Páginas

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Bendições







Marisa Bueloni


       Bendito seja o amor. Todo amor. O amor que salva e é solidário. O amor que promove a cura, que transpõe barreiras e preconceitos, e chega onde ninguém havia estado antes. O amor que une famílias, que une almas e corpos. O amor que exige bondade, entendimento, afeto, perdão.
Bendito seja Deus nos Seus anjos e nos Seus santos. Desde menina, ouço esta frase que soa tão majestosa. Vislumbro o Senhor sentado num trono de glória, resplandecendo o fulgor do Seu poder.
Bendita seja a água. A bênção de abrir a torneira e o milagre de tê-la em nossa casa. Fazer um café começa com a abençoada água fervendo no fogão. Um piso lavado e limpo se deve a esta preciosidade. E que banho se toma sem ela?
Bendita seja toda luz. A luz solar que incendeia nossa existência diária. A luz da lâmpada elétrica. A luz da Palavra que dissipa as trevas. A luz de quem sabe ser luz, sempre.
Bendita seja a paciência. Santa Tereza d´Avila dizia que a paciência tudo alcança e que tudo passa. Só Deus basta. Então, bendita seja a nossa cruz diária, uma vez que temos de carregá-la, pois ela nos leva ao prêmio eterno.
Bendito seja o pão de cada dia, o pão da nossa mesa. Eu amo o pão. Há momentos em que não posso olhar para o pão sem que lágrimas escapem dos meus olhos. Pão me faz chorar. Não sei por quê. Bendito seja o pão de cada mesa!
Bendita seja a nossa casa. O lar para o qual nos refugiamos, em busca de repouso, de aconchego e de paz! Bendita a nossa cama sagrada, nosso travesseiro cúmplice, as cobertas quentinhas para as noites de frio – as orações ditas na vigília do sono...
Bendita seja a experiência. Ah, que bela é. Conhecer o caminho das pedras e pular etapas de fogo porque se conhece a essência, o trajeto e o mecanismo de algumas coisas importantes e essenciais para a vida.
Benditas sejam as mães. Estas criaturas feitas de um material extraterreno. As mães, incansáveis guardiãs das noites orvalhadas de sono e zelo.
Bendita seja a alegria! Ela faz de nós os palhaços e bobos necessários a um mundo triste e agonizante. Ria, se você sente a alegria, se a vida é bela. Leve seu sorriso e seu entusiasmo aos que sofrem. Seja para eles a esperança que talvez perderam.      
Bendita seja uma igreja, um templo de oração e exercício de espiritualidade, lugar de silêncio e meditação. Que bom poder adentrar num destes santuários, no meio da tarde, e parar um pouco o ritmo frenético em que mergulhamos nos últimos tempos. Que bom.
Benditos sejam o computador, a internet e a tecnologia assombrosa que nos põem em contato simultâneo com o mundo todo. Há algo de fantástico ao nosso redor, além das redes sociais, e que é preciso enxergar. Benditos sejam os que fazem uso de tudo como se não o fizessem. Sem perder a ternura.
Bendita seja a saúde. A respiração transparente, inaudível e preciosa. Os pulmões limpos e saudáveis, a sorver o aroma de todas as coisas criadas. Uma romã partida ao meio; a madeira fresca e olorosa; um sabonete de erva-doce.  Dirigir nosso carro em segurança, caminhar, tomar um café, estender as mãos a quem precisa. Levar conforto e carinho. Amar e abraçar. Beijar. Ah, Deus Pai! Bendita seja a saúde.
Bendita seja a inteligência. Benditos os talentosos, os encantadores de almas e mentes, porque estão num patamar acima e orientam os sonhos. São os planadores das descobertas, as rotas condoreiras de todas as altitudes. Benditos os inteligentes.
Benditos o amor e a caridade. O que seria de nós sem a capacidade de amar, de transigir, de ser paciente e tolerante – e de perdoar? Benditos os generosos, os ricos em misericórdia, bondade e compaixão. Bendito os que amam porque entendem que, sem amor, não existe vida.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

CONTÁGIO




                             Dirce Ramos de Lima

    Não tirem meus sonhos,
        minha ilusão , minha esperança!
   O sangue que corre em minhas veias
     é um velho palhaço que
         ainda pula e dança!
   Ah! Coração saltitante de paixão!
   Veja como é linda a vida!
  Deixem-me compartilhar da inocência das crianças,
  e contagiar-me dessa fragilidade
         que tudo pode,
         que tudo quer
         e tudo alcança!

terça-feira, 29 de maio de 2012

FORMANDO JOVENS COM INTELIGÊNCIA



     Mayara Lisboa
 ( 2º ano EM – Colégio Salesiano Assunção- aulas de redação da profª Christina A. Negro Silva)

            Os jovens estão se tornando cada vez menos reflexivos, pois atualmente parece ser mais interessante se apresentar ao grupo como tendo menos cultura e mais esperteza. Os heróis atuais são aqueles que demonstram ao público que conseguem atingir seus objetivos sem precisar dedicar muito de seu tempo aos estudos.
            Para que estudar quando se conhece um Neymar que pouco estudou e é milionário, ou um ex-presidente do país que fez supletivo ou para que analisar as profundas letras de Gil ou Caetano, quando a “humilde residência” do Michel Teló caiu no gosto de todo Brasil ? Os programas de TV e as celebridades que neles se apresentam acabam indicando, de forma intencional ou não, que o sucesso mais interessante não é o acadêmico.
            Os jovens precisam se desfazer da imagem que possuem dos alunos estudiosos e que tiram boas notas, como se todos eles fossem “nerds”,  chatos, que sabem tudo e não socializam nada. Quando isso acontecer os chamados “folgados” não serão mais o centro das atenções e nem se tornarão grandes lideranças para o grupo.
            Para escola ter a mínima chance de mudar esse jogo precisa jogar com uma equipe melhor preparada, ou seja, precisa ter professores “antenados”, que organizem palestras, usem tecnologias a favor da educação, preparem atividades práticas, comentem trechos literários, manchetes e artigos de jornais ou assistam aos programas que os jovens assistem para estimulá-los  ao estudo prazeroso, às curiosidades pelos vários assuntos e que  mostrem diariamente que é possível ser estudioso, inteligente e ,ao mesmo tempo, popular e engraçado.
            Contudo, os responsáveis pelas políticas públicas da Educação e a sociedade civil devem dar sua parcela de contribuição para a melhoria das escolas, pois para termos professores como os citados é preciso mais investimentos em Educação, em propagandas em favor dos estudos e na formação de jovens conscientes.
                                                           

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Que livro você está lendo?



Estou lendo o livro:
“A Colecionadora de Ovos”
Autora: Luzia Stocco
Editora: Patuá
Gênero: Contos
Número de Páginas: 98

Percebo nos contos uma perspicaz compreensão da escritora para a mente feminina, e, o maior desafio é tentar decifrá-la. Saber o que a mulher deseja identificar quando está em crise, ou, em quadros considerados disfuncionais, é muito bem explorado pela escritora. A realidade é que o universo feminino é altamente complexo. Entender, explicar por palavras; o que as mulheres querem saber ao certo é uma verdadeira incógnita.
Luzia Stocco nos seus contos escreve sobre a feminilidade, onde quer que ela se encontre: seja no homem, seja na mulher. Feminilidade esta, elaborada por Jung como: “anima” a faceta feminina do homem e de “animus”, a faceta masculina da mulher.
É bonito descobrir que o problema, que parecia insolúvel para um personagem, vira algo inusitado no decorrer da narrativa de alguns dos seus contos.
Tal qual, a tecedora ”Pelopia” da mitologia grega, a escritora tece com palavras as narrativas e o leitor vai se envolvendo na tessitura das histórias na bela voz da sua solista, a escritora: Luzia Stocco.

Ana Marly de Oliveira Jacobino escritora piracicabana

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A CANÇÃO DO VENTO



Ludovico da Silva

Os amanheceres da vida não são todos iguais. As diferenças se manifestam a cada dia que nasce e a força da reação traduz os sentimentos de cada pessoa. Manhãs de sol fazem o astral das pessoas atingir elevação de espírito, tornam-nas alegres, comunicativas, fazendo-as transpirar ares de felicidade. Transmitem euforia nos encontros com amigos. Curtem com prazer uma prosa descontraída. Experimentam uma sensação diferente e comunicativa. Até os passarinhos reagem com alegria, transmitindo com seus cantos uma manifestação de contentamento. Trocando encontros em voos delicados, as andorinhas simulam, ao seu jeito, conversas em gorjeios poéticos. No alto de um prédio, cercado pelo movimento incessante de veículos, o sabiá transmite a dor de uma prisão impiedosa, sentindo o prazer escondido no seu trinar melancólico. Pombos da praça arrulham momentos amorosos. Até os pardais, quando se recolhem em seus aposentos nas árvores, iniciam uma sinfonia estridente, mas que envolvem, igualmente, momentos que encerram com sua música os entardeceres diários.      
Se os dias amanhecem chuvosos, carrancudos e macilentos provocam uma reação de tristeza, sempre fugindo pelos contornos das ruas, enroscando nos guarda-chuvas que se chocam a cada passo apressado. As pessoas até se sentem frustradas pela falta de reuniões informais em lugares comuns para jogar conversas fora É uma melancolia total.
Muito mais alegre e proporcionando uma felicidade sem fim é ver o céu todo azulado, sem nuvens, tempestades ou raios riscando os ares ameaçadores, provocando sensação de medo. Daí não dá.
Mais gostoso é quando um vento suave sopra delicadamente o rosto, permitindo às pessoas sentirem o prazer de uma vida cercada de bons augúrios, tornando os corpos leves, o andar no encontro de um amigo que há muito tempo não vê, na saudade que o tempo traz.
Abrir a janela e olhar que o dia desponta cheio na esperança para um mundo sem tristezas.
Na cidade, às vezes, o vento assusta, porque transita pelas ruas que o cercam. Canaliza sua força em vãos estreitos e embrutece o seu passar nos embates aos obstáculos à sua frente. Não oferece uma música suave no toque às flores e no farfalhar dos ramos das árvores. O bom é senti-lo nos campos abertos à sua passagem, quando emite uma sonoridade de um canto envolto em uma melodia que encanta. Pode até, em manhã inesperada, chegar de mansinho e acariciar as flores de um jardim. Alegres e agradecidas, as flores ensaiam um bailado. O vento vai embora, mas promete voltar. E volta.
O tempo passa e das flores despertam sementes viçosas. O vento as leva para dar vida a outro jardim.
Faça como o vento: semeie flores no jardim de sua vida.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Que livro você está lendo?*


Escritor e poeta André Bueno Oliveira

Acabei de ler  “Rosa Parks: não à discriminação racial”. 
Autoria de Nimrod,  tradução para o Português por Marcos Bagno.
1ª edição brasileira: agosto de 2009. 2ª impressão, 2011.
Trata-se da discriminação racial sofrida pelos negros nos Estados Unidos, na década de 1950. Os estados do sul, não concordavam com a abolição da escravatura  que já era aceita nos estados do Norte.  Rosa Parks, então com 42 anos de idade, residindo na cidade de Montgomery, estado do Alabama,  enfrentou corajosamente tal discriminação, e tornou-se famosa na história dos Estados Unidos. Assumiu a liderança em boicotar as linhas de ônibus de sua cidade e de seu Estado, onde os negros eram humilhados, ofendidos e até presos, quando não cediam seus assentos aos brancos.  O movimento atingiu uma adesão fantástica, que durou um ano e dezesseis dias. Finalmente, em 20 de dezembro de 1956 foi decretada a abolição  total e definitiva da segregação racial nos ônibus do Alabama.  Faleceu em 2005, aos 92 anos de idade.
Um livro de agradável leitura, que embora narre discriminações raciais ocorridas há mais de 4 décadas,  ensina ao leitor que jamais deve aceitar calado qualquer humilhação nesse sentido.
As discriminações continuam existindo e talvez nunca deixarão de existir.  Mais uma razão para que o exemplo de Rosa Parks continue sendo seguido em qualquer lugar do mundo.  Prova disto, tivemos recentemente em  Brasilia, onde no início deste mês de maio, num Cinema do Shoping Liberty,  uma funcionária de bilheteria, Marina Serafim dos Reis, negra, foi discriminada e humilhada por um médico psicanalista (com doutorado!)  de nome Heverton Octacilio de Campos de 62 anos.  E não é a primeira vez que fez isto.  Já teve um processo em 2002. Segundo o noticiário nacional, ele será processado por Injúria Racial.


*Entrevista publicada na PROSA & Verso da TRIBUNA PIRACICABANA (20/05/2012)

DESUMANA


                        

Maria de Fátima Rodrigues
   
Meu tempo
não é o de Zeus...
o Olimpo não
é minha morada.

Meus sonhos
são humanos...
sonhados,
anos e anos.

O que há
de errado então...

terça-feira, 22 de maio de 2012

Não me tire o que você não me pode dar...



Lìdia Sendin

Conta-se que na Grécia antiga um pensador chamado *Diógenes (400 a.C), cansado da ignorância e falsidade dos homens e já desiludido com eles, resolveu morar num barril para chamar a atenção para o estilo de vida bastante impróprio e artificial dos homens gregos. Sua história mais conhecida é a de uma suposta visita de Alexandre, o Grande, famoso conquistador, que querendo saber o que poderia fazer por ele, postou-se em frente do barril que lhe servia de casa, ao que o sábio respondeu: “Pode sair da minha frente e parar de obstruir o sol, não me tire o que você não pode me dar”.

Alexandre apresentou-se tentando demagogicamente oferecer alguma vantagem, mas só conseguiu tirar a única coisa que Diógenes tinha no momento, a luz do sol.

Há, pois, que ter muito cuidado quando se tiram esperanças, ilusões ou fé já consolidada de corações ansiosos, sem ter nada pra colocar no lugar. Tiramos a imaginação, as brincadeiras da vida das crianças, tiramos a fé das almas e damos a dureza do mercantilismo, trocando carinho por brinquedos e vendendo ao fiel sua salvação, numa volta anacrônica às indulgências do passado.

Na natureza, o homem sabe bem destruir, mas não é capaz de colocar nada semelhante no lugar, obstruindo, tal qual Alexandre, o sol com poluição desmedida.

Está muito difícil encontrarmos entre os homens de hoje alguém que revoltado com a ignorância, a falsidade e a corrupção, descubra uma forma irreverente de mostrar seu desagrado.

Também é atribuída a esse mesmo Diógenes a procura pelo verdadeiro homem, para isso ele andava pelas ruas com uma lamparina acesa, para espanto de todos, em pleno dia. Pelo que se sabe ele nunca o encontrou... e a humanidade continua procurando... Haja lamparina!

*Diógenes de Sínope (400 a.C a 324 a.C) escola filosófica do cinismo, ou “Kynikos”, como um cão, segundo Stephen Law em Filosofia, pg 250.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Eis a minha cidade


(foto Ivana Negri)

Ésio Antonio Pezzato

Eis a minha cidade! A de fulgor e encanto,
Por Brasílio aclamada a “Noiva da Colina”
A que Newton cantou feliz “adoro tanto”,
E Archimedes pintou numa paixão divina.

Eis a minha cidade! Aqui meus sonhos planto
Para frutos colher na estrofe purpurina.
Para de Ernst ouvir, num sonho sacrossanto
O seu nome tocado em suave ocarina.

Eis a minha cidade! Hoje tão maltratada,
Forasteiros cruéis agem na madrugada
Num desmando feroz que o tempo nunca vence-o.

Eis a minha cidade! E na paixão mais pura
Quero ter na hora extrema a suprema ventura
De seu nome cantar ante o vir do silêncio!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

MINICONTO



Fuso- Horário
                                                                                 Leda Coletti

Correu tanto até o ponto do ônibus. Queria chegar pontualmente ao local de trabalho. Estranhou não ter ninguém esperando. Olhando as horas no relógio de pulso, compreendeu tudo. Esquecera de atrasá-lo. Terminara o horário de verão.

terça-feira, 15 de maio de 2012

No Parque da ESALQ



Antonio Carlos Fusatto

(Monólogo escrito por ocasião dos 100 anos da
 Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”)

Rebuscando meus alfarrábios, encontrei anotações, de um tempo não muito distante, de uma das últimas caminhadas que o “destino” me permitiu fazer pelo parque da ESALQ, em busca de vigor físico e harmonia espiritual.
Cenário deslumbrante!
Aqui, ali, acolá, estouros de cores balouçantes ao vento ameno. É primavera, gargalhando flores em toda parte, tornando a natureza um poema de bucólica beleza, um painel multicor que somente o Grande Arquiteto do Universo sabe pintar.
Sol em ouro escaldante incendeia a terra, embora a manhã apenas esteja começando.
Grande quantidade de pessoas, divididas em pequenos grupos ou casais, caminham tagarelando pelo parque, indiferentes à misteriosa magia que as cerca, jovens estudantes, alegres e brincalhões, caminham para as aulas “num ritual cotidiano”, afinal estão vivendo a “primavera” de suas existências.
Inconstantes ventos tépidos parecem carregar ânforas de perfumes sobre os vergéis, inundando tudo com a fragrância da estação. Céu azul e nuvens gigantescas emolduram a paisagem multicor, onde flores jovens por toda a campina tremulam ao suave toque de audaciosos insetos.
Caminho mais um pouco; paro, observo, sinto a inconstância do vento batendo em meu rosto como a segredar alguma coisa, tento entrar em sintonia com esta Egrégora Cósmica... Mais adiante, o velho e saudoso bonde, ainda bem conservado em seu “pedestal” no meio de um jardim.
O pensamento vagueia pelo tempo e direciona a atenção para o passado: ouço seu ruído inconfundível sobre os trilhos da Rua São João, sinto seu balanço, carregado de irrequietos e até irreverentes agricolões, revejo as normalistas do Normal Rural, em seus uniformes impecáveis, os calouros (bichos) caras-pintadas, saltando dos estribos para fugir dos veteranos, e ouço o sino tocado pelo cobrador a cada passagem recebida.
Essas recordações fazem vibrar a sensibilidade de minh’alma, tocam-na até o âmago. Recomponho a mente e observo que não estou mais sozinho neste local pictórico; jovem nubente posa feliz para as câmaras de prestigioso fotógrafo.
Enquanto filhotes de pássaros chilreiam num ninho que balouça em baixo ramo, expondo a doçura da penugem que guarnece suas gargantas, do alto das árvores, trinados dos sabiás e arrulhos das rolas completam a sinfonia da vida, aumentando a magia do parque.
Mais acolá, a antiga casa do diretor, hoje o bem cuidado museu da ESALQ, onde relíquias históricas da velha escola são conservadas com carinho e devoção quase religiosa. No lago à frente, a nostalgia profunda de uma solitária garça pousada à beira.
O tempo passa lento, continuo minha caminhada, a maioria dos habituais caminheiros do parque foi embora.
A grandeza majestosa das enormes árvores plantadas durante décadas por turmas de formandos ergue-se para o céu em constante e silenciosa oração; lembrança viva daqueles que aqui passaram...
A orquestra da natureza não pára; emite acordes sonoros, provocando neste uma emoção misteriosa, sou espectador e protagonista deste belo espetáculo de vida. Não muito longe, sob a melodia inconfundível da cascata do Piracicamirim, bandos de pássaros bailam pelas nuvens, formando desenhos no ar.
O bem cuidado parque da ESALQ Piracicaba é um santuário ecológico no coração da cidade.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

RINDO DA VIDA



Dirce Ramos de Lima

Já cheguei à idade
em que a vida
perdeu a validade.
Agora tudo é permitido
mas pouco se aproveita.
É o absurdo das incoerências,
a grande felicidade imperfeita:
meu príncipe encantado
é um gatinho manhoso
que aos meus pés
aninha-se e deita.

Meus sonhos seguem
em universos ultra dimensionais
Serei rainha em outros mundos!
Neste, agora, sou apenas
uma anciã inútil,
e nada mais.

Mas, continuamos assim:
eu rindo da vida
e a vida rindo de mim...

domingo, 13 de maio de 2012

SER MÃE



Maria Lúcia Prado Almeida

Alegrias tantas e tão diversas
vivenciamos, graças a Deus!
Na infância, na adolescência, fatos marcantes enterneceram,
e para sempre os levaremos, dentro de nós.

De antigos sonhos, um mais precioso
acalentamos com mais fervor:
de sermos mães, termos nos braços
um filho, um bem, a quem amar.

Tempo passou, anos vivemos
e o que era prece se fez real:
filhos ganhamos, outras nós somos;
tamanha alegria não cabe no peito,
na vida, felicidade maior não há.

Os filhos crescem, com eles vamos,
seus sonhos, seus tropeços, suas vitórias, também são nossos,
temos suas vidas a nós ligadas
graças ao Amor.

Deus os proteja
é o que pedimos,
perto ou distantes
estão em nós.

sábado, 12 de maio de 2012

De que são feitas as mães?



                                                                       Ivana Maria França de Negri

           Mães são feitas de mel

                             de leite
                                de céu

Mães são feitas de amor
                      de dor
                  de essência de flor

Mães são feitas de encanto
       de acalanto
                     às vezes de pranto

                          Mães são feitas de anseios
                          de devaneios
                         de pródigos seios

Mães têm sua porção metal
porção sonho
porção cristal

Têm muito de feiticeiras
são adivinhas
fadas brejeiras

São quase santas

                                              meio anjos

                                        um pouco divinas



sexta-feira, 11 de maio de 2012

MÃE



Ruth Carvalho Lima de Assunção

Mães são sagradas. Heroínas e arrojadas. Em sua intrínseca sabedoria norteiam o caminho dos filhos na senda do bem.
Leoas,  na defesa ,enfrentam todas as dificuldades, moldando caracteres positivos,
espíritos fortes e dignos.
As verdadeiras mães são puras e amorosas, chegando ao divinal; debruçam-se aos pés de Deus orando por seus filhos, no sentido da paz e felicidade.
Mães que assumem seu papel só deixam raízes de amor, palmilhando uma extensa caminhada de dedicação e renúncia. Em horas incertas seguram com firmeza o leme do barco e enfrentam as tempestades.
Incorporam em si todos os momentos alegres ou tristes, superando os desafios,vivendo os anseios,as angústias e inseguranças.
Esse anjo protetor, mesmo ausente, é a fonte de inspiração de uma saudade
Que vive em nós, em todos os momentos, nos meandros de nossa alma.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

MÃE



Silvio Arzolla

Sobre a terra uma luz existe
Que ilumina os corações,
É a nossa mãe querida
Que nos dá sempre guarida


Do despertar até a noite
Está sempre de vigia,
Olhando pelos seus filhos
Com amor e alegria.

Não sabemos oh! Mãe
Como te agradecer
Por tudo que tens feito
E o que ainda vais fazer.

Das estrelas tens o brilho
E do sol o calor
Tu és nosso orgulho
Te saudamos com amor.

A MÃE DAS MÃES



Zilmar Ziller Marcos

I

Não  precisa no tempo voltar   
Pra reconhecer que as mais antigas
De suas recordações  queridas
Mostram sua mãe a lhe amar
Sem tréguas,  e não como as amigas
Que outro amor têm em suas vidas.    

II

Para  você, filha, ela doou,
De seu zelo, cuidado e carinho
Desde a infância até a juventude.
Lembre, pecadinhos perdoou    
Depois de pregar um sermãozinho  
Ensinando o valor da virtude.

III

Você viu, com o passar dos anos,
Que a vida de criança acabou
Dando lugar à jovem mulher.
Não mais seus errinhos, mas enganos
Fazem recordar o que ensinou.
E então, seus conselhos você quer.

IV

Continuaria sempre assim,
Você, filha amada, a mãe amando,
Reconhecida e agradecida
 Por ter a benção de um Serafim 
Gerando, cuidando e ensinando
Segredos e mistérios da vida.

V

Mas, então, você tornou-se mãe!
Não de repente, mas lentamente:
Longo período que durou meses.
A linda imagem de sua mãe,
Um anjo protetor tão somente,
Foi solidária todas as vezes

VI

Em que seu temor e insegurança
Pediam o amor de sua presença.
Ela, então, fiel consoladora,
Transmitiu-lhe sua esperança:
“Que Deus, por sua bondade imensa,
Traria criança encantadora”.

 VII

 Ao vê-la,  a criança no regaço
De sua mãe, com tanta meiguice,
Pareceu-lhe ver-se ali nascida.
Com essa visão, o tempo e o espaço
Sumiram, permitindo que visse
Algo maior em  sua mãe querida.

 VIII

 Passou-lhe n’alma algo que, por certo,
A fará ser protetora mãe.
Sentindo o que antes não sabia
Viu em sua mãe, ali tão perto,
Perfeito modelo de mamãe,
Pleno de amor e sabedoria.