Ivana Maria França de Negri
Aninhada na rede, Alice balançava...
Seus pensamentos iam e vinham no ritmo do balanço.
O sol, cansado de iluminar o dia, se
escondia no horizonte, tingindo-o de tons alaranjados e vermelhos.
Alice, num morno torpor, não
conseguia manter os olhos abertos. As pálpebras pesavam. O gatinho no seu colo,
há muito já se entregara aos braços de Morfeu.
Foi quando um som esquisito a
acordou. Um exército de pequenos seres estranhos a cercaram e o seu gato. O
animal deu um salto, como só os gatos sabem dar e se posicionou alerta, de
orelhas em pé.
Sua dona, ainda sonolenta,
perguntou: “quem são vocês e o que fazem aqui?”
“Levante-se Alice”, disse o que
parecia ser o chefe deles. “Não temos muito tempo, o planeta precisa ser salvo”.
A menina pensou ainda estar
sonhando, mas viu que estava no pior dos pesadelos...Desviou-se de uma nuvem
voraz de gafanhotos famintos que devoravam toda área verde ao seu redor. Viu também
milhares de pessoas sucumbindo a uma peste invisível sem que nenhum governante
pudesse fazer algo para salvá-los. Até
os mais importantes mandatários mostravam-se impotentes.
Erguia-se à sua frente uma nova
Torre de Babel, construída por destros e canhotos que não se entendiam.
Gritavam impropérios uns aos outros, cada qual dono da sua verdade. Estava um
caos, a turba selvagem alimentada por um único sentimento: o ódio.
Alice se perguntava naquele momento
como poderia ajudar aquelas criaturas que seguiam primitivos instintos. Elas
estavam cegas, viam tudo através das lentes deformadas de sua consciência
reduzida. Espíritos bestializados, pensou ela.
E para piorar o cenário apocalíptico
daquele melodrama planetário, aconteciam simultaneamente enchentes, secas, terremotos, furacões,
maremotos, vulcões dormentes acordavam e expeliam suas lavas incandescentes.
Sons estranhos vinham dos céus. O que mais faltava?
Foi quando viu uma gigantesca bola
de fogo se aproximando acelerada, tendo em seu trajeto o planeta Terra. Com a
força que aumentava, iria atingi-lo em cheio, e o impacto não deixaria sobrar
pedra sobre pedra E ela lembrou que era exatamente isso que diziam as sagradas escrituras.
Alice fechou os olhos. Não queria
testemunhar esse desastre, a destruição de um planeta tão lindo, a natureza maravilhosa,
rios e mares de tons azuis turquesa e verdes esmeralda, animais de tantas
formas e tamanhos. Como mudar esse destino?
Nesse momento crucial, os serzinhos voltam
com um bebê envolto em panos. “Ele é a salvação!” disseram. “Vai crescer e sua
palavra mágica vai magnetizar multidões, enternecer corações, os povos vão se
unir. E a paz reinará.”
E foi o que aconteceu. A aura do
planeta doente foi sarando, as intempéries se aquietando, a natureza se
acalmando, o vírus fez as malas e foi embora, e até o meteoro gigante resolveu
desviar sua rota. O bebê era tão frágil, mas ao mesmo tempo, muito poderoso! E
eles contaram a ela o nome desse poder: AMOR!
Alice acordou muito feliz! E dentro
dela, uma força poderosa nascia também. Ela acariciou o gatinho, que devolveu o
carinho com um sonoro rom rom.
E nada mais seria como antes...O
planeta estava salvo!
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