Plínio Montagner
Janeiro é mês
de driblar o calor das praias e de desarrumar malas.
Para as
crianças tudo é divertido - praia, montanha, hotel – e até a casa da avó, desde
que tenha TV, computador e chocolates. Uma leitura, Monteiro Lobato, só pra
variar, nem pensar.
Mas para as mães
que têm filhos em idade escolar o início de ano se torna um sufoco pela
inquietação das compras de material escolar. Primeiro são as pesquisas de
preços e os cuidados com as ciladas. Nem sempre tudo é encontrado no mesmo
lugar.
É uma loucura
cumprir direitinho os itens da lista.
No tempo dos
nossos pais e avós, nos primeiros dias de aula é que os professores das escolas
públicas davam aos alunos a lista do material. Comprava-se aos poucos. Hoje é bem
diferente. A lista de compras das escolas particulares é uma loucura. Os preços
dos livros são proibitivos. Vi a mãe de um aluno do 6º ano do Ensino Fundamental
pagar R$149,90 por uma gramática da língua portuguesa. Fico pensando como fazem
as famílias carentes. E outra, por que não cobram R$150,00 de uma vez?
Estou alienado
mesmo. Como pode um livro de literatura clássica, ou um best-seller, ser
vendido por R$39,90 e uma gramaticazinha custar tanto? Os políticos e editoras devem
ter algum motivo.
O padrão de atendimento nas livrarias não
alivia a agonia. Todos falam ao mesmo tempo, crianças choram, ar-condicionado
precário, ventiladores barulhentos.
Não há, na
maioria desses estabelecimentos, nenhuma cadeira, bancos, mesinhas, cafezinho,
água, banheiros limpos e providos de toalhas de papel, sabonete líquido,
álcool-gel – (acho que esqueci que já voltei de cidade de Gramado - RS).
Uns trinta
funcionários para vender e um ou dois para receber. Cáspite! É um acinte! E ninguém
aparece para ajudar com os pacotes e levar até o carro.
Comentando
essa odisséia a uma amiga que mora em New Jersey , Estados Unidos, ela me disse que nas
escolas americanas é bem diferente. Os alunos vão para a escola no início das
aulas sem levar nada. Todo o material está lá. O material fica na escola e é reusado
pelos alunos das séries anteriores. Por aqui vai para o lixo.
Quem compra e
paga os materiais eu não sei se é o governo ou a instituição, ou os pais mesmo,
pelos boletos das mensalidades.
O importante é
que por lá essa ansiedade não existe.
Eu senti na
pele esse problema. Entrei recentemente numa livraria pequena para comprar umas
pastas de guardar documentos. Loja lotada. Peguei a senha 18.
Idoso não tem mais
muita paciência de esperar; só quando o assunto for saúde. Aí não tem jeito.
Perguntei, só para zoar, se havia senha
preferencial.
A moça levou a
sério.
– O quê? Não
tem não.
Já estava meio
aborrecido, e nada do meu número na tela.
- Posso
ajudar? - Alguém me perguntou.
-Eu queria
umas...
-Pegou a senha?
- Já.
- Precisa
esperar.
O dono da loja
estava no caixa. Recebia pagamentos e ao mesmo tempo, de olho na loja. Fui
conversar com ele. Era um ex-professor que resolveu abrir uma loja de material
escolar.
Por fim, minha
vez chegou. Não tinham as ditas pastas.
Freguês sofre!!!
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