Ivana Maria França de Negri
Meu querido primo, Jairo Ribeiro de
Mattos, era um lutador nato e incansável, sempre de bem com a vida. O segredo
de sua energia inesgotável? Pensar positivo e ter sonhos, muitos sonhos! Assim que
realizava um, já partia para outro, e assim, de sonho em sonho, verdadeiros
milagres fazia acontecer. De um simples bloco de barro, surgiam esculturas
maravilhosas. Muitas delas estão espalhadas pela sua amada Piracicaba.
Dono de uma fé inabalável, herdada
da sua mãe, sabia que sempre conseguiria ajuda lá do alto.
Desde criança eu o via trabalhando,
sempre com um projeto na ponta da língua. Com a colaboração da tia Linda, que
fazia tachos imensos de cola de trigo, ele mesmo decorava o Teatro São José inteirinho
para os bailes de carnaval. Fazia máscaras gigantes de jornal picado misturado com
a cola. Depois, com a ajuda de outro tio, pintava as carrancas e as pendurava
pelo salão.
Ele não sonhava pequeno... Inquieto,
sonhava grande! Visionário, pensava além do seu tempo. Não queria um asilo, mas
sim uma Cidade Geriátrica. Conseguiu construí-la e tinha muito orgulho de dizer
que foi a primeira do Brasil. Construiu capelas, igrejas e mausoléus. Mas não
viu o seu mais novo sonho ser concretizado, o hotel em construção dentro da sua
Cidade Geriátrica.
Sua vida foi difícil, mas sempre
superou todos os obstáculos. Perdeu o pai ainda criança, e minha tia Antoninha,
sua mãe, se viu sozinha, com menos de trinta anos e quatro filhos para criar. E
o fez com muito amor e sabedoria, criando pessoas íntegras, honestas e batalhadoras.
O jovem franzino estudou muito, formou-se
engenheiro agrônomo e começou a trabalhar em várias frentes, mas nunca desistia
de um sonho. Lutava bravamente e não media esforços, até vê-lo realizado. E foi
crescendo como pessoa, e virou um gigante. Até na política ele foi atuante. Dificilmente
a lacuna que deixou será preenchida. Formou uma linda família com a Ana, com
quem teve quatro filhos e sete netos.
Cecílio, no prefácio do livro de Jairo,
lançado no início deste ano, o descreve
como um vulcão. Sim, uma perfeita definição. Um vulcão sempre prestes a entrar
em erupção, a colocar sua energia para fazer o bem, uma vontade indomável para
construir, inovar, gerenciar e combater o bom combate. E principalmente, ajudar
o próximo.
Tinha já uma certa idade, mas nem
pensava nisso, e nem se considerava idoso. Os velhinhos eram os outros, os que
precisavam de ajuda. Sua mente era jovem, sempre cheia de sonhos e a vida, era
de muita ação.
Ninguém é eterno, e cada um dura o
tempo necessário para cumprir sua missão, e isso ele fez com muita maestria e
bravura.
Vai primo querido, ao encontro dos
amados que já partiram. Deixará saudades, com certeza, mas também deixa como
herança, o exemplo de honestidade e muita garra, para seus descendentes e para
todos os piracicabanos.
Continue a edificar suas obras lá no
céu, pois as outras dimensões também precisam de gente vulcão que sonha, e
sonha e sonha...
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