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Reunião na Biblioteca

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Homenagens dos amigos do Poeta Irineu Volpato

 


Quando um poeta se vai...

Silvia Oliveira

 

Na verdade não apenas

se despede deste mundo

pois que todo seu legado

em palavras-sentimento

livros-filhos declamados

 restarão no mar profundo

de nossalma e nosso coração


 


REQUIEM A IRINEU VOLPATO

Andre Bueno Oliveira

 

            Um poeta de comportamento simples, não significando, porém, que seus versos se qualifiquem com o mesmo adjetivo.

            Foi um ferrenho garimpeiro das palavras. Poetizava suas ideias com metáforas,  que após lapidadas, se desdobravam em outras tantas, e que às vezes unidas entre si, deixavam muitos dicionários frustrados, irritados e envergonhados.

            Isso mesmo! Ele tinha capacidade,  audácia e ousadia de inovar palavras. Com isso, essa suposta estranheza ia se transformando em versos inteligentes, valorizados por muitos e negligenciados por poucos.

            Com toda propriedade de ser poeta, Irineu se beneficiou de um slogan latino, utilizado ainda na era em que viveu o poeta Horácio: “Poetae omnia licet”.          Traduzindo:  “Ao poeta tudo é lícito.”  (Horácio 65 a.C. -  8 a.C. )

              Irineu:  descanse em Paz





                                                                 Lira silenciada

 

João Baptista de Souza Negreiros Athayde

(in memoriam do poeta Irineu Volpato)

 

E de repente,  um silêncio estranho, sibilino

desdobra-se,   agiganta-se

E sem pedir licença  vai preenchendo todos os espaços

numa mistura de  angústia e perplexidade

Desse remoinho começa a despontar  uma dor

vinda de mansinho... em sutilezas...

...e vai ficando

(até que  o tempo possa transformá-la

no acalanto benfazejo da saudade).

...............

O poeta silenciou sua lira

e foi ouvir seus versos  ecoarem na eternidade.


O Bem-te-vi e o Poeta

Ivana Maria França de Negri

 

            Muito eu poderia escrever sobre o amigo Irineu. Sobre seus mais de 80 livros, ensaios, hinos, contos. Sobre suas poesias que tinham a marca inconfundível de um linguajar próprio, abusando das liberdades poéticas que escorriam  pelo papel, e suas fotos, que eram poemas visuais.

            Simples, às vezes rude até, italiano teimoso e birrento, mas que ocultava sob o peito um grande coração. Inventou de fazer poemantos, fotemas, motemas, e seu principal assunto era mesmo a roça, a terra, as aves livres voejando no céu. Não colocava título nos poemas, outra de suas marcas.

            Pois bem, no último dia quinze, sua alma passarinha alçou voo. Parentes e amigos estavam a velar o corpo enquanto o padre dava a derradeira bênção. Nesse instante de silêncio, despedida e dor,  ouviu-se um som estranho, vindo da janela do velório. Um bem-te-vi batia o biquinho com força e insistentemente no vidro, até o padre falou algo sobre o pássaro, que assim ficou até o final da bênção. Voejava, ia e voltava, batia o bico na vidraça, até que partiu.

            Todos os presentes que assistiram a cena se emocionaram, pois ele amava as aves, principalmente os bem-te-vis.

            Consegui captar a imagem da ave rapidamente com meu celular antes que partisse.

            Mistérios que põem a gente a pensar...


O poeta do bem-te-vi

Leia Paiva

 

Imersa em meus pensamentos

Revejo a cena da tua partida.

Imensa dor me invade no momento,

Não retenho as lágrimas contidas.

Em lembrar que na hora da tua despedida

Um bem-te-vi, com várias bicadas repetidas

 

Veio à janela, parecia que dizia:

O céu é teu lugar!

Lendo e relendo teus poemas

Preciosos livros que nos fazem vibrar,

Acordando nossos afetos, fazendo nossos corações pulsarem.

Trazendo à tona nossos sonhos e ideais, absorvi

Oh! Poeta do bem-te-vi, não dá para te esquecer jamais! 



E o poeta se foi...

Lidia Sendin

 

Pensei métrica

Pensei rimas

E em tudo que reanima

Pensei em arte e estética

Pensei em quem ri e em quem chora

Mas nem por um momento

Pensei nas garras do tempo

Que levou o poeta embora...




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