Escritor e advogado Milton
Martins
Estou lendo “Raízes do Brasil” de Sérgio Buarque de Holanda, edição da
Companhia das Letras de 2004, com 220 páginas (a 1ª edição é de 1936).
Trata-se de uma obra que exige concentração mais apurada na leitura de
tal modo que se obtenha o preciso sentido dos conceitos emitidos pelo autor.
Creio mesmo que terei que fazer uma segunda leitura do livro – que ainda estou
lendo -, como preciso fazer de “Os Sertões” de Euclides – compromisso que estou
em débito.
A referência às raízes do Brasil, significa que o autor voltou aos
tempos da colonização portuguesa e bom que se diga que não é ele crítico na
medida em que afirma que não é (sempre) possível subestimar a “grandeza dos
esforços” de Portugal na exploração das novas terras, embora não nega que tudo
se fez “com desleixo e certo abandono”.
No livro ainda se descobre que nas terras paulistas a língua falada
era, predominantemente, a indígena segundo, entre outras fontes citadas pelo
autor, as observações do padre Antonio Vieira: “É certo que as famílias dos
portugueses e índios de São Paulo, estão tão ligadas hoje umas às outras, que
as mulheres e os filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que as
ditas famílias se fala é a dos índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender
à escola.”
Há um sentido crítico à “cordialidade” que sempre prevaleceu por aqui e
até hoje visitantes de outros países ressaltam essa característica brasileira
que nem sempre seria saudável naquilo que se chamam relações impessoais, isto
é, a do Estado político. A observação é minha trazendo esse aspecto para o
presente: o denominado mensalão não tem algo da permanência do “estado
cordial”?
Bem, paro por aqui. Há mais a ler, entender e desvendar na obra. Por
isso me obrigo, lida da primeira vez, daqui a um tempo relê-la.
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