Ivana
Maria França de Negri
Ganhei
um caleidoscópio, que eu imaginava ser meu vitral particular. Só eu podia
espiar dentro dele. Girava-o de um lado, de outro, e ora formavam-se flores,
ora figuras geométricas ou o que minha imaginação ditasse. Eu gostava de pensar
que eram pedacinhos dos vitrais das igrejas colocados ali, só para mim.
Como
é bom ser criança e enxergar tudo sob lentes róseas! Ver figuras de bichos nas
nuvens, arco-íris no caldo da sopa, fixar os olhos na luz até a visão
turvar-se.
Quando
a gente cresce, enxerga o mar nos olhos do namorado, vê anjos nos semblantes
dos filhos pequenos, até que, finalmente, no final da vida, já quase cegos para
as coisas deste mundo, os olhos se voltam para nossa verdadeira essência, e a
gente aprende a ver a beleza da alma.
CulturAllMind
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