Alfredo Cyrino
Homem e carroça.
No lixo, a vida, reciclável.
Cansaço, desalento, persistência.
Não existe a opção de morte.
Cães seguindo dono,
lentamente, cabisbaixos.
Companhia, proteção, reciprocidade,
em suas esqueléticas fragilidades,
compartilhando água, refeições,
abrigos, descansos, corações,
alguns farrapos, muitas feridas,
sem maldizer tantas iniquidades,
há somente o hoje em suas vidas.
Em seus olhos, as dores caladas
dos destinos selados pela invisibilidade
aos olhares urbanos apressados.
Em seus passos, o rumo sempre incerto
pelas ruas da fé, ruas da sorte
que haverá de estar em cada lixo aberto,
pois não existe a opção de morte.
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