Plino Montagner
“Carpe diem,
quam minimum credula postero”
(Colha o dia de
hoje e confie o mínimo possível no amanhã)
Reclamava um
amigo que a vida é injusta e que sentia muita tristeza pelos seus pais, que deram duro para um futuro
melhor e não tiveram tempo de gozar das comodidades que o dinheiro lhes teria
oferecido.
Essas
melancolias assaltam a humanidade desde o início dos tempos. Horácio (Quintus
Horatius Flacus), poeta lírico e satírico, filósofo da Roma Antiga (65 a.C.), em
versos aconselhava sua amiga Leucone a viver uma vida intensamente.
Mas os pais do
meu amigo, nem ele, leram Horácio ou Epicuro, e, se lessem não iriam obedecer
aos ensinamentos. Desde as origens da humanidade os pais dão a vida para proteger
os filhos, abstendo-se de coisas boas para prover a casa e a família, e com
isso, vão se esquecendo de si até deixar esta vida sem ter aproveitado as
oportunidades de serem felizes.
No filme Perfume
de Mulher há uma cena maravilhosa anterior à dança do tango, quando o
personagem Frank Slade, vivido por Al Pacino, tenta persuadir Donna, personagem
vivida pela lindíssima Gabrielle Anwar, a dançar com ele o tango de Carlos
Gardel, “Por uma Cabeza”.
- Não sei... estou
esperando meu noivo.
- Quando tempo?
- Minutos...
Retrucou Frank:
- Ah! Algumas
pessoas vivem uma vida inteira num minuto.
O diálogo que segue
à dança continua inesquecível, com Charles, seu fiel e cúmplice acompanhante:
“O dia que
paramos de admirar e de tentar fazer o que desejamos é o dia que morremos”.
É isso: sábio é aquele
que usufrui intensamente das oportunidades e dos momentos, sem pensar muito no
que o futuro reserva.
Horácio, que seguia
a linha do epicurismo, não ficou sabendo que o homem, decorridos vinte e um
séculos continua igual, continua esquecendo e ignorando que a vida é breve e a
beleza perecível.
Sendo a morte a única certeza o presente deve
ser aproveitado antes que seja tarde, porque o amanhã é incerto.
Por isto, tolo é
aquele que espera chegar o dia “certo” ou o “momento especial” para usar a roupa
bonita, o sapato novo, abrir a garrafa do vinho raro ou declarar paixão a sua
amada.
Viver o hoje sem
pensar nas preocupações do amanhã, isto é o que vale. Sofrer antecipadamente é
abrir portas à dor incerta. Ao amanhã o
amanhã pertence, e coisas ruins fazem parte da vida.
A humanidade vai
mudar? Não muda. Pouco valem as experiências dos outros e as próprias, nem os
conselhos dos sábios e a sabedoria dos filósofos, mas
ninguém abdica de tentar.
O tema do filme “A
Sociedade dos Poetas Mortos” também é revelador dos aforismos do “Carpe Diem”,
relembrando aos jovens estudantes a brevidade da vida e vivê-la plenamente.
Esses axiomas foram
retomados com firmeza pela literatura nos séculos XV e XVI, principalmente pelos
romancistas do Renascimento, certamente para alertar o homem a não ser
parcimonioso na hora de usufruir dos prazeres da vida e do coração.
Água mole em
pedra dura, tanto bate até que fura...
Não sei não...
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