Luzia Stocco
Aquela que pega a enxada
Prega os panos
Revira os sonhos
Os sonhos, reavalia
É mãe, mulher
Arrimo de família
Larga o facão
Pra parir mais um varão
É casta, vadia
Quando vai à caça
Não disfarça, cria
Varre, passa, limpa, cozinha
Limpa, varre, esfrega, passa
Sem passatempo
O tempo a espera!
Dirige o caminhão
Sobe às montanhas
Escapa da solidão
Canta, dança, nada, corre
Pra pegar o trem das nove
Em novembro, tem casamento
Acorda de madrugada
Que é onde começa o dia
As estrelas no céu
São sua companhia
Nas noites frias
Não se confessa
Abranda seu coração
Ria, mas chora quando parte um filho
seu
Destemida
Teme a guerra
Já foi rainha
Em outra existência aqui
Foi vassala, fiel
Delicada e charmosa
É ela mulher gentil
Que proclama
Aos quatro cantos
Que se ama, com razão
Enfrenta mil gigantes
Pra cair aos pés de um anão
Quem é esta mulher
Que lhes conto, então?
Podem me indagar, curiosos
Eu não entrego o nome
Pois nascida das estrelas
Gerada por sua mãe
Aquela que pega a enxada...
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