Lìdia Sendin
Conta-se
que na Grécia antiga um pensador chamado *Diógenes
(400 a .C),
cansado da ignorância e falsidade dos homens e já desiludido com eles, resolveu
morar num barril para chamar a atenção para o estilo de vida bastante impróprio
e artificial dos homens gregos. Sua história mais conhecida é a de uma suposta
visita de Alexandre, o Grande, famoso conquistador, que querendo saber o que poderia fazer por ele, postou-se
em frente do barril que lhe servia de casa, ao que o sábio respondeu: “Pode sair da minha frente e parar de
obstruir o sol, não me tire o que você não pode me dar”.
Alexandre
apresentou-se tentando demagogicamente oferecer alguma vantagem, mas só
conseguiu tirar a única coisa que Diógenes tinha no momento, a luz do sol.
Há,
pois, que ter muito cuidado quando se tiram esperanças, ilusões ou fé já
consolidada de corações ansiosos, sem ter nada pra colocar no lugar. Tiramos a
imaginação, as brincadeiras da vida das crianças, tiramos a fé das almas e damos
a dureza do mercantilismo, trocando carinho por brinquedos e vendendo ao fiel
sua salvação, numa volta anacrônica às indulgências do passado.
Na
natureza, o homem sabe bem destruir, mas não é capaz de colocar nada semelhante
no lugar, obstruindo, tal qual Alexandre, o sol com poluição desmedida.
Está
muito difícil encontrarmos entre os homens de hoje alguém que revoltado com a
ignorância, a falsidade e a corrupção, descubra uma forma irreverente de
mostrar seu desagrado.
Também
é atribuída a esse mesmo Diógenes a procura pelo verdadeiro homem, para isso
ele andava pelas ruas com uma lamparina acesa, para espanto de todos, em pleno
dia. Pelo que se sabe ele nunca o encontrou... e a humanidade continua
procurando... Haja lamparina!
*Diógenes de Sínope (400 a .C a 324 a .C) escola filosófica do
cinismo, ou “Kynikos”, como um cão, segundo Stephen Law em Filosofia, pg 250.
Um comentário:
Parabéns LIDIA... um texto relevante. É verdade, nem mesmo os irreverentes estão encontrando uma forma de demonstrarem seu desagrado!
beijos
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