Lídia Sendin
Era manhã bem cedinho, ainda
madrugada, o jovem agricultor caminhava pela estrada de terra rumo à lavoura.
Algumas poças d’água, resultado da chuva da noite anterior, pontilhavam o chão.
Enquanto tentava se desviar dos
buracos ele percebeu que a lua se multiplicava a cada pequeno espelho molhado.
Suspirou e apoiado na enxada, pensava na lua cheia que emoldurou sua serenata
bruscamente interrompida pela chuva repentina e na janela rapidamente fechada
antes mesmo de o jovem poder se declarar.
Agora, esperando o sol, lá estava
ela, brilhando prateada e soberba a rir-se do malfadado projeto de conquista do
rapaz. A lua foi ficando pálida aos poucos e o cheiro da manhã, banhada pelos
primeiros raios de sol, já tomava conta do caminho.
Assim, sabendo que essa rotina
seria sua companheira por mais uma semana, antes de uma nova tentativa de
conquista, colocou a enxada no ombro e partiu para a roça, tendo como
companheira somente a esperança no coração sofredor, ansioso de que a semente
plantada no coração da amada germinasse mais rápida do que as sementes lançadas
na pequena roça de hortaliças.
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