(foto Del Rodrigues) |
Danilo Favarim
Para vocês entenderem o que estou passando, vou contar desde o início.
Nasci em 1986 na cidade de Piracicaba, e na mesma
cresci e vivo até hoje. Me recordo quando criança dos passeios que fazia na beira
do rio.
Todo mês de janeiro meu pai me levava para ver as enchentes ou o alto
volume de água. Achava lindo ver o rio cheio, e sempre gostei de ouvir
histórias.
Minha mãe, já falecida, nasceu e
cresceu na Rua do Porto e sempre me contava inúmeras histórias das mais
variadas, até uma trágica, que ela se emocionava em relatar, era sobre a morte
de seu pai (meu avô) que se afogou no rio ainda quando ela era uma criança. Fui
crescendo rodeado de contos, morei em um bairro da cidade onde todas as ruas
tem nomes de peixes, a minha se chamava rua dos Dourados.
Já adolescente me arriscava a nadar, pescar, e ia curtir noitadas na Rua do Porto.
Quando comecei
a namorar minha esposa, o nosso primeiro encontro foi na Ponte Pênsil. Me enchia de orgulho toda vez que minha cidade era citada na TV, pela beleza de
seu rio, por sua economia, pelo XV de Piracicaba, resumindo, simplesmente
aprendi a amar e me orgulhar dessa cidade do interior paulista com seu povo de sotaque
caipira e cheia de beleza e magia.
Quando viajo para outras cidades sinto
orgulho em dizer que sou piracicabano, porém hoje, eu vi o quanto realmente amo
esse lugar. Passei às margens do nosso rio Piracicaba e vi dezenas de pessoas
dentro do seu leito, que estava vazio, com mau cheiro e cheio de peixes mortos. Na hora me bateu uma baita de uma tristeza, que cheguei até a chorar. Com 27
anos de idade, nunca vi um período de estiagem tão longo e nem mesmo tão cruel
da maneira que está acontecendo com o Piracicaba.
A única coisa que quero neste
momento é o meu Rio de volta...
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