As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

CHEIROS NOSTÁLGICOS


Elda Nympha Cobra Silveira

É incrível como certos odores nos transportam para dimensões no tempo e no espaço numa velocidade incrível. O pensamento não precisa de nenhum veículo para viajar, é só ter sentimento. O cheiro que exala dos restaurantes, que ficam nas imediações do rio Piracicaba é inconfundível. É incrível a nostalgia que nos toma ao lembrar-se dos tempos em que se via com frequência verdadeira multidão, que se acotovelava na curva que o Piracicaba faz antes da Casa do Povoador, quando os pescadores paravam os barcos e eram muito aplaudidos quando um dourado ou pintado saia da água, envergando as varas e testando, até o limite, a perícia dos atores daquela mágica cena ribeirinha! 
O cheiro de pipoca nos leva a pensar em reunião de família, Copa do Mundo pela TV, festa junina, jogo de baralho com amigos, recordação da infância, a gostosura de brincar com os filhos no parque de diversões...
O cheiro da terra molhada traz á lembrança cenas do clássico hoollywoodiano “A Dama das Camélias”, na cena em que a protagonista gostava desse odor, porque estava se entregando à morte, porque tinha que deixar seu grande amor por causa da tuberculose. O cheiro gostoso dos livros nas livrarias traz à mente um mundo de sonhos. Cada livro é um “abre-te sésamo”, que nos permite absorver as joias da literatura, quando cada livro nos leva às lágrimas ou à introspecção, porque, ao escolher um livro entramos na intimidade fascinante dos pensamentos do escritor.
Os cheiros dos doces diversos, do cachorro-quente, do pastel, da pipoca doce e salgada e do tempurá da Praça José Bonifácio, trazem à memória as festas comunitárias e os encontros casuais dos amigos. A Catedral nos traz à memória o odor da devoção representado pelo ardor do incenso e da luz mortiça das velas, que impregnavam paredes e colunas majestosas com a fuligem da cera queimada, a nos propiciar emoções intimistas e espirituais.
O cheirinho de talco lembra filhos e netos quando bebês. O perfume dos cabelos de quem se ama, e até o cheiro de uma noite de amor, tudo é lembrança!
O cheirinho de Glostora, Gumex, Odorono, o perfume de Gardênia, do Cachemir Bouquet, do sabonete das estrelas e do perfume Channel, nº. 5. É tão bom sentir o cheiro de mormaço no fim das tardes de verão, deitada numa rede num rancho na beira de um rio, ou o cheiro da maresia, misturada com o das árvores.
O cheiro daquele velório, num misto de flores e velas, que dificilmente se esquece, porque alguém partiu para sempre deixando uma lacuna que jamais será preenchida. E o cheiro da comida da mamãe? E o do café coado na hora? O cheiro de manga madura chupada com amigas, que repimpadas nos galhos da mangueira, sempre lambuzavam a cara inteira, senão não tinha graça. 
O cheiro de lança-perfume nos salões dos carnavais de outrora, extravasava pelos poros colados com confetes.
O cheiro de cloro da piscina do Colégio Piracicabano e a lembrança do Bastião, funcionário muito querido por todos. O cheiro de cera no assoalho coberto com uma passadeira de linóleo

Por isso Deus nos deu olhos para ver e olfato para sentir o cheiro das coisas, proporcionando-nos, através do olfato um reviver eterno, pois odores são voláteis e passageiros, mas nos é dado conhecer suas novas nuanças, que poderosas, conseguem resgatar o que o tempo levou, mas que ainda vive em nossas lembranças.

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