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quarta-feira, 1 de maio de 2013

A DIFERENÇA ENTRE OLHAR E VER



Ivana Maria França de Negri

              Quando eu era criança, ficava fascinada com os vitrais das igrejas, com suas cores, e com as imagens que pareciam mover-se. Encantava-me com brilho que a luz revelava ao atravessar os vidrinhos coloridos colados uns aos outros. Mergulhava naquele mundo de cores, naquela beleza toda e nem ouvia o sermão do padre...
            Ganhei um caleidoscópio, que eu imaginava ser meu vitral particular. Só eu podia espiar dentro dele. Girava-o de um lado, de outro, e ora formavam-se flores, ora figuras geométricas ou o que minha imaginação ditasse. Eu gostava de pensar que eram pedacinhos dos vitrais das igrejas colocados ali, só para mim.
            Como é bom ser criança e enxergar tudo sob lentes róseas! Ver figuras de bichos nas nuvens, arco-íris no caldo da sopa, fixar os olhos na luz até a visão turvar-se.
            Quando a gente cresce, enxerga o mar nos olhos do namorado, vê anjos nos semblantes dos filhos pequenos, até que, finalmente, no final da vida, já quase cegos para as coisas deste mundo, os olhos se voltam para nossa verdadeira essência, e a gente aprende a ver a beleza da alma.

CulturAllMind

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