Marisa Bueloni
Se os tempos são sombrios, existe um contraponto feito da coragem que brota em muitos corações. É preciso crer que ainda existem cidadãos de boa vontade, com força para construir um mundo mais humano e mais justo.
Encerrou-se parte do processo eleitoral de 2014 e, no segundo turno, iremos eleger a pessoa que irá governar o nosso país por mais quatro anos. Pode ser que não seja o seu candidato, tampouco o meu candidato. Paciência. O importante é a vitória da democracia. O direito de refletir, escolher e votar.
Temos assistido a muita violência e assalta-nos a sensação de desamparo, de abandono. Ficamos indignados com a falta de políticas públicas voltadas para a segurança. Contudo, a força da fé, da esperança e do amor fraternal entre homens e mulheres em torno de um mesmo ideal é um sonho a ser vivido e partilhado. A construção de uma sociedade justa, onde os direitos sejam respeitados, pode não ser mera utopia de quem apenas sonha.
Há muita luta quando se tem um sonho de justiça e todos nós deveríamos nos empenhar nesta tarefa nobre e da maior responsabilidade. Porém, não se pode esperar tudo do Estado. Bem ou mal, ele faz a sua parte, administra, faz cumprir as leis, trata dos assuntos que lhe são competentes. Há uma organização social e política à qual estamos integrados. Todos são iguais perante a lei e o indivíduo pode ser punido sempre que esta ordem é transgredida.
Nestes tempos atribulados, em que se luta contra tantos males, o homem voltou a sonhar com uma vida feita de mais simplicidade e mais pureza. Talvez o coração humano já tenha se cansado um pouco da abundância de tantos bens de consumo à sua disposição, voltando-se para interesses mais humanos, de ideais que se comprometam com a qualidade de vida, com a preservação do ambiente em que se vive. O material começa a dar lugar à espiritualidade e a um forte sentimento de amor à natureza.
Possa o espírito humano jamais perder a curiosidade, o ânimo e a coragem. Por mais sombrios os tempos se apresentem, a esperança deverá ser a arma com que lutaremos nesta guerra. Ninguém se alistou nela. Não há vontade alguma de conhecer as trincheiras destas batalhas infernais. No entanto, hoje, todo homem é um soldado de si mesmo. É preciso salvaguardar a vida, a honra, a paz, a fé.
Há guerras santas e limpas, como as que se travam em favor de uma sociedade onde reine a justiça e a igualdade de direitos. Trata-se de um revestimento que blinda a criatura humana, a ponto de ela resistir ao mais terrível dos ataques. Que nos seja colocada a couraça da justiça, o capacete da salvação, o cinturão da verdade, o escudo da fé e que se tome da espada do Espírito para se lutar como lutaram os santos de Deus.
Quem sabe, haverá um anúncio feliz sob as brumas escuras do medo e da inquietação. Existe, no silêncio das germinações, a alegria da esperança. É por ela que devemos lutar.
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