Luzia Stocco |
Acabei de ler o livro do piracicabano Niva
Miguel Além da Notícia e confesso,
ri bastante e emocionei-me também. Eis aí um ponto crucial para que eu admire
uma obra: o quanto sou tocada por ela!
Com prefácio de Elias Boaventura,
projeto gráfico de Emílio Moretti, editado em 2011 por Sulminas Gráfica e
Editora, 168 páginas, o escritor, jornalista, professor (mestre e doutor)
Oswaldo Miguel (o Niva) tem uma
trajetória de vida muito peculiar e rica de detalhes. De menino pobre e vida
sofrida na infância, estudou, lutou, se atreveu e venceu. Toda a sabedoria
transparece no humor das crônicas, na ousadia de vivenciar cada situação para
dar mais vida à sua reportagem, desafiando o medo e o desconhecido para ficar
juntinho dos entrevistados, sentir na pele e em todo o corpo o dia a dia dos
anônimos, provando que eles também fazem história; os sonhos e a sensibilidade
das pessoas mesmo em condições críticas como a experiência de dormir junto aos
moradores de rua e compartilhar a comida, o chão e as amarguras, sentindo o que
é ser ignorado e invisível (gostei muito dessa reportagem). Algumas das
aventuras de Niva: peregrinar até Pirapora; saltar de paraquedas; acompanhar a
patrulha; voar num trapézio; ser coveiro, servente de pedreiro e outras crônicas
além da notícia que, creiam, são incríveis! Humilde e sem arrogância, Niva
confessa seus receios, suas fragilidades e furos diante de certos desafios e
deixa fluir a emoção, o que torna as reportagens muito vívidas e instigantes
aos leitores. No capítulo “Meu Deus, que sufoco!” quando acompanhou ciclistas
de Piracicaba à Limeira, gargalhei muito com os comentários que ele vai
tecendo, falando a si mesmo de forma tão espontânea ...quando saí da garagem todo animado empurrando o “dinossauro” morri de
vergonha. Ele estava todo equipado, com uma bicicleta que mais parecia uma
“Mercedes...Nessa subida, Carlos Iwamoto, 22, o Japonês, também resolveu dar
uma força e começou a me empurrar. Que mico! Agora tinha um de cada lado” (p
73).
“Versátil, o autor afirma estilo próprio
de realidade e ficção. Seres desfilam em sua reportagem onde a notícia é a
própria vida”, afirma Emílio Moretti.
Ah, e obrigada, Niva, pelas dicas das
músicas que você ia ouvindo nas viagens de Piracicaba a Assis, onde leciona,
pesquisarei algumas delas pois me geraram curiosidade. Faltou aquela reportagem
que você fez quando acompanhou a procissão no personagem de festeiro ao lado do
meu personagem marinheiro, do Chapéu, do Carlos ABC e toda a turma na peça
“Lugar onde o Peixe Para”, do Grupo Andaime de Teatro Unimep, que está
completando 25 anos, tenho as fotos guardadas e a sua visão dos bastidores.
Alegro-me por ver aquele amigo curioso e competente, hoje também escritor e
ainda humano.
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