Pedro
Israel Novaes de Almeida
Poucos
reparam, mas 12 de outubro é também o dia do Engenheiro Agrônomo.
As atenções parecem voltadas às
crianças e N.S. Aparecida, homenageadas na mesma data. O comércio explode em
promoções voltadas ao público infantil, e devotos reverenciam a padroeira.
Não podendo competir em
popularidade, resta ao agrônomo alegrar crianças e aplaudir a Santa. O comércio
não faz campanhas voltadas à venda de botinas, nem lança games onde o objetivo
é a produção de alimentos.
Ninguém faz promessas nem paga
penitências ao agrônomo, que segue operando milagres pouco reconhecidos. Quando
a safra é boa, o milagroso foi São Pedro, mas quando a produção é pouca, o
culpado é o engenheiro.
Houve um tempo em que a humanidade
não comia flores, nem cuidava adequadamente do meio ambiente. Ninguém ousava
pesquisar a diferença de produtividade, animal e vegetal, segundo o tipo de
música que embala a criação ou área cultivada.
Hoje, carnes, leite e ovos são
analisados segundo o grau de conforto e bem estar vivido pelos animais, e a
composição de produtos de origem vegetal depende do stress vividos pelas
plantas. Aos poucos, surge a psiquiatria
agronômica.
Já não basta produzir alimentos em
quantidade. Os alimentos devem nutrir de maneira saudável, sem qualquer mácula
à natureza.
Se alguma lebre, pássaros ou
qualquer outro habitante do planeta resolver comer a plantação, o agrônomo é
forçado a conviver com o intruso, dando-lhe de comer, e ainda restar algum
produto para ser vendido. Muitas vezes, é forçado a deixar a água doce escorrer
para o oceano, enquanto morre de sede a plantação. O direito ambiental passa,
com razão, a integrar o currículo da agronomia.
Se grupamentos humanos invadem a
plantação ou criação, só uma ordem judicial pode determinar-lhes a saída, após
intermináveis negociações, enquanto plantas e animais padecem. O engenheiro tenta explicar aos radicais que
o eucalipto, soja, milho, capim e outros vegetais não possuem filiação
partidária, nem estão a serviço de interesses escusos de dominação. Acabam
especialistas em sociologia e comunicação rural.
Agricultura e pecuária deixaram de
ser compartimentos solitários e isolados da atividade humana, e hoje integram o
turbilhão de inovações, crenças e precauções da sociedade. A boa e farta
produção de alimentos ainda é o principal ingrediente da popularização de
governos e pacificação dos povos.
O agrônomo não possui o poder e
candura da Santa, nem a pureza das crianças,
mas compete com professores a irrisoriedade dos salários e desvalorização
da atividade. Enquanto professores enfrentam a pouca educação de alguns alunos,
com ou sem apoio oficial, aos agrônomos resta a adaptação e entendimento das
rebeldias da natureza, provenientes ou não da ação humana.
Doze de outubro é, de fato, uma data
especial.
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