José Faganello
“Somente a Arte, esculpindo a humana
mágoa./ Abranda as rochas rígidas, torna água/ Todo o fogo telúrico profundo/ E
reduz, sem que,no entanto, a desintegre,/ A condição de uma planície alegre,/ A
aspereza orográfica do mundo”. (Augusto dos Anjos “Monólogo de uma
sombra”)
Tive a oportunidade, em meus estudos,
de abordar as artes de várias épocas, desde a rupestre da pré-história até a de
nossos dias.
A abrangência deste vocábulo é
interminável. Tenho comigo, que a única arte que consegui me dar bem (não
muito) foi a Arte de Viver.
Sou um frustrado por não ter dado
prosseguimento às minhas aulas de piano e outra que admiro, mas jamais me
dediquei, é a arte culinária. Evidentemente invejo as artes plásticas, como a
pintura, escultura e arquitetura, mas quebro um galho na literatura com meus
artigos e fui um professor que até hoje meus alunos elogiam.
Richard Wagner, em Minha Vida,
escreveu: “Enquanto a arte grega expressou apenas o espírito de uma Nação
magnífica, a arte do futuro deverá expressar o espírito de pessoas
livres, sem considerar as fronteiras nacionais; o elemento nacional contido
nela não deve ser mais do que um ornamento, um encanto individual
acrescentado e nunca um limite onde se confine”.
A verdadeira arte consiste em captar
e nos relevar a realidade longe da qual vivemos, e nos afastarmos à medida que
aumentam a espessura e a impermeabilidade das noções convencionais, que se lhe
substituem; essa realidade de que corremos o risco de morrer sem conhecer, ou seja,
é a nossa vida, que em certo sentido está presente em todos os seres humanos, e
não apenas nos artistas.
A arte de viver não é percebida por
muitos, porque não atentam desvendar ou por nunca estarem contentes com o que
têm.
Sendo a arte interminável no tempo e
nossa vida curta, devemos saber que é pela arte que o homem se ultrapassa
definitivamente, como profetizou o poeta romano Horácio, com sua frase:
“Exegi monumentum aere perennius” ( Ergui um monumento mais duradouro que o
bronze). Os monumentos de bronze de Roma, com a invasão dos bárbaros foram
destruídos e sua poesia existe até hoje.
Millor Fernandes, frasista de mão
cheia, do qual fui admirador e confidente, em 1971, na Revista veja, ao opinar
sobre a arte contemporânea escreveu: “Inúmeros artistas contemporâneos não são
artistas e olhando bem, nem são contemporâneos”.
Estamos passando por um momento impar
e caótico em nossa História.O volume espantoso de corruptos e dos volumoso
desvios. do nosso erário, não está sendo tratado com a devida vontade de
punição, ante a demora exasperante de repor o que foi desviado e prender os
culpados.
Dar o ensejo para o Congresso
decidir, sobre o que o Ministério Público enviou é inacreditável, pois lá estão
muitos que são réus.
Nossa arte musical, devido a
incultura da maior parte do país, mesmo sendo de uma pobreza de dar vergonha, é
tocada toda hora nas rádios se Na TV.É uma questão controversa, dizem.
No Rio Grande do Sul o Santander
conseguiu levantar uma controvérsia apenas digna do momento em que vivemos
(governantes bandidos legislando em causa própria, bandidos dominando vastas
áreas até nas capitais e pornografia garatujada considera arte intocável).
Se Millor Fernandes ainda
estivesse entre nós repetiria :não são artistas, apenas indesejáveis
contemporâneos...
Os gregos e mesmo Michelangelo, além
de outros pintaram ou esculpiram nus artísticos, mas não pornográficos. Os
corpos retratados são belos e o que é belo deve ser difundido.
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