Ângela Reyes
A ti mulher, que gerastes tantos e tantos filhos,
abrigando-os no teu seio.
A ti, cuja vida doaste na missão de mãe,
à tua imagem que os anos apagaram
e o eco da tua voz em canção de ninar,
pouco a pouco foi se apagando.
A ti dedico meus versos molhados de lágrimas.
Se jamais beijei as tuas mãos, nem andei segura do teu lado,
se toda a magia que envolve a palavra mãe
ficou presa, entalada em minha garganta,
hoje, de mulher para mulher, de mãe para mãe,
ofereço essa homenagem.
Abençoo teu ventre, teu óvulo fertilizado,
abençoo os seios que com amor me amamentaram,
abençoo a ternura dos teus braços nos meus primeiros anos
e os genes de fêmea que me legastes.
Guardo a tua única e fiel lembrança.
Estavas imobilizada, qual deusa adormecida em prolongada
letargia,
o mais doce dos sorrisos desenhado nos teus pálidos lábios.
Vi sem compreender quando te carregaram rodeada de flores,
você...a mais bela de todas, a mais pálida.
E regressaram sem ti, sem explicações, sem palavras.
Esperei dia a dia, noite a noite por tua voz, teu sorriso,
teu canto.
Foi o doloroso e profundo silêncio, cortando o ar,
e tua ausência interminável que me responderam com o passar
dos anos.
Não acostumei a te perder, sempre te senti ao meu lado
imortalizada como um ícone no altar da minha alma.
Hoje dedico-te esta homenagem porque tu, minha mãe,
és para mim a mulher especial, a única, a de sempre.
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