Leda Coletti
Ela foi do
tempo das Marias e seu nome também era Maria. Nem bonita, nem feia, alta,
magra, rosto oval e cabelos compridos, os quais, algumas vezes se transformavam
em bastas tranças; sempre trajando vestidos longos de cores sombrias.
Como na
história de Romeu e Julieta, teve um grande amor no passado. Nem sequer
experimentou as alegrias ou agruras de um casamento. (estas últimas, lamúrias
ouvidas de amigas casadas e frustradas).Sua vida se resumia aos cuidados dos
pais idosos e sobrinhos, filhos de irmãos casados. Esta era Maria, a que viveu
no século passado.
Neste início
de milênio não existem mais Marias; nem no nome, nem no modo de ser do dia a
dia. Foram substituídas pelas Anas, Claras, Patrícias, Marianas, Larissas, que
vivem num mundo diferente. Não apresentam amarras nas línguas, nos trajes e nos
relacionamentos sociais. São livres, mais espontâneas, muitas vezes até
irresponsáveis.
A quem
tiraria o chapéu?
Como
observadora, tiraria a todas, pois cada uma representa uma época. Nós agora, da
terceira idade, somos saudosistas e volta e meia temos a tentação de reviver
tempos áureos do que chamávamos anos dourados. Não irá acontecer o mesmo para
as gerações atuais?
Enquanto nós
temos saudades de uma serenata ao luar, de um baile romântico, sob a luz de
velas, quem duvida que as desse início de milênio, não se lembrarão e desejarão
reviver, os lanches nos shoppings, as fugidas dos olhos dos pais, para uma
noite de amor?
Mudaram-se os
meios ou os fins para se ter uma vida feliz?
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