por Sílvia Oliveira
“Esbanjo
de sentimentos, emoções e pensares, falas, criam eco...” (também) “em mim”,
Sarita (professora e poetisa de Bagé, RS) pois que os versos-motemas de Irineu
igualmente não me assombram como antes, há duas décadas quando nos conhecemos.
Olhos
meus, de ver e sentir seus dizeres são agora mais acostumados às suas
desconstruções linguísticas, aos seus movimentos repentes que combinam
sensações, culminando em sentimentos amplos no abrir de asa Volpatiano.
Começarei
do motema seu último: “bom de às vezes
se entregar a efêmeras loucuras descansando nosso senso verdadeiro”. E não é essa justa e “apenasmente” o trabalho
do escritor, desse poeta em especial - o de se entregar ao não usual e descansar-se
em senso de outras “verdades” ? O
sentido normal das palavras definitivamente não faz bem ao poema, aqui
lembrando as palavras do poeta Manoel de Barros. E Volpato significa isso a cada (re)lance de
sua obra.
A
regra de “scrivere breve” apresentada por Italo Calvino (em Lições
Americanas. Multiplicidade - p. 116-117) considera a idéia, a
feitura dos versos que se desprendem do temperamento de “escrever breve” pois
que essa estrutura permite ao poeta unir a concentração na invenção e na
expressão com o sentido da potencialidade infinita. Característica essa própria
deste poeta-pássaro.
Irineu
é meu “partner”, parceiro-parelho no livro bilíngüe “Humanity/Tessituras” que hoje apresentamos. Quando o convidei para não simples ou
propriamente traduzir meus versos ingleses para a língua nacional, mas que se
fizesse à vontade para que ele próprio se fizesse nesse trabalho, ao qual
chamou de “parelhamento”, não tinha a dimensão do que poderia se mostrar a
partir daí. Então seus versos foram
acontecendo, atingindo níveis fiéis - ora mais, ora menos - à ideia e imagem
originais dos poemas surgidos na língua inglesa. Desapeguei-me por completo das vezes em que o
poeta partiu num voo “solo” e o admirei por sua envergadura tão diferente
quanto similar à minha.
E aqui
nesta plumagem que nunca se faz derradeira pois o poeta permanece nas asas de
quem o lê, agradeço por compartilhar letras e sentimentos na amplidão do
universo pessoal e literário.
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