Leda
Coletti
Vamos viver
por instantes o mundo do faz de conta?
Na verdade
todos nós tivemos (será que ainda não o temos?) um real e outro da nossa
imaginação, ou talvez, o do desejo de não ser apenas espectador, mas sim
participante.
Assim, quando
crianças, fazíamos de conta que éramos adultos, brincando de enfeitar com cacos
de louça nossas casas, (que nessa hora eram casas de verdade) representávamos
papéis de mãe, filha, comadre, vizinha etc.
Quantas vezes
contrariávamos nossos pais e nossos bons anjos da guarda, subindo em árvores
altas balançando em seus galhos, só para ter o gosto de imaginar que éramos
como os passarinhos. Nem ligávamos para os arranhões que ganhávamos, nem para
as manchas roxas que marcavam partes expostas do corpo, em consequência dos
tombos.
Como era
gostoso acompanhar a galinha que chocava os ovos no capão do mato! Quando
encontrávamos o ninho, parecia-nos ter encontrado um rico tesouro.
Deixando um
pouco de lado as saudosas lembranças, falemos um pouco dos nossos sonhos
atuais, os quais poderiam ser reais, se não houvesse o faz de conta, que
predomina única e exclusivamente, porque grande parcela da humanidade assim o
quer.
Seria tão bom
se as crianças marginalizadas tivessem um lar harmonioso, onde seus pais lhe
dessem amor e o essencial, para terem uma vida decente e digna.
Seria
maravilhoso se as nações não se digladiassem; que os orientais convivessem como
irmãos com os ocidentais e vice-versa; que os irmãos de sangue exercitassem a
lição do amor e do perdão...
Enfim, se a
ganância, a sede pelo poder cedesse o lugar para a concórdia e a paz, como o
mundo seria feliz!
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