Elda Nympha Cobra Silveira
Recebemos vários e-mails sobre
alimentação e um deles recomendando comer alfafa, outro indica, vejam bem,
comer capim, também devemos comer milho. Fiquei pensando: deve ser para nos
igualar aos animais mesmo, para perdermos essa pose de animais superiores,
porque segundo as pessoas que amam os animais, estão nos comparando com eles,
mas só que inferiores a eles.Vejam bem:
o cão é fiel ao seu dono, guarda a casa e o perdigueiro leva o homem à
caça, o São Bernardo procura as pessoas perdidas na neve e há cães que
trabalham como detetives nos aeroportos, farejando as drogas talvez escondidas
dentro das malas ou no bolso dos passageiros. Há cães farejadores que ajudam a
procurar bandidos. Há também os acompanhantes de cegos. Muitas pessoas
solitárias e sem família têm um cão como seu amigo e companheiro, para passear,
ir as compras e preencher o espaço da
casa que se tornou vazio, com o passar dos anos. Vamos fazer um paralelo com os
humanos. Muitos homens e mulheres não são tão fiéis, porque talvez, a
fidelidade não lhes seja inerente.
Se colocarmos alguém vigiando nossa casa ou mesmo o quarteirão, ele usa seu apito
no começo da noite, mas depois é um silêncio total, porque naturalmente estará
dormindo. Já o cão de guarda não faz isso. Experimente se aproximar do portão
de qualquer casa, ele late e avança sobre o intruso. Se colocarem alguém para
procurar drogas num aeroporto é quase certo que esse homem não será da mesma
confiança. Como policial ele também não é mais confiável, disso temos certeza.
Se forem acompanhantes de cegos ou
pessoas solitárias, muitas vezes, são falhos e ingratos pois sempre abusam da
confiança neles depositada.
Certa vez, quando morava no Bairro Alto
-- gosto de dizer assim, não me acostumo com Cidade Alta,-- o portão da garagem
estava aberto e nosso cachorro escapou. Foi um alvoroço, porque a carroçinha
estava chegando. Ela iria levar o
cachorro ao canil da Prefeitura e a Lei
dizia que se os cães capturados não fossem procurados pelos donos dentro do
período de quatro dias, seriam
sacrificados. Desta forma se acreditava que não restariam mais cães pelas ruas
da cidade.
Como na época tinha uns sete anos de
idade, chorando, montei no cachorro, que era bem grande, à espera dos
homens que o viriam aprisionar. Nisso, minha família inteira já estava na rua e
minha mãe me protegendo clamou para os tais funcionários, que assim foram
embora. Por muito tempo passei a me
sentir uma heroína, pois os vizinhos não
falavam outra coisa.
Há muitas histórias sobre a fidelidade
dos cães como o conto japonês “Sempre ao seu lado” que se transformou num filme
americano emocionante estrelado por Richard Gere que fez o papel do professor da
universidade de Tókio, que adotou um filhote que chamou de Hachiko, tornando-se
grandes amigos. Todos os dias ele viajava para lecionar e o cão esperava que
ele voltasse na estação. Depois da morte
de seu dono Hachiko continuou a esperá-lo debaixo de qualquer tempo por dez
anos e ficou tão estimado pelo povo, que ganhou uma estátua. São exemplos como
esses que nos levam a comparar os
animais com os humanos, que são animais racionais, mas nem sempre têm essa
sensibilidade, e parece até que ela está
sendo abafada ou abolida pelo que se lê e se vê pelo mundo.
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