Plínio Montagner
Livro: O Estrangeiro
Autor: Albert Camus
Introdução: Jean-Paul Sartre
Editora - Livros do Brasil – Lisboa
Páginas: 226
Aquisição da obra: presente
Opinião
Era dez de julho de 1968 quando eu e
Nazareth comemorávamos onze meses de namoro. Ganhei dela “O Estrangeiro”, de
Albert Camus, uma obra bastante comentada pelos críticos e professores de
Filosofia e Política das universidades. Diziam os críticos que mal saiu a
primeira edição obteve a maior aceitação.
Confesso que várias vezes tentei a leitura
até o final; por incapacidade de entender a mensagem, desistia. Passados 45
anos, julho de 2013, uma tristeza bateu e retornei à leitura. Desta vez, com o
espírito maduro, li-o com avidez até o fim.
O Estrangeiro é uma obra que seduz. Embora seu conteúdo seja simples, uma exegese
mais apurada constata ampla complexidade de interpretação. Depois de lido,
sobra inesperada reflexão sobre as mensagens subliminares das
realidades transcendentes. Talvez seja o motivo de valorização de muitas artes:
por despertar a dúvida. E a dúvida incomoda.
O protagonista Mersauld anuncia algumas
frases fortes: “Quando não se pensa, o que incomoda ou que alegra deixa de
existir”.
“O homem é um nada, é impotente perante
as desgraças que presencia e por isso finge não as ver ou que não existem”.
Não é um livro de conhecimento ou de
informação. É arte literária que desperta curiosidade ou necessidade de treinar
o raciocínio metafísico.
Jean-Paul Sartre, nas primeiras páginas
da introdução do romance, arriscou que O Estrangeiro, depois de lido, nunca
mais seremos os mesmos. De qualquer modo Camus ilustra a obra que viria a
formular de filosofia existencialista, nesta frase:
“A vida é guiada pelo absurdo; não é
definida por forças divinas ou cósmicas”. Camus, talvez, desejasse expressar:
“A única chance de continuidade da
lucidez e respeito à individualidade está em recusar a imposição das ideologias
políticas e religiosas”.
A verdade é que tudo pode ser uma
alegoria da fatalidade que resulta em aceitar a vida como ela é - viver como se
vive.
Nenhum comentário:
Postar um comentário