Elda
Nympha Cobra Silveira
Querido
Armando.
Se
você me escrevesse, pelo menos uma vez, para saber se eu tenho algum
significado em sua vida, eu compreenderia. Espero o carteiro todos os dias na
porta da casa onde estou hospedada. Fico observando o jardim cheio de flores e
uma trepadeira azul salpicada de branco, que serpenteia pelas paredes de pedra,
em direção a janela do meu quarto fazendo a saudade apertar. Nos meus
pensamentos, nas minhas fantasias, imagino que você enfrentaria tudo e a todos
e ardendo de paixão por mim, seria essa trepadeira se esgueirando furtivamente
até a minha janela na ânsia de me tomar em seus braços. Na minha saudade, fico
imaginando como seria estar junto de você, ouvindo suas juras de amor e
usufruindo dos seus carinhos.
Detenho
meu olhar nas flores do jardim e o amor-perfeito se destaca dentre todas. Será
que o amor perfeito é aquele que dá sem receber nada em troca? Será amor
perfeito, amar em vão, sem reciprocidade entre nós? Será perfeito esse amor, eu
sempre enviar uma carta e nunca receber uma resposta sua?
Já
que é assim, deixe que eu pare de sofrer e coloque um basta nesse círculo
vicioso que tanto me atormenta, deixe que eu tente esquecê-lo, deixe que essa
carta seja a última que você receberá! Sei que não posso protelar por mais
tempo essa ansiedade, pois sei que depende de mim encarar a realidade e não
trocá-la por uma fantasia. Sei que tenho potencial e qualidades para despertar
o amor de alguém que me mereça e me valorize.
Seja
feliz, porque eu farei todo o possível para encontrar a minha felicidade!
Obrigada.
Rebecca
Assim,
fechou a carta e foi esperar o carteiro, que após alguns minutos, abriu o
portãozinho e adentrou o jardim, atravessando o caminho gramado e sobreposto de
lajotas, para depositar nas mãos dela uma carta, onde Rebecca, ansiosa, vê que
o nome do remetente é Armando...
...
e a derradeira carta, a carta de ruptura, que Rebecca escrevera com o coração
machucado, jaz numa gaveta escura!
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