Pedro
Israel Novaes de Almeida
No
primeiro dia de maio, a humanidade festeja o trabalho, parada.
É
como se festejássemos o dia do alimento, em jejum. Grande parte dos homens enxerga o trabalho
como algo antagônico ao lazer, quase um mal necessário.
Na
antiguidade, as elites não incluíam o trabalho dentre as funções nobres a que
se dedicavam: caça, mando, guerra ou sacerdócio. O principal atributo das
elites, que as faziam invejadas, era o pouco trabalho.
Pobres,
ricos e remediados sempre concordaram em um ponto: o trabalho enobrece os
outros. Como a humanidade atravessou milênios e acabou sobrevivendo, é justo
afirmarmos que muita gente andou trabalhando.
As
conturbadas relações de trabalho pontuaram a história humana, e o processo civilizatório
fez sucumbir nossa mais funesta fase, da escravidão. Negros e povos vencidos em
guerras de conquistas foram, durante séculos, tratados como animais.
Os
índios, selvagens mas espertos, cuidaram logo de demonstrar que não se
prestavam ao trabalho forçado, e acabaram livres. Dizem as más línguas que a
escravidão, apesar das convicções, empenhos e humanismo de valorosos ativistas,
acabou em virtude de haver se transformado em um mau negócio.
A
duras penas, e muitas cotoveladas, conseguimos sair da jornada de treze horas
diárias para outra, de no máximo oito. A formalização do trabalho e o advento
de leis que protegem o trabalhador humanizaram o ambiente, e ainda há muito a
ser feito, no mister.
Uma
série de atividades, como a arte, criação e outras modalidades da virtude
humana foram intensamente valorizadas, ultrapassando o carcomido conceito de
que trabalhar é carregar pedras e cansar o corpo. A verdade é que o trabalho
possibilita nossa sobrevivência e progresso.
Politicamente,
as relações entre o capital e o trabalho geraram conturbações no contexto dos
povos, e ainda hoje contrapõem pensadores de todo o mundo. A verdade é que o
velho sonho de uma vida sem patrões ainda não foi realizado.
Trabalha-se
para empresários, parceiros, Estado ou para si próprio. Em alguns regimes,
trabalham todos para o Estado, à exceção de dirigentes e membros do partido,
não raro único. É tendencia mundial a humanização de todos os regimes.
Há
uma generalizada confusão entre trabalho, emprego e serviço. A maioria prefere
trabalhar em emprego que envolva pouco serviço.
A
automação do trabalho diminui o número de empregos, mas melhora o salário e o
ambiente das vagas que restam. A educação e a profissionalização são cada vez
mais exigidas e valorizadas, constituindo sua falta a principal limitação ao
desenvolvimento e progresso de muitos povos.
O
trabalho é, a um só tempo, direito e dever de todos, e cumpre valorizá-lo, por
mais humilde ou rústico que seja. O trabalho sociabiliza e educa.
Convém
parar por aqui, para que o leitor, ainda que a contragosto, possa retornar ao
trabalho.
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