmente as reuniões eram realizadas no Engenho Central num dos casarões, onde residiam séculos passados, os dirigentes desta indústria. Depois passaram a se realizar nas dependências da Biblioteca Central, em prédio cedido pela Prefeitura. Atualmente estamos muito bem instaladas na mesma, em prédio próprio.
As reuniões semanais seguiam a orientação dada nos primeiros momentos deste grupo, pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão. Os temas trabalhados sempre partiam de situações motivadoras. Eram utilizados estímulos os mais variados possíveis. Recordo-me de alguns:
O colega coordenador apresentou algumas peças de uso doméstico em desuso, como maçanetas e chaves de portas antigas, parafusos de diferentes tamanhos e outros suportes caseiros. Lembro-me  que desta oficina surgiu um dos meus contos premiados no Mapa Cultural Paulista, em fase municipal: “A Porta.” Também o meu primeiro conto infantil “ A Bota Maluca,”surgiu da motivação de um papel em branco e giz de pintura, onde a partir das figuras desenhadas ao acaso, nasceram inspirações para escrevê-lo.
 E assim aconteceram muitas outras oficinas, onde colegas escritores se sobressaíram nos contos, crônicas, mini e macro contos, que inscritos em concursos locais, regionais e até nacionais, ganharam significativos prêmios. É intenção do GOLP neste ano 2012, reforçar estas oficinas motivadoras, além daquelas utilizadas com mais frequência, ou seja, as que exploram leituras e comentários de contos e crônicas de escritores, introduzidos antes do ato da escrita. Por sugestão de alguns membros do grupo exporemos quinzenalmente, os escritos destes encontros em mural, o qual já foi colocado na Sala de Leitura da Biblioteca Central.
As Oficinas Literárias ajudam no desenvolvimento da criatividade, na concentração em determinados temas que surgem a partir dos estímulos apresentados.Todos que frequentam as oficinas dizem que esses encontros literários (hoje realizados quinzenalmente), proporcionam uma melhora na arte de escrever, além permitir um ambiente amigo entre seus membros.
Se você leitor quiser exercitar e colocar em prática seu potencial literário, venha fazer parte dessa nossa família literária, Será muito bem-vindo.

Convite:  Hoje, 25, tem oficina coordenada pela escritora Carmen Pilotto, às 19h30

sábado, 23 de junho de 2012

Que livro você está lendo?

Ana Lucia Paterniani é médica psiquiatra, musicista e escritora

Estou fazendo uma releitura dos clássicos Contos de Fadas, uma coletânea de 284 páginas da Editora ZAHAR.
Contém os clássicos de Perrault, Grimm, Andersen e outros, com apresentação da Ana Maria Machado: " Conhecer os contos de fadas é importante para nos conhecermos. E, como este livro comprova, é uma forma de encantamento literário."
Para mim está sendo uma viagem de volta a minha infância entre "A Bela Adormecida", "Branca de Neve", ' Cinderela", "Chapeuzinho Vermelho", "O Gato de Botas", " A Bela e a Fera", "João e Maria", " Rapunzel" ( que descobri ser um tipo de alface! ) ... e ainda aproveito para contar para a minha filhinha ( meu bebê de 21 aninhos...rsrs...) as não tão conhecidas, como "Pele de Asno"," Barba Azul", " A pequena vendedora de fósforos", " A princesa e a ervilha".
O livro traz ainda uma pequena biografia dos autores e comentários no final dos contos sobre a "moral" da história.
Fiquei sabendo também que a autora do meu conto preferido ( " A Bela e a Fera" ) é uma escritora francesa, Jeanne-Marie Leprince de Beaumont. Madame de Beaumont era ex-governanta e mãe de muitos filhos e entre 1750 e 1775 lançou uma série de antologias de histórias, ensaios, contos de fadas e anedotas. Autora de romances também, continuou a escrever até o fim de sua vida.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pegue e Pague - livros

Uma ideia bem interessante no metrô de São Paulo para incentivar a leitura. 
Uma máquina tipo as que vendem refrigerantes, mas para vender livros, e o preço, a própria pessoa que faz. 
Quanto vale um livro? 
Preço mínimo $2 reais, pois a máquina não aceita moedas.
Ideia boa deve ser copiada!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

GUARDADOR DE SONHOS



Raquel Delvaje

Quero ser hoje, guardador de sonhos...
Viver nas calmarias das campinas
Ter todos os meus sonhos bem guardados
 Não deixá-los perdidos nas colinas.

Meu rebanho de sonhos, quero ter,
Quero beber em fontes aprazíveis,
E não deixar minguá-los por cansaços
E nem mesmo por tempos tão difíceis.

E mesmo quando os tempos forem idos,
Meus sonhos permanecerão comigo.
Quero a mansidão do pastor de ovelhas
Quero a companhia do sonho amigo.

Se semeadas foram, as sementes,
Acredito nos sonhos bem sonhados.
Se for a fé que moverá montanhas,
Andarei calmamente pelos prados.

Cochilarei nas noites luarentas
 Vigiarei nas noites tenebrosas
Pois antes tenho que guardar os sonhos,
Até o tempo de colher as rosas.

Porém sei que verei brilhar o sol
Mas o cansaço vem dominador.
Eu sei que tenho que guardar os sonhos
Como guarda as ovelhas, o pastor.

Pois os sonhos se perdem nos momentos,
Em que  corações ficam mais aflitos
Nessa hora devemos defender
Os nossos sonhos dos lobos famintos.

terça-feira, 19 de junho de 2012

A SUPREMA ARTE



Maria de Fátima Rodrigues

Saber falar, ser um orador é uma arte, mas também um dom, assim como tudo que conseguimos aprender com facilidade, e o fazemos com prazer. Acredito que seja porque já o possuímos em nosso âmago, e muitas vezes somente descobrimos estes dons quando necessitamos executá-los para uma tarefa, seja na escola, no trabalho, ou até mesmo doméstica. Cantar, dançar, escrever, cozinhar, esculpir, desenhar, pintar, administrar, fazer rir, representar, enfim, todas as artes que possamos imaginar, muitas delas já estavam ali, bastando uma oportunidade para “aflorar”!
Mas, existe algo inerente a todo ser humano que pode ser despertado: saber ouvir! Não estou me referindo a escutar para aprender algo, mas ouvir alguém a lhe contar algo, a desabafar um problema, uma dúvida, a lhe contar como fez para resolver! E, incluo os profissionais que estudaram para isso, como os psicanalistas, psiquiatras, psicólogos, terapeutas, assistentes sociais, porque eles tiveram que aprender também, se é que realmente o conseguem, há exceções, mas são poucos, esta que considero a mais complexa das Artes!
Ouvir não é julgar atitudes ou dar conselhos. Ouvir, não é nem deixar o outro terminar de falar e começar a contar outra história parecida que aconteceu consigo. Ouvir é uma arte que exige sabedoria, equilíbrio emocional e acima de tudo amor incondicional ao próximo. Exige experiência de vida e cicatrizes na alma! Ouvir é escutar o outro sem julgamentos, pois cada um tem uma história de vida e suas atitudes foram ou são tomadas de acordo com seus valores, não podemos fazer comparações com nada e com ninguém.
É esquecer seus próprios problemas e compromissos naquele momento, esquecer seu próprio ego, porque como escreveu Khalil Gibran”... há os que dão pouco do muito que possuem, e fazem-no para serem elogiados, e seu desejo secreto desvaloriza suas dádivas.”
A arte de ouvir... só poderão utilizá-la, aqueles que aprenderam a ficar em “estado de graça”, e está ali apenas com seu Deus Interior presente, e anular sua própria personalidade para estar receptivo à do outro. Apenas isto, nada mais!
A humanidade está necessitando mais do que nunca de pessoas que pratiquem esta Arte... e mais uma vez citando Gibran:“... há aqueles que dão sem sentir pena nem alegria, e sem pensar em sua  própria virtude,  assim como o mirto espalha sua fragrância, e pelas mãos de tais pessoas Deus fala e através de seus olhos, Ele sorri para o mundo.”
Acredito que saber ouvir seja a Suprema Arte...o bálsamo para a ferida daqueles que precisam de cura física, mental e espiritual!“Audi et alterem partem!” (ouça o outro lado)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

RENOVAÇÃO




                               Dirce Ramos de Lima

       Como soldados abatidos na guerra,
        vão-se todos,
        um por um...

     Amigos ou inimigos,
    conhecidos ou estranhos.
     A população se renova
       e novos habitantes surgem na terra.

   È melhor que chegue nossa vez,
   pois quanto mais demoramos,
   mais sozinhos estamos...

  Companheiros tão amados,
  amantes apaixonados,
  onde estão?
  Nada! Ninguém! Nenhum...

domingo, 17 de junho de 2012

QUE LIVRO VOCÊ ESTÁ LENDO?



Daniel Valim é escritor, declamador e intérprete teatral


Estou tendo a feliz oportunidade de ler novamente o livro SAUDADE, 174 páginas, da Editora Nacional,  do escritor piracicabano Thales Castanho de Andrade.
O livro nos conta a história do jovem Mario. O pai dele vende  o sítio em que viviam, para saldar dívidas e leva a família para a cidade onde os problemas financeiros só aumentam. Eles sofrem, mas encontram uma oportunidade de novamente voltarem a viver na vida campestre.
Mario, sua irmã Rosinha, a mãe Emília e o pai Raimundo, juntamente com o Nho Lau, empregado do sítio, e vários outros personagens desta história, nos proporcionam horas felizes em viagens e acontecimentos campestres.
A nossa ESALQ, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,  antiga Escola Agrícola, é parte da felicidade deste livro.
Nesta viagem literária encontramos poemas de Guilherme de Almeida, Luis Pistarini, Álvares de Azevedo Sobrinho, Ricardo Gonçalves, Canto e Melo e Luis de Camões.


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Oficinas no Golp

(foto - Ana Clara)
O Grupo Oficina Literária de Piracicaba retoma o projeto das oficinas literárias.
A escritora Leda Coletti comandou a primeira que foi muito produtiva.
A próxima oficina será coordenada pela escritora  Carmen Pilotto.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Antonio, o Santo



Olivaldo Júnior

Salve Antonio, o santo!
Sequer sou devoto,
mas atesto o quanto
já lhe deram voto.

Ah! Que doce encanto
ao saber que Antonio,
mesmo sendo um santo,
teve um belo sonho!

Todo o sonho ao santo
consistiu no novo,
no perdão sem pranto
batizando o povo.

Moça em puro espanto
ao saber que Antonio,
mesmo sendo um santo,
faz do “sim” o sonho.

Salve Santo Antonio!
Sequer sou direito,
mas perfeito ao ponto
de louvar seu jeito.


Recordações...



Esther Vacchi Passos

                   A casa onde eu nasci ficava num sítio, feita de tijolos à vista, construída na beira da estrada. Era simples, mas cômoda. Na parede da frente da casa e acima da porta da sala, a data escrita em algarismos romanos, MCMXLVII, comum nas construções da época.
Na entrada do sítio, a porteira marrom de madeira trançada, o caminho de terra batida onde passavam charretes, boiada, que eu ficava olhando junto aos meus sete irmãos. Somente passava o carro que levava as professoras à escola. O Sr. Eugênio era o motorista e um dos poucos que tinha carro no bairro. O sítio, cercado com Pinhão Paraguai, dava frutos que eram usados pela minha mãe para fazer sabão caseiro.   
No jardim, minha mãe Olinda, plantava flores e conversava com elas. No galinheiro, havia muitas galinhas poedeiras e um galo que cantava na madrugada. Ele acordava meu pai Dante que levava frutas no mercadão municipal. As frondosas mangueiras com seus frutos doces, onde as crianças se lambuzavam “até os cotovelos” e também serviam para amarrar o balanço de pneu. O terreiro de tijolos onde secava o café, feijão e milho, servia para brincarmos de pega-pega e pula-corda.
No rancho, próximo ao terreiro de tijolos, havia um poço com água cristalina e o tanque onde a mãe lavava as roupas da família. Guardava ali também a carroça, ferramentas, milho no paiol, frutas, cereais e uma moenda, de onde saía um delicioso caldo de cana caiana no fim de semana. Havia também a cocheira onde ficava o burro e a égua. No domingo meu pai levava os filhos para passear de charrete na casa da Nona Maria e o cão Joli fazia companhia, em cima da charrete.
Na cozinha, o fogão a lenha deixava a comida quentinha e gostosa. Dali saía o tradicional frango caipira com polenta, as sopas “minestrones” e canjas no final de tarde. Minha mãe também fazia bolachinhas de nata, bolo de fubá, crustoles e cufa, regados com chá de erva cidreira.
Que saudade do cheiro da casa, da comida do fogão a lenha, do quintal, dos animais, das frutas, das árvores frondosas, da família e dos pais que já se foram.
Hoje, passo naquele local e sinto um aperto no peito... Quantas recordações ali vividas. Resta apenas um terreno vazio e abandonado. Os anos e momentos ali vividos ficarão guardados para sempre na lembrança e passados de pai para filho e de filhos para netos...                                           

terça-feira, 12 de junho de 2012

ILUSÕES PERDIDAS



(parafraseando Florbela Espanca)
                          Leda Coletti

O que sonhava acontecer na vida,
gozar de grande amor puro, sincero
ficou só na ilusão, mágoa sentida
de relação confusa, sem tempero.

Muita provação tive nesta lida,
ausência de carinho, pouco esmero
em me fazerem ser mulher querida,
ludibriada por falso lero-lero.

Como esperei ansiosa, apaixonada
trocar beijos ardentes, ser amada
por quem amei até em demasia.

Em troca encontrei dor, triste mentira
que me fez muito mal levou-me à ira
por ver à mostra tanta hipocrisia.

domingo, 10 de junho de 2012

Que livro você está lendo?

Armando Alexandre dos Santos é membro da Academia Piracicabana de Letras e  editor da Revista da APL


Estou lendo, ou melhor, estou saboreando com gosto o livro “Magia e poder no Império Romano – A Apologia de Apuleio”, de autoria da minha amiga e professora Semíramis Corsi Silva (Editora Annablume/Fapesp, 2012, 224p.).
Apuleio de Madaura, mais conhecido por sua obra famosa “O asno de ouro”, era um orador e filósofo médio-platônico que vivia no século II d.C. na cidade africana de Oea. Ali se casou com Pudentila, viúva que possuía patrimônio bastante considerável. Terá sido um casamento por amor, ou por interesse, no melhor estilo do popularmente conhecido “golpe do baú”? Isso não fica inteiramente claro, a partir das fontes históricas disponíveis. O fato é que os parentes do primeiro marido de Pudentila moveram um rumoroso processo contra Apuleio, acusando-o de práticas mágicas, conduta criminosa pela legislação do Império. Por trás da acusação de caráter religioso estavam presentes, notoriamente, interesses de tipo econômico e político.
Apuleio, retórico de invejável cultura, habituado às práticas processuais e aos debates jurídicos da época, defendeu-se por meio de sua Apologia, na qual sustentava que as formas de magia de que era acusado nada continham de contrário à lei.
A autora analisa com cuidado o documento produzido por Apuleio, contextualizando-o devidamente e traçando um quadro bem articulado da elite local, com suas práticas culturais e religiosas, com seus hábitos de vida. Trata-se de uma análise muito rica e em extremo interessante, sem embargo do rigor científico e historiográfico.
“É fascinante percebermos que o livro de Semíramis Corsi Silva possui um toque de investigação policial associado com o rigor metodológico da pesquisa histórica”, ressaltou no prefácio da obra a Profa. Margarida Maria de Carvalho, que foi a orientadora de Semíramis no seu mestrado.

De fato, é livro que vale muito a pena ler. Interessa não somente a estudiosos da História, mas ao públicoem geral. Os pedidos podem ser feitos à editora, pelo site www.annablume.com.br



sábado, 9 de junho de 2012

sexta-feira, 8 de junho de 2012

TRÂNSITO CAÓTICO*



Ludovico da Silva

Dias passados este o JP publicou matéria a respeito do aumento considerável da frota de veículos que passaram a circular na cidade. Uma notícia que revelou a situação econômica por demais auspiciosa da população piracicabana, que passou a investir em um projeto que vem facilitar a vida dos cidadãos, pois nos dias atuais o automóvel deixou de ser uma manifestação de riqueza e sim de utilidade para aqueles que precisam se dirigir às empresas onde trabalham ou mesmo quando necessário a viagens curtas ou longas, com o objetivo de ganhar tempo e resolver problemas particulares ou, vá lá, em passeios com a família. Até aí tudo bem, porque é um direito que têm para facilitar a vida.
Entretanto, há um pormenor a se considerar em relação ao problema que se transformou o trânsito na cidade. Será que todos os cidadãos que pegam o volante e saem a dirigir estão devidamente preparados à tarefa que os levou a portar a carteira de habilitação? Não parece pelo que se vê no que acontece pelas ruas da cidade, pois uma simples observação pode reunir uma série de irregularidades que compromete melhor fluxo de veículos e denota irresponsabilidade de condutores.
Uma pequena listagem: paradas em faixas proibidas não são novidades, não bastassem aquelas que ocorrem para a descida de passageiros ou mesmo para uma chegada rápida a um estabelecimento de crédito; veículos estacionados sobre calçadas, que prejudicam a vida de pedestres, obrigados a se deslocar até mesmo para o espaço carroçável, correndo o risco de sofrer acidentes; avanços nas sinalizações dos semáforos, não poucas vezes provocando choques de veículos com danos materiais e físicos; ultrapassagens perigosas, sem qualquer respeito àqueles que vão à frente, obrigando estes a manobras arriscadas em defesa de sua integridade física e danos materiais; desconsideração ao direito de terceiros, que dirigem com responsabilidade e cautela e que acabam mesmo ouvindo palavrões e gestos irônicos; desrespeito às sinalizações aéreas e de solo, como se elas não existissem para suas intenções superiores ou maléficas; é inadmissível a ocorrência praticada por não raros motoristas nas esquinas, com as “cortadas” à frente para quem toma o mesmo sentido ou aqueles que seguem em direção reta, obrigando estes a manobras rápidas e arriscadas, com freadas bruscas. E os que abrem a porta dos veículos completamente alheios à movimentação intensa do seu lado? Não se admite que motoristas com um mínimo de competência e responsabilidade cometa tais abusos no trânsito.
Pera aí. Há uma enorme carga de obrigações direcionadas, também, aos pedestres, que deixam de cumprir as mais comezinhas obediências no respeito às leis do trânsito. Não são poucos aqueles que deixam de atravessar nas faixas que lhes são determinadas, preferindo fazê-lo no meio das ruas, da mesma maneira quando os semáforos lhes estão fechados, sem qualquer atenção à aproximação de um veículo. Ainda mais, ofendem motoristas com palavras de baixo calão ou lhes olham ironicamente como se estivessem cobertos de razão. Se todos dividissem as responsabilidades muitos acidentes seriam evitados, físicos, materiais e até vidas.
Por isso e por muito mais o trânsito piracicabano se torna cada vez mais complicado. Já não se trata apenas de fiscalização rigorosa, mas sim da conscientização de todos ao respeito das leis, com direitos, mas, sobretudo, deveres.    

*Crônica publicada no Jornal de Piracicaba de 03/06/2012
*Publicada no jornal A Tribuna Piracicabana em 07/06/2012

terça-feira, 5 de junho de 2012

Painel do GOLP na Biblioteca Municipal de Piracicaba

A Biblioteca Municipal de Piracicaba cedeu um espaço para divulgação de textos e eventos do GOLP (Grupo Oficina Literária de Piracicaba)
Os trabalhos serão trocados e atualizados a cada duas semanas

segunda-feira, 4 de junho de 2012

INSTANTÂNEOS DA NATUREZA

Leda Coletti
              
          A orquestra dos trovões e faíscas elétricas, ora atingia sons graves e lentos, ora agudos e rápidos. As artistas nuvens se preparavam para entrar em cena. Ansiosas, davam os últimos retoques, fazendo alongamento e já ensaiando passos mais impetuosos, movimentando seus trajes cinzentos, os quais em alguns momentos ficavam azuis escuros, quase negros. E o esperado momento aconteceu. A cortina do céu se abriu e elas exibiram a mais bela dança, a chuva, que refrescou toda terra.

sábado, 2 de junho de 2012

Que livro você está lendo?*


Cássio Camilo Almeida de Negri é médico e integra o Grupo Oficina Literária de Piracicaba e a Academia Piracicabana de Letras 

Estou lendo o livro JUDAS E JESUS – Duas faces de uma única revelação, da Editora VOZES – 190 páginas.
O autor, Jean-Yves Leloup, estudou minuciosamente textos apócrifos (evangelhos antigos, não aceitos pela Igreja), inclusive o codex copta, conhecido como o Evangelho de Judas, e concluiu que Judas teria algo mais a mostrar do que simples falha inerente à humanidade.
O livro apresenta uma reintrepretação radical do relacionamento entre Judas e Jesus.
Judas foi figura chave na história da crucificação de Jesus que persuadiu Judas a representar o papel do “Mal” na humanidade e sem ele, Jesus não atingiria o Cristo, realizando o plano de Deus.
No entanto, para entender essa bela missão de Judas, temos que entender as entrelinhas do fato, e isso não é para qualquer um, apenas para os que olham na consciência do Cristo que vive em cada um de nós.


* Entrevista concedida à coluna Prosa & Verso do jornal A Tribuna Piracicabana em 02/06/2012

sexta-feira, 1 de junho de 2012

TROVA


ilustração de Marcel Melfi


Olivaldo Junior


Nem de nylon, nem de aço:
tuas cordas, violão,
são de nada quando abraço
toda a nossa solidão.