Plinio Montagner
Atribui-se ao
poeta cubano José Martí (1778/1850) a frase: “Há três coisas que um homem deve
fazer em sua vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro.”
É antiga essa
citação. Mas agora os tempos mudaram e as pessoas morrem de velho.
FAMÍLIA
Filhos? Não
basta tê-los, o que vale é o desempenho dos pais a vida toda. Fazer um filho
não é nada, é um breve contato. Filhos duram muito, a vida toda, deles e a dos
pais.
Na relação
familiar os pais ajudam a prole desde que nascem, e param quando não dá mais. É
um comportamento natural.
Então, pela
lógica, quando os pais envelhecem, ou ficam doentes, ou não podem mais cuidar
de si, seria natural que os filhos os ajudassem, como retribuição pela atenção e
cuidados que receberam.
Mas isso não
acontece sempre porque nas gerações passadas os filhos se davam melhor. Logo
que se formavam saíam de casa, arrumavam emprego e decolavam na vida. Ficavam
ricos, sábios e patrões, e em pouco tempo ultrapassavam os pais em conhecimento
e independência financeira E os velhos continuavam do mesmo jeito, mas felizes
pelos filhos.
Agora não
acontece isso com nossos descendentes. Os pais não param de ajudar seus filhos.
Por que não é
como antes? Será que antes a vida era mais fácil? Ou porque os pais eram
enérgicos? Ou o ensino era primoroso e os alunos ficavam mais bem preparados?
Porque foram abolidas as avaliações de aprendizagem? Os professores antigos
eram melhores? O ensino era seletivo e não democrático como agora? Ou porque a
ética não estava tão conspurcada?
A
democratização exagerada das universidades e a distribuição de vagas pelo
critério dos famigerados índices de cotas que subtrai vagas dos alunos melhores
deixaram o saber como café aguado. Hoje
a maioria dos jovens se esforça e não consegue nem se igualar aos pais.
LIVROS
Escrever um livro?
É tarefa difícil, e fácil. O papel aceita tudo. Qualquer um pode escrever. Mas
se o escritor for talentoso seu livro será lido prazerosamente.
A arte da
escrita anda um pouco banalizada, principalmente se o autor for uma
celebridade, como diz o comentarista esportivo Neto, da TV e Rádio Bandeirantes, “Hoje todo mundo joga bola”.
Em verdade os
valores da sociedade andam estremecidos. Pais e professores não sabem se devem preparar os
aprendizes para viver bem ou para se dar bem.
Escrever é algo
admirável e extenuante. É uma arte, precisa de talento. Em verdade, arte não é
coisa que se aprende. Ela transcende o homem comum. É capacidade inata. Um bom
livro dura gerações, faz bem às pessoas, instiga à reflexão e deixa os leitores
tristes quando a leitura termina.
ÁRVORES
Plantar uma
árvore é um ato de civilidade. É fácil seu plantio. Crianças fazem isso em dias
de festas escolares; os passarinhos e o vento também. As árvores são
maravilhosas. Nossa vida dela depende.
Dão sem olhar a quem, e não cobram nada.
Dão sombra, espaços
para aves e outros animais, material para construção de casas, frutos, e, têm
tudo a ver com o ar que respiramos.
Por isso elas devem
ser superprotegidas para que a burrice do homem não desnude o planeta.
Uma árvore
precisa ser plantada com planejamento e cuidada a vida toda, como filhos. Por
isso é que cortar ou podar uma árvore é bem diferente do que cortar bananeira
que já deu cacho.
Uma árvore é
plantada em local inadequado compromete a segurança das pessoas e bens
materiais. Solucionar o problema é difícil, dono é afrontado pelo excesso de
burocracia para conseguir a autorização. É provável que o requerente morra e a
árvore ficar lá.
Família,
filhos, netos, amigos, árvores, festas, animais, livros, trabalho, viagens, alegria,
amar, comer e beber, e boa saúde, disto é feito a vida: de momentos, lembrando
o poeta argentino Borges.-(Instantes).
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