Cássio
Camilo Almeida de Negri
Incrustado na montanha estava o templo
budista, emoldurado pela neve no Butão.
Recém ingresso, o jovem aspirante a
monge, vestindo uma túnica ocre alaranjada, tentava meditar .
Com o pensamento borboleteante, sem conseguir o não pensar, pergunta ao mestre:
-Mestre, o que devo fazer para
conseguir fixar meu pensamento e meditar?
Responde o doge:
-Filho, para isso, pode pensar no que
quiser, nas piores coisas, só não pense
em um macaquinho de cara vermelha.
O tal macaquinho de cara vermelha de
repente tomou conta da mente do rapaz, que não conseguia pensar em mais nada a
não ser nisso.
Foi quando percebeu que, ao tentar lutar
contra esse pensamento mais força lhe dava e transformava o macaquinho em um
gorila.
Lembrou que durante o treino de artes
marciais, a técnica era não tentar barrar o golpe do adversário, pois quando se
dá um soco no rosto de alguém, a lei da ação e da reação fará com que o rosto
possa quebrar sua mão. O conselho é usar a energia do oponente contra ele
mesmo.
Procurou não brigar com seus pensamentos
e sim transformá-los, usando suas próprias energias. Então sua mente foi tomada
por pensamentos horríveis de que com um bastão de luta destruía todo o templo
quebrando as estátuas de Buda, os gongos, mesas, altares, rasgava as túnicas de
todos os monges deixando-os nus dentro do templo destruído.
Seus olhos negros dentro das pálpebras
puxadas da raça mongólica, deita lágrimas conclusivas de que não servia para
monge, pois não conseguia controlar seus pensamentos.
O mestre, percebendo e se inteirando do
ocorrido diz ao discípulo que ele havia descoberto como meditar, pois
destruindo todos os apegos encontraria finalmente o vazio dos pensamentos.
Então, sua mente aquietou-se como águia voando no silêncio do
céu.
O aprendiz usou a energia dos maus
pensamentos e imaginou que destruindo todos os apegos ficaria sem nada, vazio, nem mesmo a ser monge se apegaria .
Assim se descobriu...um monge!
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