Maria Madalena Tricanico de Carvalho Silveira
“Não
existe sábado sem sol, domingo sem missa e segunda sem preguiça”.
Mas
era domingo. Um ensolarada tarde de domingo. Marina conversava com sua mãe
sobre a rotina de sua vida e a mãe, por sua vez, lembra de fato que tinham
acontecido e que se repetiam, embora com outros focos e outras cores.
Marina
lecionava em uma escola de periferia no
período da manhã, e à tarde
algumas aulas em uma escola particular. Sentia-se realizada em seu trabalho e o
assunto era quase sempre sobre os alunos.
Na
hora do tradicional café da tarde, sempre chegavam mais pessoas da família e
também alguns amigos. Diante de tantas guloseimas Marina deu um longo suspiro e
desabafou:
-
Ai que saudades dos “crustolis” da minha
nona Lucia.
Algumas
primas até argumentaram: “Agora tem nas padarias”.
Marina
percebeu que não tinham entendido, sua saudade não estava na boca, mas no coração.
Poderia até escutar o “croque” do “crustolis”....
A
segunda-feira amanheceu preguiçosa, não para Marina com seus alunos, e
a manhã transcorreu normalmente.
No
período da tarde tinha apenas duas aulas em uma escola particular e ao final da
segunda aula os alunos iam saindo e ela cumprimentando. Percebeu que tinha um
aluno esperando para falar alguma coisa em particular. Chegou bem perto de
Marina e todo envergonhado entregou um saquinho de papel um pouco engordurado e
disse:
-Minha
mãe fez isto para o café da tarde e quis que eu trouxesse um pouco para a
professora...
Marina
agradeceu e quando abriu o saquinho engordurado lá estavam os “crustolis”, bem
sequinhos, barulhentos e passados no açúcar e canela.
Deu
um longo abraço no aluno, perguntou o nome de sua mãe, e ele respondeu rápido: Lucia!
Marina
abriu sua bolsa e tirou um livro que tinha acabado de comprar, fez uma dedicatória
e entregou a ele que leu o título em voz alta todo sorridente:
-Peça
e Será Atendido! Minha mãe vai amar!
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