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Reunião na Biblioteca

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

APROVEITE A VIDA – “CARPE DIEM”


Plino Montagner

“Carpe diem, quam minimum credula postero”
(Colha o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã)

Reclamava um amigo que a vida é injusta e que sentia muita tristeza  pelos seus pais, que deram duro para um futuro melhor e não tiveram tempo de gozar das comodidades que o dinheiro lhes teria oferecido.
Essas melancolias assaltam a humanidade desde o início dos tempos. Horácio (Quintus Horatius Flacus), poeta lírico e satírico, filósofo da Roma Antiga (65 a.C.), em versos aconselhava sua amiga Leucone a viver uma vida intensamente.
Mas os pais do meu amigo, nem ele, leram Horácio ou Epicuro, e, se lessem não iriam obedecer aos ensinamentos. Desde as origens da humanidade os pais dão a vida para proteger os filhos, abstendo-se de coisas boas para prover a casa e a família, e com isso, vão se esquecendo de si até deixar esta vida sem ter aproveitado as oportunidades de serem felizes.
No filme Perfume de Mulher há uma cena maravilhosa anterior à dança do tango, quando o personagem Frank Slade, vivido por Al Pacino, tenta persuadir Donna, personagem vivida pela lindíssima Gabrielle Anwar, a dançar com ele o tango de Carlos Gardel, “Por uma Cabeza”.
- Não sei... estou esperando meu noivo.
- Quando tempo?
- Minutos...
Retrucou Frank:
- Ah! Algumas pessoas vivem uma vida inteira num minuto.
O diálogo que segue à dança continua inesquecível, com Charles, seu fiel e cúmplice acompanhante:
“O dia que paramos de admirar e de tentar fazer o que desejamos é o dia que morremos”.
É isso: sábio é aquele que usufrui intensamente das oportunidades e dos momentos, sem pensar muito no que o futuro reserva.
Horácio, que seguia a linha do epicurismo, não ficou sabendo que o homem, decorridos vinte e um séculos continua igual, continua esquecendo e ignorando que a vida é breve e a beleza perecível.
 Sendo a morte a única certeza o presente deve ser aproveitado antes que seja tarde, porque o amanhã é incerto.
Por isto, tolo é aquele que espera chegar o dia “certo” ou o “momento especial” para usar a roupa bonita, o sapato novo, abrir a garrafa do vinho raro ou declarar paixão a sua amada.
Viver o hoje sem pensar nas preocupações do amanhã, isto é o que vale. Sofrer antecipadamente é abrir portas à dor incerta.  Ao amanhã o amanhã pertence, e coisas ruins fazem parte da vida.
A humanidade vai mudar? Não muda. Pouco valem as experiências dos outros e as próprias, nem os conselhos dos sábios e a sabedoria dos filósofos, mas ninguém abdica de tentar.
O tema do filme “A Sociedade dos Poetas Mortos” também é revelador dos aforismos do “Carpe Diem”, relembrando aos jovens estudantes a brevidade da vida e vivê-la plenamente.
Esses axiomas foram retomados com firmeza pela literatura nos séculos XV e XVI, principalmente pelos romancistas do Renascimento, certamente para alertar o homem a não ser parcimonioso na hora de usufruir dos prazeres da vida e do coração.
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura...

Não sei não...

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