Plinio Montagner
Nazareth, a vida não é justa mesmo.
Tantos sonhos, lugares a conhecer, viagens, tantos abraços a serem dados, mas
não deu tempo. E agora, tormentosa, sem sua doce presença, a vida continua.
Algumas viagens fizemos, é verdade, fomos a
muitas festas, muitos boleros dançamos.
Relendo seus caderninhos de anotações de
viagens você me fez lembrar os lugares que visitamos, como aquele hotel em
Viena, com o piano de cauda que ousamos abri-lo, e você, tímida, e depois com
firmeza, nos brindou com o Concerto de Varsóvia. Depois, a surpresa, os
aplausos das pessoas que paravam para ouvi-la.
Divertimos muito em nossa vida;
brincamos até alguns carnavais. Mas não era hora de você partir, na melhor fase
da vida, do não fazer nada, do só nós, a realizar outras fantasias.
A vida é assim, é impossível se alcançar
tudo. Tinha muito mais saldo de créditos para viver do que eu. Você, que
cuidava tão bem de sua saúde e a de nossas queridas filhas. Como se não
bastasse, tinha tempo para mim.
A fé ensina que quem sai desta vida vai
para um lugar melhor. Não sei, tomara que seja assim mesmo. Quem sabe,
filosofando um pouco, se esse afastamento aconteceu para ser poupada de
assistir a outros infortúnios programados.
É isso, você desceu do vagão do trem da
vida contra sua vontade. Mas é isso, não se pede para nascer, nem para morrer.
Dão e tiram.
Querida, se não lhe havia agradecido,
nem pago o que lhe devia - com certeza fiquei devendo – revelo a Jesus, Maria e
José, que sempre você os evocava nas horas tristes, que você iluminou nossa
existência, que fez nossa vida mais esplendorosa, deu-nos paz, harmonia,
alegria. O mérito desse legado é todo seu.
Ah, esses mistérios da fé, da vida e da
morte. Querem saber? Não me interessam, entendê-los é o tipo de tarefa para a
qual ninguém se sente preparado.
Um fato ficará em minha memória. No dia
do Natal, na UTI do hospital, você falou baixinho: “Plinio, amor de minha vida”
– frase que pronunciamos um ao outro durante 45 anos de casados.
Uma amiga me disse que não devo chorar
por você ir embora, mas agradecer-lhe pela convivência harmoniosa, pelas
alegrias que nos deu - e por você ter existido.
Obrigado, meu amor, por ter me
escolhido, por ter cuidado de sua mamãe, de seu pai, de nossas queridas filhas
e netos, e de mim.
Lembrando você, quando pedia a Jesus,
Maria e José, para que lhe suavizassem sua enfermidade, agora eu lhes suplico: Cuidem
do meu amor!
Plinio – seu marido.
Um comentário:
Lindas e sensiveis palavras!
Querido amigo oculto e distante: lamento sua perda, compreendo sua dor e aplaudo com carinho seu amor!
Louvado seja Deus !
Dirce Ramos de Lima
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