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terça-feira, 27 de setembro de 2022

PLANTA QUE A DOR ESPANTA



Lídia Sendin

Era manhã bem cedinho, ainda madrugada, o jovem agricultor caminhava pela estrada de terra rumo à lavoura. Algumas poças d’água, resultado da chuva da noite anterior, pontilhavam o chão.

Enquanto tentava se desviar dos buracos ele percebeu que a lua se multiplicava a cada pequeno espelho molhado. Suspirou e apoiado na enxada, pensava na lua cheia que emoldurou sua serenata bruscamente interrompida pela chuva repentina e na janela rapidamente fechada antes mesmo de o jovem poder se declarar.

Agora, esperando o sol, lá estava ela, brilhando prateada e soberba a rir-se do malfadado projeto de conquista do rapaz. A lua foi ficando pálida aos poucos e o cheiro da manhã, banhada pelos primeiros raios de sol, já tomava conta do caminho.

Assim, sabendo que essa rotina seria sua companheira por mais uma semana, antes de uma nova tentativa de conquista, colocou a enxada no ombro e partiu para a roça, tendo como companheira somente a esperança no coração sofredor, ansioso de que a semente plantada no coração da amada germinasse mais rápida do que as sementes lançadas na pequena roça de hortaliças.

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