Se a felicidade
pudesse ser comprada, e fosse fácil, todo mundo entraria no céu para comprar.
Mas seria em vão porque a alegria se dissiparia rapidamente na busca de outros
desejos.
Na verdade, é
uma utopia o caminho da felicidade, e como querer chegar ao final do horizonte,
que ao chegar, vê-se outro, e depois outro, e assim por diante.
A felicidade
não aparece como um presente de aniversário, basta pedir. E não adianta
procurá-la. Ela vem sem hora marcada, como as tristezas e os tsunamis da vida.
O mais sensato
é aguardar. Felicidade é isso, ela chega sem avisar. E quando é breve e rápida
a gente nem percebe.
Há momentos
maravilhosos que não são aproveitados. Um conselho sábio é aproveitar a vida
enquanto se está bem.
O silêncio,
por exemplo, é algo que conforta, e não custa nada. O sorriso, gesto tão
simples, acalma. A delicadeza, um carinho, um abraço confortam. Um bilhetinho inesperado
- “eu te amo”, faz chorar. Um minuto de felicidade pode ser uma vida.
Ninguém é arauto
a defender ideias e definições, muito menos de felicidade. Muita gente não
percebe a diferença entre lar e casa, como escreveu o poeta, talvez Cruz e
Souza, não me lembro:
“Um lar é coisa que não se compra; pode-se
comprar uma casa, mas só uma mulher pode fazer dela um lar”.
Esse aforismo
ensina que a pessoa amada tanto pode remir pecados como instigar a arrependimentos.
O impulso da
posse, e do ter, deixam de ser perdulário quando a posse for um bem material
necessário e que custa as economias da vida. Nessas circunstâncias as pessoas
ficam perturbadas e confusas.
Um corretor de
imóveis contou-me que um cliente ganhou um apelido no primeiro dia que apareceu
na imobiliária para comprar uma casa. Deu uma canseira danada aos corretores. Não
havia explicação que o deixasse seguro. Não parava de retrucar: - E se o dono
não comparecer para assinar? E se a esposa se arrepender? E se o financiamento
não sair?
Era só esse “e
se..., e se,..., e se...”.
O apelido pegou
na hora: - Fulano, o “Essê” chegou.
Somos tentados
a gastar. É um comportamento atávico estimulado pelas ofertas de necessidades
inexistentes. Daí a máxima atribuída a Sêneca (56 -d.C.): “Nada será bastante para quem acha pouco o suficiente”.
Ninguém discordaria
também desta: “Os perdulários nunca serão
felizes, pois o pouco, que é suficiente, nunca será o muito, para a conquista
da felicidade.
Bens materiais
caros e supérfluos são as primeiras tolices que fazem os ricos emergentes que
ganham montanhas de dinheiro da noite para o dia. E depois, se os negócios
falirem, ou o corpo emperrar, ou a beleza esvair-se e o dinheiro acabar, o luxo
esnobe se transforma nas fantasias dos despojados.
É o tema da
fábula atribuída a Esopo, A Formiga e a Cigarra, recontada pelo francês La Fontaine (1621), embora
atualmente contaminada pelas paráfrases de humor.
Tudo se resume:
não somos nada, viemos do nada e vamos para o nada. E a felicidade se torna uma
coisa simples quando basta o que é necessário.
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