Pedro
Israel Novaes de Almeida
Parentes são conhecidos
compulsórios, não necessariamente amigos.
São pessoas com ancestrais comuns,
que podem apresentar interessantes semelhanças físicas e comportamentais. O parentesco é o primeiro e incerto parâmetro
de julgamento, por terceiros.
Sobrenomes famosos podem ser
indicativos de poder e virtude, ou pouco recato e respeito, a depender do
ancestral mais famoso. Parentes de santos são considerados naturalmente bons, e
parentes de milionários são instintivamente considerados ricos natos.
Existem características familiares
notáveis, como o tamanho do nariz, a altura, o timbre da voz, a afinação, e a
tendência à obesidade e calvície, a ponto dos antigos diagnosticarem, solenes :
-“É gente dos fulanos”.
É eterno o vínculo de parentesco,
que persiste mesmo quando une desafetos ou pessoas que natural e socialmente
jamais conviviriam. O vínculo familiar tende a despertar o mútuo sentimento de
preservação e sobrevivência. Dizem, maldosamente, que só a tradição familiar
pode explicar o elevado número de corintianos e palmeirenses.
Em animais e plantas, o parentesco é
indicativo de potencial e eficiência produtiva. Na adoção ou aquisição de cães,
é sempre útil conhecermos o
comportamento de pais e mães, quase sempre herdados pelas crias.
O parentesco costuma gerar
discórdias e inimizades profundas, quando ensejador de parcerias comerciais ou
negócios em geral. O vínculo familiar pressupõe comportamentos e confianças que
acabam não materializadas.
Não é raro a ruína do decantado
vínculo afetivo familiar, quando do trato de heranças. Atualmente, os bens são
doados em vida, acautelando os atritos em pleno velório. Conhecendo a natureza
humana, os doadores, cada vez mais, instituem cláusulas de usufruto.
Nos velórios de hoje, não raro com
várias viúvas, é marcante a presença de amigos, eventualmente parentes, e
credores. Devedores temem a memória familiar.
O núcleo familiar é a primeira
escola e a mais marcante fonte de virtudes e defeitos. O parentesco tem suas
influências, mas é normal a existência de filhos bandidos, de pais santos, e
filhos santos, de pais inomináveis.
Outrora, o parentesco parecia
imputar maior responsabilidade no amparo à velhice e o respeito aos ancestrais
era mais cumprido, quando procedente. Avós e avôs uniam parentes, e suas faltas
normalmente geram dispersões e poucas convivências.
Políticos menores valorizam tanto o
parentesco que foi necessária a edição de leis que vedam a contratação de
parentes, para que as administrações não acabassem transformadas em grandes e
unidas famílias.
Famílias, queiram ou não, são sempre
submetidas à pendular oscilação de status, materializada no secular e acertado
dito, que antevê “pai rico, filho nobre e neto pobre”. Dizem os estudiosos e
ocultistas que inimigos cósmicos são fadados ao nascimento sob o mesmo teto.
Tomara que não seja verdade !
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