Taça de Cristal
Leda Coletti
Saíam borbulhas da taça de champanhe e, por segundos, Tânia esqueceu o salão de festas onde se encontrava, os companheiros da mesa reunidos para o “reveillon”. Reviveu o passado.
Como a taça de cristal tão transparente, os momentos bons afloraram com muita nitidez. Talvez isso aconteceu, por terem sido tão poucos. Mas eram diferentes dos que jaziam no fundo da peça. Pareciam pesados e não se movimentaram. Trocou-a por outra e nesta só enxergou situações novas e agradáveis.
Acordou desse doce enlevo, quando alguém a chamou pelo nome. Assustou-se, quando sua colega sentada ao lado apontou-lhe o vestido novo, todo molhado. Entornara nele quase toda a bebida da taça. Não se importando muito com o ocorrido, volta sua atenção para o alvoroço da orquestra e a alegria de todos os presentes. Conta em voz alta com os demais, os minutos que restam para o raiar do novo ano.
Nos cumprimentos eufóricos dos participantes para saudar os primeiros minutos, dos trezentos e sessenta e cinco dias que aconteceriam , sobressaltou-se, quando o viu à frente.
Abraçaram-se. Não se lembra de tê-lo visto antes no clube, mas num relance, sua intuição feminina vislumbrou dias felizes no futuro. Selaram aquele inesquecível encontro, bebendo champanhe nas taças de cristal.
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